Quarto do Vane

Estava quase a adormecer quando Vane começou a chorar. Apressei-me a pegá-lo ao colo e a embalá-lo nos braços. Sabia que fora a raiva e a minha sem noção que me levara a deitá-lo ao chão e felizmente, nada lhe acontecera. Beijei a sua teste e coloquei-me deitada com ele, no sofá.

Durante a tarde Vane fizera uma daquelas birras descomunais. Só cm muito esforço e paciência é que o consegui acalmar.

Fechei a porta atrás de mim e fui-me sentar com o bebé no sofá que ali tinha. Peguei num dos meus vários livros e abri-o na primeira página. Era apenas uma história de crianças e apesar de o bebé ser ainda muito pequeno, para perceber o que quer que seja, eu ia adorar, pude contá-la. E aí veio o pensamento de.. e se eu não tivesse fugido naquele dia. E se eu tivesse estado presente. Se eu não passasse aqueles quatro meses no convento e sim com Vane. Eram tantos, mas tantos ses.. o problema era, já não havia nada, que pudesse fazer, para voltar atrás.

Vane fazia tudo, menos ouvir a história. Também não me importava muito. Eu via que ele estava alegre e a divertir-se bastante a tocar em todas as páginas daquele livro e a babá-las todas, também. Beijei o topo da sua cabeça e ri-me.

Raios, a porta estava fechada. Contive os meus modos e bati à porta.

Assim que ouvi a porta a bater, levantei-me e fui abri-la. Achei estranho. Eu não a trancara, apenas fechara-a. Assim que coloquei a mão na maçaneta, puxei-a com força.. Cocei o couro cabeludo. - Ham.. Drake.. - engoli em seco. - Eu.. eu acho que a porta encravou..

- Está bem... - disse, com os dentes ligeiramente cerrados. Não me ia chatear por causa disto - Está na hora dele comer - disse, abanando o biberão que tinha na mão.

Não sabia se ele realmente acreditara naquilo, mas era verdade. - Está bem.. - Peguei no biberão que ele tinha nas mãos e fui-me sentar novamente no sofá. Coloquei-o na boca do bebé e observei-o a beber o leite.

Entrei no quarto, indo até ao armário e escolhendo já algumas roupas para quando o pequeno fosse tomar banho.

Vane parecia bastante divertido e alegre, enquanto eu lhe dava o biberão. Assim que acabou, fi-lo arrotar e abracei-me ao seu corpo, depois de ele o fazer. Limpei a sua boca e beijei a sua face. - Toma.. - estendi-lhe o biberão.

Peguei no biberão e depois passei-lhe a fraldinha do bebé e a chucha - ele às vezes fica com sono, pode ser que seja preciso isto.

Abanei a cabeça e recebi aquelas coisas todas. - Sim, está bem.. - Coloquei-as no sofá e depois dei atenção ao bebé. Este olhava-me com um ar meio sonolento, mas mesmo assim, remexia-se bastante e mexia em todo o meu cabelo. Sentei-o no meu colo e coloquei-lhe a chucha.

Não tinha sido fácil impor os horários de sono em Vane nos últimos dois meses. Por esta hora da tarde ele normalmente dormia mas nesta tarde não tinha certeza se isso se seguiria.

Assim que vi o bebé a tentar meter o meu cabelo na boca, afastei-o das suas mãos e fiz uma careta. - Não faças isso, seu badalhoco.. - ri-me e beijei novamente a face do bebé.

Eu realmente não conseguia tolerar aquela cena. Peguei nas roupas de Vane e saí do quarto.

Encolhi os ombros quando Drake saiu dali para fora. Ainda fiquei alguns minutos a fazer brincadeiras com o bebé, até este começar a fazer um ar rezingão e aí tive que o fazer dormir. Foi fácil adormecê-lo até. Coloquei-o no seu berço e voltei a sentar-me no sofá.

Não aguentava. Simplesmente não aguentava ver Vane ali a dormir e eu aqui, sentada sem lhe puder tocar. Com cuidado, tirei-o do berço e fui-me deitar com ele no sofá. Beijei o topo da sua cabeça e tirei o meu telemóvel. Tirei-lhe uma foto. Iria precisar daquela imagem, se voltasse para o convento. Abracei-o com força.

Assim que o bebé acordou e por sinal bem animado, levantei-me e saí do quarto com ele. Mas antes, peguei num brinquedo dele e dei-lho. Percorri o corredor todo de um lado para ele e ouvi as suas gargalhadas.. tão doces..

Vane acabou por gatinhar pelo quarto todo. Eu só me ria com a sua figura. Estava todo babado e tinha babado todos os bonecos que tinha consigo. Puxei-o para o pé de mim e tentei limpá-lo.

Subi até ao quarto de Vane - Alina, vamos sair da casa - não saia se ela queria vestir alguma coisa ou não. Eu tinha - está pronta em quinze minutos, ok?

Olhei para ele completamente confusa? Sair da casa? - Ham? Sair, como assim, sair?! - perguntei.

- Sim, sair de casa. Tenho de ir ao supermercado e o Vane vem comigo. Pensei que talvez também queiras vir - respondi.

Ham, isso.. Fiz uma careta. Porque haveria de Vane ter que ir com ele? Foi então que pensei naquelas criaturas e abanei a cabeça. - Está bem.. - coloquei o bebé no berço e fui rapidamente ao quarto onde tinha a minha mala. Em poucos minutos fiquei pronta.

Voltei para o quarto assim que fiquei pronto também - Vamos no meu carro - disse e segui para o exterior.

Subi até ao quarto do pequeno e troquei-lhe a fralda. Depois vesti-lhe uma outra roupa. Uma mais confortável. Deitei-o no berço e fui buscar o coelho à minha mala. Pu-lo a seu lado e fiquei por ali a vê-lo adormecer.