Exterior da Casa

Enrolei-me o mais que podia nele sem o magoar e mantive-o quente, já que a noite estava próxima e uma aragem fria já passava.

Suspirei. Eu não tinha mais nada que fazer ali, pelo que me levantei e pus-me a caminhar para dentro. Subi as escadas e fui para o quarto de lana.

Brinquei com o pequenote da maneira que podia, que era muito limitada. Tinha que ter muito cuidado com os meus movimentos para não o magoar.

A noite começava a aparecer e, com ela, a lua. Começava a ficar agitada e era um risco estar perto de Vane. Uivei para chamar Alina. Vane não pareceu assustado com o uivo.

Algo estava a acontecer novamente ao meu corpo. Consegui afastar-me de Vane, descendo depois do alpendre. Alina apareceu entretanto mas já não tinha como entender.... O meu corpo voltou à forma humana sem eu entender como e no segundo seguinte voltou à forma animal. Assim continuou, descontroladamente, fazendo-me gritar de dor sempre que acontecia.

Vane começou a chorar em alto e bom som. Apressei-me a pegá-lo ao colo e abraçá-lo com força, quando me apercebi do que estava a acontecer. Dei uns passos para trás e olhei para Drake, completamente de olhos arregalados.

Não conseguia parar e não fazia a mínima ideia do que se estava a passar nesta lua cheia, era surreal.

Eu não conseguia sair dali, estava completamente petrificada naquele sítio. Só voltei a mim, assim que Vane começou a berrar ainda mais. Tentei acalmá-lo, limpar as suas lágrimas e tentar cantar para o acalmar.. Mas afinal, o que é que se passava ali?!

Até que tudo parou e fiquei na forma humana. Só tive tempo de fitar a lua bem alta e cheia no céu e depois tudo ficou negro.

Vane acabou por se acalmar, mas não parou quieto nem um segundo, tentando a todo o custo, alcançar o pai. Assim que Drake voltou à sua forma humana e o vi naquele estado, segurei o bebé firmemente e corri até ele. - Drake! - gritei.

Enquanto estava desmaiado, surgiram imensos sons e imagens na minha cabeça. Chegou ao ponto em que nem eu próprio sabia o que fazer. Acordei com um grito, abrindo os olhos muito depressa e a respirar aceleradamente.

Sentei-me no chão e pousei Vane ao meu lado. Este, logo tratou de gatinhar para junto do pai. Olhei para Drake e assustei-me, mal ele gritou e abriu os olhos. - Estás bem?! Drake.. - Abanei-o um pouco e fi-lo olhar-me. . estava a começar a ficar assustada..

Por minutos fiquei somente a tentar acalmar a minha respiração - Afasta-te. Afasta o Vane. Não sei o que pode acontecer. Vai - pedi desesperado.

Abanei a cabeça e recusei-me a sair dali. Eu não o ia deixar ali, à mercê de uma lua de merda. - Não.. - peguei no bebé ao colo. - Vem lá para dentro.. - falei num tom calmo e ponderado. Suspirei. - Vai lá para dentro.. para o teu quarto.. - pedi.

- Não...posso...Alina - vociferei, sentindo o meu corpo tremer novamente - AFASTA-TE! - eu ia tranformar-me a qualquer momento.

Que merda.. porque é que aquilo tinha que acontecer numa altura daquelas?! Drake estava completamente estranho.. engoli em seco e peguei no bebé. - Eu vou.. mas se voltares a ficar humano.. e te sentires fraco para voltar para casa, chama por mim.. - levantei-me e saí dali.

Assim que ela se foi, aguentei mais uns segundos em forma humana e depois transformei-me novamente. Corri para a floresta, não queria estar por perto.

Parei na frente da casa e sentei-me nos degraus da escada. Sentia que ia desmaiar de um segundo para o outro, custava-me imenso manter-me de pé.

Estava curiosa por saber como estava Drake e já que não o tinha encontrado no quarto, supos que ainda tivesse lá fora.. Assim que abri a porta, dei-me de caras com ele e felizmente, já estava na sua forma.. hum.. normal (?).. é.. - Precisas de alguma coisa?! - acabei por perguntar.

Demorei algum tempo até olhar para Alina. Até a minha visão já estava desfocada - Podes ajudar-me a ir para o meu quarto?

Mordi o lábio e acenei com a cabeça em sinal de afirmação. Depois avancei até ele e ajudei-o a levantar-se e andar até ao seu quarto.

Durante o percurso todo até casa, ficara calada e não lhe perguntara nada. Ela parecia completamente diferente e não sabia porquê, naquele momento intimidava-me o suficiente para eu não lhe conseguir fazer nada.

Mal podia acreditar naquilo que via quando saí de casa. Era Alina...e Lissa. Parecia, pelo menos, a Lissa que devia estar morta há uns meses, já. Mas que raio é isto?

- Pareces surpreso.. - Lissa acabou por falar e eu apenas encolhi os ombros. Vi um grande sorriso aparecer nos seus lábios. - Isto parece estar calmo, por estes lado.. - olhou em redor e depois dirigiu o seu olhar a mim. Ainda não queria acreditar, que ela estava viva.. merda..

Eu estava evidentemente surpreso. Eu julgara-a morta.
- Tu....bem, hum, pensei que estavas morta. Depois de tudo aquilo... - se ela sobrevivera, porquê que não me dissera?!