Exterior da Casa

Não fora uma viagem muito grande e muito menos, faladora, social, o que fosse. Assim que o carro parou, tirei o cinto e saí do carro. - Xau.. - fechei a porta do carro e comecei a caminhar para a porta de entrada.

Fiquei parado no carro a observá-la. Entretanto acendera um cigarro. Não sabia o que devia fazer. Foi então que o seu tio apareceu.

Engoli em seco. Não queria de maneira nenhuma, que o meu tio me visse assim, logo assim.. Ele estava com má cara, mesmo muita má cara. E assim que olhou para Drake, pior ficou. O enfermeiro apareceu logo atrás dele. Dei uns passos atrás.. - Eu não vou para Lyon.. - murmurei e segundos depois, senti a sua mão contra a minha face.

Não consegui simplesmente ficar a ver aquela cena, mesmo depois de tudo aquilo que ela me fizera. Saí do carro e fui até lá e agarrei no braço do seu tio, antes que ele voltasse a repetir o sucedido.

O meu olhar virou-se para Drake e por momentos tive vontade de me ir embora dali, mas não o fiz. O homem era meu tio e por mais merda que me fizesse, não ia deixar de ser. - Pára Drake, por favor.. - encolhi os ombros.

Continuei a agarrar o punho do homem, que se debatia para soltar-se de mim. Começava a sentir a fúria em mim - Porquê?

Olhei para o chão e seguidamente para ele. Boa pergunta, porquê? - Porque.. porque é meu tio. - secalhar eu estava a ser estúpida e ele nem sequer poderia compreender. Acho que nem eu compreendia.

Nem olhei para ela. Larguei o seu tio e dei-lhe um ligeiro empurrão. Depois segui para o meu jipe e saí dalí

Suspirei. Entre empurrões e alguns gritos da parte do meu tio, lá entrei para casa. Não ia ficar ali na sala a ouvi-lo falar de estupidezes e do facto de me querer longe de Drake e sim caçadora. Apressei-me a ir para o meu quarto.

Cheguei a casa, assim que o sol se pôs. Deixei as chaves em cima da pequena mesinha da sala e sentei-me no sofá ao lado. Peguei no comando da televisão e liguei a mesma. O tempo foi passando, que acabei por adormecer.

Depois daquele triste acontecimento, na piscina antiga, resolvi voltar para casa. Estava frio e não queria me constipar ou ficar doente. Felizmente o meu tio tinha saído para aquelas suas caçadas de dias infinitos com a minha família, logo, era bom ficar em casa sozinha.
Coloquei a minha mala na entrada da casa e escrevi um bilhete, para o caso de o meu tio voltar e eu não estar mais lá.
No dia seguinte, saí bem cedo, direitinha ao aeroporto.

Estar dentro daquela casa, parecia impossível. Estava um calor! Um calor mesmo muito forte! Não sabia se aquilo era de mim, ou não, mas tive que ir até ao exterior da casa e sentar-me num dos bancos, para que tudo aquilo se aliviasse um pouco. Olhei para o céu. Tudo tão escuro e completamente estrelado. Era uma visão deveras linda e gratificante. Quando me senti novamente fresca e bem, levantei-me e entrei para dentro daquela casa.

Aquilo podia ser uma coisa estúpida de se fazer, mas eu tinha vindo mesmo para casa. Já há muito que não vinha ali. Talvez há um mês ou dois. Peguei na minha chave de casa e abri a porta. Steven tratou logo de correr até a mim. Acariciei o seu pêlo e fechei a porta atrás de mim.

Parei numa zona bem afastada da casa. Estava tudo um reboliço com o funeral, que ia decorrer ali, pelos vistos. Olhei para casa e tentei procurar por sinais de Alina. Sim, ela estava definitivamente ali, podia ouvir o som do seu coração, que já me era bem conhecido.

A casa estava decorada como sempre decorávamos, quando alguém da nossa família falecia. A última vez que isso acontecera, tivera sido o funeral dos meus pais e eu pouco me lembrava. Quando não aguentei mais, estar naquele sufoco constante, acabei por sair lá para fora. Sentei-me nas escadas e encostei a minha cabeça às dobradiças. Tirei da minha mala o pequeno revolver do meu tio.

A minha respiração parou assim que vi Alina... e mais tarde o revolver que ela segurara na mão. Não tinha como saber quais eram as suas ideias mas naquele momento não tinha plano nenhum. Era mesmo uma porcaria nesta coisa de alfa, nem conseguia proteger a minha alcateia de uma loira louca com um poder estranho. Merda.
Levantei-me da minha posição longínqua e saí dali.

Fora difícil mas fizera-o. Continuei em forma humana, apesar de tudo. Não sei era por ser alfa ou não, mas conseguia contactar telepaticamente com os lobos mesmo em humano, estivessem eles onde estivessem. Por agora estava tudo calmo.

Passaram-se três horas e continuava tudo calmo. Mantive-me acordado o tempo todo, apesar do cansaço e das dores causadas por aqueles caçadores. Mais deles viriam aí, tinha a certeza. Só não sabia quando, apesar de apostar que seria para breve. Voltei a entrar dentro de casa, indo procurar Alina e o bebé. Ia apenas ver se estava tudo bem.

Estar naquela casa já se estava a tornar bastante aborrecido. Já tinha ido passear, matar lobos, ir às compras, dormir e fazer uma data de coisas, tudo isso tivera o seu tempo e agora não arranjava mais nada para fazer. Saí para o alpendre e sentei-me nas escadas. Não sabia o que fazer mais..

Idiotice ou não, eu ficara preocupado com aquela repentina tempestade de forte intensidade. Afinal de contas, a minha casa ficava num sitio plano enquanto que a de Alina ficava no fim de uma encosta, estando mais susceptível a acidentes.
Bati à porta, estando a ser fustigado pelo vento e pela chuva. Dentro da gabardina trazia uma lanterna e algumas provisões.

Assim que ele parou o carro, tirei o cinto e sai do seu carro. Tinha ficado de mau humor. Olhei para aquela casa, dita, minha e procurei as chaves que eu tinha no bolso das calças. Caminhei lentamente até à porta e seguidamente entrei.

Saí apenas do carro para o caso de ela precisar de ajuda. Não se parecia tratar disso afinal.
- Precisas que entre? - Já denotara o seu mau humor e não queria aprofundá-lo - Gostava de falar contigo, pode ser aqui.

- Não obrigado, eu arranjo-me sozinha. - A casa estava totalmente escura, pelo que tive que acender a luz. Depois puxei as persianas para cima e desliguei a luz. Voltei lá para fora. - Ham.. tipo o quê?

Suspirei e fitei-a - Não sei como vai ser a partir de agora, contigo assim amnésica. Provavelmente ais começar a lembrares-te das coisas e vamos voltar a estar numa relação de ódio, como costumava ser - aproximei-me dela - O Vane já esteve em risco uma vez, não pode ficar outra vez. Temos de manter estas tréguas aconteça o que acontecer - murmurei e toquei suavemente na sua cara - Não me julgues novamente, não me odeies novamente só porque achas que o deves fazer. Tenta lembrar-te disto quando começares a descobrir as cosias por ti própria. - afaguei novamente a sua cara e caminhei de volta para o carro. Tivera de fazer um esforço para não a beijar caraças.