Exterior da Casa

Fiquei surpreendido com aquilo - E porquê que eu haveria de acreditar em ti? Odeias-me de morte.

- E porque é que haveria eu de acreditar de ti? Tentaste-me matar.. - tentei sorrir cinicamente. - Simplesmente não sabemos o porque de acreditar um no outro..

- Foi uma acção recíproca - disse de olhos semi-.cerrados - Pois, acho que não há forma. Se eu tentar confiar em ti, saio lixado. Se tentares confiar em mim, provavelmente acontecerá o mesmo. Simplesmente estávamos mais do que habituados a lixarmos-nos um ao outro.

- Humrum.. - Abanei a cabeça, dando clara razão ao que ele dizia. Olhei para o bebé. Era por ele, que eu ainda não tinha dado um tiro nos miolos de Drake e bom, a minha vingança podia esperar.. ou podia simplesmente, dar um passo de cada vez. - Mas deixemo-nos de nos lixar.. uma pausa..

- O que raios é que te fizeram na igreja para agora dizeres isso? - cinco meses antes fora eu a pedir aquilo e ela negara com todas as suas palavras.

Podia ter feito um sorriso sacana, como há muito não o fazia, podia.. Mas, acabei por continuar com a mesma expressão no rosto. - Nada de mais.. - e eu quando dizia aquilo, não me referia mesmo ao que eu andara a fazer, naqueles quatro meses passados.

- Não acredito nisso - mas também não queria saber, não me importava.

Encolhi os ombros e encarei o chão por uns minutos. - Hum.. também não preciso que acredites.. - sorri abertamente. O que precisava agora, era ficar com Vane.

Revirei os olhos. Meu deus, faia-o sempre quando estava com ela - Whatever...

- Sim, é mesmo isso.. - revirei os olhos e mirei Vane. Não me importava o que Drake dizia. - Eu vou levá-lo comigo, quer gostes ou não..

Dei uns passos até ficar à sua frente - Não vais, não. Ele não é simplesmente algo que possas vir buscar e levar sempre que te apetece - e só agora é que o habituara a horários de sono e alimentação, por ordem do médico. Ou seja, coisas que ela não fazia a mínima ideia.

Inspirei fundo imensas vezes e tentei acalmar-me. Não vais dar-lhe ouvidos, não vais dar-lhe ouvidos, não vais dar-lhe.. - Ele é meu filho e isso basta. - respondi-lhe o mais calmo que consegui. - Eu quero ficar com ele.. pelo menos hoje..

- Então ficas aqui. Não vais levá-lo para longe de mim - respondi num tom convicto e decidido.

Suspirei. Se aquilo era a única maneira de ficar um tempo com Vane, então eu faria aquele sacrifício. Abanei a cabeça e olhei-o. - Está bem, então..

Partilhar a minha casa com ela durante um dia ia ser difícil mas faria esse esforço para a felicidade do meu filho.

Não me agradava de todo passar aquele dia com o Vane, dentro da sua casa e com a sua presença. Mesmo sem qualquer permissão da sua parte, caminhei até à casa e entrei na mesma.

Permaneci no exterior. Os meus sentidos estavam todos alerta e, caso ela fizesse qualquer coisa, eu entraria logo de seguida.

Há uns tempos atrás deixara de fumar e de beber. Neste momento, não era nada mau poder fazê-lo.

Um cigarro. Era mesmo isso que queria e estava a precisar. Suspirei e cerrei os punhos. Não queria estar ali parado sem fazer nada, nem queria ser apanhado desprevenido como na noite anterior.

Abanei a cabeça. Peguei no bebé e segui sempre atrás de Drake. Mal abriu o carro, coloquei o bebé na sua cadeirinha e sentei-me ao lado. - Ham.. vai.. hum.. vai demorar muito?! - perguntei.

- Porquê? Tens pressa de ir a algum sitio? - perguntei, pouco importado. Ia demorar o tempo que fosse preciso. Não era lá muito rápido no que tratava a fazer compras.

Encolhi os ombros e abanei negativamente com a cabeça. - Não, nada disso.. - só não queria ficar muito tempo fora daquela casa.

- Não sei quanto tempo demoramos. Talvez com a tua ajuda seja mais fácil e rápido - ou então precisamente o contrário. De qualquer das maneiras, arranquei o carro e fomos para o centro da cidade.

Ainda tinha coisas para tratar, mas sinceramente, não tinha paciência para tal. Amanhã, quando me fosse embora, resolveria isso. Assim que ele parou o carro, saí dali e entrei dentro da casa.

Olhei para o relógio antes de entrar a casa. Por momentos vi-me sozinho ali fora e mirei o limiar da floresta. Desde que ela se fora embora, nunca mais me transformara sem ser nas noites de lua cheia. E o desejo aumentava e aumentava.