Exterior da Casa

Mas não podes. Relembrei-me a mim próprio. Não podia deixar Vane, nem por uma hora que fosse. E certamente não podia confiar na sua própria mãe para o fazer. Suspirei e entrei em casa.

Assim que o táxi parou, saí do veículo e com a ajuda do rapaz, trouxe as malas até à porta da casa. Agradeci e paguei-lhe. Depois virei-me e suspirei. Eu tinha mesmo decidido aquilo? Tinha mesmo decidido ficar com o bebé e cagar-me para o convento? É, parecia que sim.. mas sabia que tinha prometido muitas coisas à senhora.. pelo meio, tomar os meus medicamentos.. Abri a porta e arrastei as malas até à sala.

Tinha ficado ali, o resto da manhã com o bebé. O facto era, que tanto ele, como eu, já estávamos sujos de toda a terra que por ali havia e mesmo que não me agradasse, até tinha a sua piada. Puxei um boneco para o pé de Vane e mirei-o a abaná-lo.

Falei entretido durante uma boa meia-hora. Depois recebi outra chamada, outra rapariga só que não demorou tanto tempo. Aqueles telefonemas não me davam pica nenhuma, mas eventualmente um dia iam dar-me o bónus que queria.
- ..então adeus... - murmurei e desliguei logo de seguida. Depois olhei para o céu, a lua já tinha aparecido. Tudo em mim era desejo de me transformar.

Raios, não havia forma de confiar nela. Se era assim agora, imaginava quando dalí a dois dias estivesse lua cheia e eu não estivesse mesmo perto de casa. Ela ia-se embora e ia levar o meu filho com ela.
Andei ali à volta, na minha forma animal, à espera que ela quebrasse as nossas tréguas.

Assim que me apercebi que ele estava a rondar a casa, deixei o bebé no berço e fui até à minha mala. Peguei na minha shotgun e desci as escadas. Ele não esperava pela demora. - Tu não querias ir embora? Então vai embora! - revirei os olhos.

Ela achava que me metia medo com aquela porcaria? Por amor de deus, eu controlava o fogo! Rosnei.

- Vem cão, vem rosnar, vem.. - revirei os meus olhos e olhei para todos os lados. Apesar de escuro, a luz da casa, ainda iluminava qualquer coisa. E depois, eu ainda tinha o meu poder.

Pûs-me na forma humana - Ias quebrar a nossa trégua. Já percebi que palavras tuas não são de confiança.

- Que eu saiba, as nossas tréguas apenas implicam, suportar-nos.. - revirei os olhos. E dar a Vane, ambos os pais, pensei. Apontei a arma aos seus membros inferiores. - Ele é meu filho, eu posso levá-lo para onde quiser..

- São tréguas para nos darmos bem em prol do nosso filho e tu ias fugir com ele! - acusei num tom furioso - Não podes levá-lo para longe de mim.

Revirei os olhos. E ia mesmo fugir com ele. Se Drake saísse, fugiria mesmo. - Pois eu quero lá saber! Posso fazer isso, posso e posso!

Numa corrida rápida e nada humana, cheguei perto dela e desarmei-a, mandando a shotgun para o chão - Não podes, nem tens esse direito depois de estares quatro meses longe.

- Posso sim! E tenho o direito, de fazer o que quiser! - cerrei os punhos. Maldito fosse aquele lobo! Dei-lhe um pontapé no meio das pernas e empurrei-o.

Estúpida. Olhei-a muitíssimo zangado - Quem é que achas que és? Achas que dás conta do Vane sozinha? Achas?!

Revirei os olhos. Não valia a pena falar com aquele idiota de primeira categoria. Peguei na minha arma e dei meia volta. Entrei em casa e fui para o quarto. Ele que falasse para o boneco..

Estúpida. Como é que pudeste ser tão burro para te envolveras com ela? Tinhas melhor gosto antes, Graham. Voltei à minha forma humana e entrei na floresta que fiava em redor à minha casa.

Fiquei na forma animal até às tantas da madrugada, sempre perto da casa e pronto a intervir em qualquer coisa que acontecesse. Só não podia era estar em casa e ter de suportar aquela loira oxigenada sem de dar em louco.

Quando Vane se sentiu satisfeito, fui rapidamente buscar a sua mala e chamei um táxi por telefone. Aproveitei que Drake estava no quarto e rapidamente coloquei as coisas dentro daquele veículo. Depois entrei e pedi para sair dali.

Não me pronunciei no caminho até casa. Mantive-me calado, fechado nos meus pensamentos até chegarmos.

Quando saí do carro, fui logo buscar Vane. Dirigi-me até às escadas e mal as subi, surpreendi-me com um pequeno cesto.. arregalei imenso os olhos, quando me dei conta do que lá estava, quando vi lá dentro um bebé e um bilhete. - Drake.. hum.. vem cá, rápido..

lalalala

Nem para ouvir Alina eu tinha paciência. Entrei em casa quase a revirar os olhos - Qué' isto?!

Se não fosse aquele maldito tratado, já lhe tinha respondido, mal e porcamente. Baixei-me o suficiente para apanhar o bilhete e li-o atentamente. - Hum.. é a Ania, a filha da tua amada.. da tua Kimizinha.. - fiz uma careta. - Ela diz que desde que Jackson morreu, não sabe o que fazer com a bebé.. e como tu és um bicho, pimba, calhou-te a sorte grande! - ironizei.

Ela só podia estar a gozar comigo. Tirei-lhe o bilhete da mão e li-o mais do que uma vez - caraças, tenho de a encontrar - eu não ia ficar com o bebé de ninguém.

Encolhi os ombros. O que ele fazia, ou deixava de fazer com aquela bebé, não era da minha conta. - Pois, tu lá sabes.. a bebé não pode é ficar aqui na rua. - passei Vane para o seu colo e peguei na cadeira, levando-a lá para dentro.