Exterior da Casa

- Alina, está bem? O que se passa? - Perguntei aflito. Sabia que todos os lobos estavam a observar, sabia que Jackson ainda estava sob forma de lobo, sabia que nada daquilo podia ter acabado porém naquele momento só estava com atenção para uma coisa - Alina.

Tentei a acalmar o meu choro e mordi o lábio com força, para tal acontecer. - Doi-me a barriga e sinto-me extremamente assustada. - engoli em seco e respirei fundo. O meu corpo começou a tremer levemente. Agarrei-me um pouco mais a Drake.

- Tem calma, respira fundo - Disse num tom de voz calmo. Porém eu não estava nada calma, pelo contrário, não sabia o que se estava a passar e isso deixava-me nervoso - Estou aqui para te proteger. Consegues levantar-te?

Sentei-me o mais confortável que consegui e respirei fundo. Coloquei a mão na minha barriga. Felizmente não tinha acontecido nada, mas mesmo assim ainda me doia imenso a cabeça. - Humrum.. acho que sim. - olhei para Jackson. - Ele, ele está morto? - só esperava que não.

Suspirei de alivio por ela não estar assim tão mal - Então levanta-te e entre em casa. Deita-te e descansa, por favor - Disse com uma firmeza cansada. Poderia ela fazer aquilo que eu pedia, uma vez na vida?
Rosnei ligeiramente e olhei para trás. Jackson já se estava a recompor, apesar de pata provavelmente partida. Mas claro, Alina tinha de se preocupar com ele, só com ele - Não está morto nem perto disso, teve o que merecia - respondi friamente.

Agarrei-me à árvore que estava ali e tentei levantar-me. Ainda me custara imenso, mas lá conseguira. Respirei fundo. - Não o mates, por favor.. - pedi. - Ham.. e não morras, tu né.. - Comecei a caminhar para dentro de casa, o mais rápido que pude. Com a ajuda de Lissa, subi as escadas e subi para o quarto.

- Como se te importasses - respondi num tom cortante e virei costas, caminhando até junto dos outros lobos. Foi então que Jackson aproveitou a ocasião e correu ainda em lobo contra mim, que estava na forma humana. Só senti o meu corpo colidir no chão e a sua mandibula bem perto do meu pescoço.

Não tive tempo sequer para pensar. Era matar ou ser morto.
Fiz chamas aparecerem em nosso redor, bloqueando a visão aos outros lobos. Jackson assustou-se e recuou ligeiramente a mandíbula, porém as suas patas pisam o meu corpo, impossibilitando-me de respirar. Não me poderia transformar assim por isso tive de recorrer ao meu poder da água e sufocá-lo.

Assim que ele deu um passo atrás, levantei-me com algum esforço e transformei-me. O fogo desapareceu em nosso redor e atirei-me para cima dele, inserindo as minhas garras no seu dorso, fazendo-o ganir violentamente. Devias ter recuado, Jackson. Avisei-te, disse que para a próxima vez não sobreviverias. E eu podia matá-lo, ali e agora, e deste modo acabar com todos os meus problemas, provar à alcateia que estava à altura, provar a Jackson que não me podia matar nem fazer mal os meus. Podia matá-lo mas estava hesitante em fazê-lo, mesmo sabendo que ele se viraria contra mim e matar-me-ia sem sequer pestenejar.

Olhei para todos os sítios desorientado, sem saber o que fazer.
Acabei por sair de cima de Jackson. Ele já estava tão ferido que o seu corpo não aguentou e voltou à forma humana. Tinha o braço direito inchado e partido e a zona abdominal com mau aspecto, em sangue. Devia tê-lo magoado ainda mais, pensei. Rosnei e dirigi-me a todos os lobos que estavam ali. Atrevam-se a desfiar-me e acabarão pior do que ele. Estes jogos acabaram aqui e hoje, principalmente para ti Jackson. Esta foi a tua última oportunidade. Minutos depois voltei à minha forma humana e entrei em casa.

Ainda me estava a sentir profundamente alterado devido aos comprimidos e à dor de cabeça juntaram-se também náuseas. Mesmo assim não hesitei em tirar um cigarro do bolso das calças e acênde-lo.

O cigarro depressa acabou e à mesma velocidade acendi outro. Mantive-me a olhar para a lua, que já estava bem no cimo. Ultimamente os dias tinham passado muito rápido e eu tinha perdido a contagem por completo. Isso significava que... porra, deveria faltar pouco mais de uma semana para a bebé nascer e as coisas estavam nesta bela situação.

Estava descansado ali. Ou pelo menos tentava. A fase pior dos comprimidos começava agora - sentir-me complemente que nem chumbo: pesado e frio. Abanei a cabeça e tentei manter-me acordado.

Devia-me ir embora antes que Alina percebesse que eu ficara ali. Mas a sensação de perigo alarmou-me mal saí porta fora. Havia caçadores escondidos, algures, a observar. E nenhum outro lobo por perto.

O meu coração começou a bater mais depressa assim que vi um vulto fora de casa. Apressei-me a sair e a identificar alguém a levar Alina - Não! - Trasnformei-me nesse mesmo minuto e uivei, chamando assim os outros lobos.

Eu cada vez mais, me sentia assustada e pior fiquei, mal ouvi Drake uivar e o caçador a puxar-me com mais força. Tentei soltar-me, mas ele fazia questão em erguer um punhal contra as minhas costas. Continuei a andar, contrariada, totalmente contrariada, até aos caçadores que agora se mostravam. Consegui identificar toda a minha família. Os seus ares desiludidos e cheios de raiva.

Por enquanto eu via-me sozinho contra todas aquelas pessoas. Já contara pelos menos de caçadores. E eles tinham Alina... oh não, merda. De repente deixei de estar sozinho. Quatro lobos juntaram-se a meu lado: Jon, Lissa e dois desconhecidos. Estavam prontos para matar, tal como eu.

Passei pelos meus primos mais novos, até chegar ao meu tio. Mesmo estando frente a frente com ele, o caçador não me largava. Fiz um sorriso cínico e senti a minha cara a ferver. - És uma vergonha! - cuspiu-me aquelas palavras. Não me importei. Aliás, nada do que ele dizia me importav. Foi então que o vi fazer sinal. Olhei para o sítio que ele mirava e engoli em seco, assim que duas famílias aliadas, se juntaram à minha família.

Caramba, eles era mais do que vinte ao todo e nós éramos apenas quatro lobos. Desapareçam, ataquem por trás quando eles estiverem distraídos.
E tu? perguntou-me Jon.
Eu vou ser a distracção - disse e eles desapareceram. Não era um bom plano mas era o único que tinha de momento. Avancei determinadamente sobre aquele grupo de caçadores.

Eu não compreendia o porquê daquela decisão de Drake. O meu coração apertou-se quando vi atirar-se ao caçadores. O caçador que estava comigo, puxou-me para ele e obrigou a começar a caminhar para fora dali. O meu tio seguiu atrás de nós, com mais uns quantos grupos. - É hoje que te tiramos esse monstro e depois, vais voltar para Lyon! - gritou para mim.

Aproximei-me daquele grupinho. O tio dela estava logo à frente, ladeado por mais uns quantos. Voltei à minha forma humana - Já se esqueceu da minha promessa? Disse-lhe que o mataria quando voltasse a importunar-me.

A maioria virou-se para Drake, mas nunca deixando de ficar atentos. Engoli em seco. O punhal do caçador, enterrava-se um pouco mais nas minhas costas e gemi dolorosamente. - E já te esqueceste que eu posso tirar aqui e agora o bebé?! - baixei o olhar. - Mesmo que isso implique morrer às tuas mãos?!

Olhei nervosamente por segundos a Alina, que estava a unas de metros dali. Não saia o que estava a fazer. Havia mais de dez armas com balas de prata apontadas para mim.
- Não se lembra? Que pena mas eu bem o avisei. Hoje o senhor morrerá às minhas mãos, como tantos outros que aqui estão - estava bastante determinado a falar. Este dia seria eu ou ele, mas um de nós morreria.

Arregalei imenso os olhos ao ouvir as palavras de Drake. Apesar de tudo o meu tio não deixava de ser o meu tio e eu.. bom, eu não queria ver mais sangue, nem nenhuma batalha estúpida. Engoli em seco. Fui puxada para o pé do meu tio e senti o seu braço em volta do meu pescoço. - Antes de isso acontecer.. - apontou com o punhal para a minha barriga. Tentei soltar-me, mas o meu tio era muito mais forte que eu. Comecei a chorar, a entrar em pânico.. - Drake..

Tentei conter-me ao máximo. Mas ele estava mesmo a pedi-las - Largue-a - ordenei cerrando os punhos.