Lago

Vane começou a bater desenfreadamente as pernas - eh, campeão - disse a rir-me. Um dia ele daria um promissor nadador.

- Não achas que já estão aí.. à demasiado tempo?! - disse-o alto o suficiente para que ele ouvisse e me desse atenção. Eu sabia que ambos eram quentes que nem penicos, mas não exageremos, né..

Eu por mim estava bem e sabia que Vane só se estava divertir. Mas ela tinha razão. Já era tempo de sair antes que ele se constipasse. Saí de água com ele ao colo e tapei-o com uma toalha.

Puxei Vane para o meu colo e sequei-o com todo o cuidado. Enquanto o fazia, o pequenote só ria e remexia-se todo animado. Beijei a sua face. - Ele adora a água.. hem.. - ri-me.

- Pois adora - concordei com um ligeiro aceno de cabeça. Vane parecia adorar tudo o que fossem novas experiências.

Depois de lhe secar o corpinho, direcionei a toalha aos seus poucos cabelos e sequei-os. Puxei um boneco e coloquei-lhe nas mãos. Enquanto isso, fui procurar o biberão do pequenote.

Aproveitei a ocasião para tirar qualquer coisa do cesto da comida. Já tinha o estômago a roncar há algum tempo.

O leite não estava muito frio, mas mesmo assim tive receio que o pequenote o fosse recusar. Felizmente, assim não foi. Mal apanhou o biberão na boca, engoliu tudo muito rapidamente. Depois começou a brincar com ele.

- ele está a crescer tanto, de dia para dia - constatei com um sorriso. O pequeno tinha quase seis meses e já este tamanho!

Vane acabou por atirar o biberão para longe do seu corpo. - Pois está.. está-se a tornar num pequeno homenzinho. - ri-me. - E num grande traquinas!

- vamos estar lixados quando ele começar a andar - disse com uma gargalhada.

Pois era, nem me imaginara a vê-lo andar, sequer. Fiz uma careta e olhei para o bebé. - Nunca mais irá parar de correr e andar! - encolhi os ombros. - Ele é muito alegre.

- E vamos ter de andar sempre de olho nele. E pelo que vi, ele vai ser rápido - disse também - ainda bem que, apesar de tudo, ele consiga se feliz.

Passei as mãos pelos cabelos do pequeno e sorri abertamente. - Se vai ser rápido, vou deixar as correrias contigo. - ri-me. Vane parecia um miúdo mesmo muito feliz. Todo o seu olhar e o seu sorriso denunciava isso.

- Tinha de sobrar para mim - gozei divertido. Admirava a inocência de como Vane, ainda tão inconsciente do mundo em que vivia - sabes, nós podíamos dar-lhe uma infância normal...

Não me ri, apesar da vontade. Ele tinha toda a razão em querer dar uma infância normal e eu também queria. Abanei a cabeça, em sinal de concordância. - Podemos tentar. - sorri. - Apesar de eu não ser normal e tu muito menos, podemos mesmo tentar..

- Podemos tentar e sei que conseguimos, se não armarmos confusões um com o outro - disse. Eu queria tudo o que fizesse Vane feliz - e em relação a nós...

Aquilo seria um pouco difícil, dado que nós só arranjavamos confusões um com o outro. Mas era pelo o Vane, eu ia tentar. - O que foi?!

- Eu nunca tive os meus ais juntos - bom, eu nunca tivera os meus pais de todo - mas tu sabes o que isso é. Não achas que ele merece também?

Encolhi os ombros. Não era como se cinco anos, fossem o suficiente para saber o que era ter pais juntos, mas sempre os tivera. - Sim.. tens razão.

Eu estava disposto a fazê-lo por Vane. Ou pelo menos é o que admites para ti próprio, não é Graham? - então alinhas em nós, hum, tipo relacionamento?

Olhei-o de olhos arregalados. Eu supostamente não tinha ouvido bem ou então nem sequer percebido o que ele dissera. - Ham?! Relacionamento?

- Era a isso que eu me estava a referir... - disse, ficando parvo por realmente estar a dizer aquilo.

Continuava a não querer perceber o que ele dizia. - Tipo.. ham.. tipo coise?! Tipo namorados ou coisa assim?! Ou amigos?!

- Aquilo que achas que conseguimos. O que é que achas? - perguntei, de sobrolho erguido. Só sei que não me importava de acordar como hoje, daqui para a frente.