Quarto da Lana

Assim que ouvi Drake a chamar-me, ignorei por completo. Não queria saber o que ele estava para ali a dizer e nem tinha paciência para lhe explicar o porquê de toda aquela arrumação. Acabei por acender o isqueiro e logo a seguir, por queimar o armário. Se não ia a bem, ia a mal, pensei comigo mesma.

Segui até ao quarto da Lana. Tinha a certeza que Alina ainda deveria estar a tentar remover o armário da frente. Senti de imediato o cheiro a gás - wolf thing - e apercebi-me daquilo que ela estava a tentar fazer - Estavas a tentar queimar o meu armário? - Perguntei, de sobrolho erguido. Que patético - Só com esse isqueiro pequeno? Acho que estás realmente a ficar maluca. - disse-o num tom sério.

Tive que revirar os olhos assim que ouvi as suas palavras. - E tu querias que eu tentasse queimar o teu armário com que isqueiro? - cruzei os braços ao peito. - Na tua cozinha não há nada maior que esta treta e já que tu não ajudas, então mais vale ficar mesmo maluca e queimar-to.

- Preferia que não tentasses queimar o meu armário, antes.
Respondi com desdém. Cheguei-me à frente e arrastei o móvel - Considera este o teu último favor, é de graça - Tirei a minha camisola e caminhei até ao meu quarto. Era tempo de fazer as malas e mudar de cidade.

- Como se eu precisasse realmente dos teus favores. - revirei os olhos e entrei na biblioteca. Guardei o diário do meu pai no meu bolso traseiro e tomei os meus medicamentos. Depois saí dali e fui em direcção ao seu quarto, saltitando.

Entrei pelo túnel e cheguei rapidamente à biblioteca. Fiz um amontoado de livros e peguei num. Arranquei uma folha e acendi-a com o isqueiro - as minhas mãozinhas deficientes também servem para isto - disse cinicamente, farto de fazer tudo à sua maneira. Agora era eu. Podai incendiar todos aqueles livros.

Olhei para ele assustada. Ele não era capaz de fazer aquilo, ou era?
- Não, os livros não! - fui até ele e empurrei-o. - Por favor, eu peço-te por tudo, não os queimes..

Arranquei outra página de outro livro e queimei-a também. Eu tinha movimentos rápidos para me esquivar dela - Tira aqueles cadáveres lá de cima e eu não queimo os livros - disse aproximando folha queimada perto do monte de livros.

Mordi o lábio com força.. Ele não podia queimar os livros, não quando eu dependia deles para encontrar o meu pai.
Dei meia volta e fui até à sala. Com a ajuda dos dois rapazes, tirei os cadáveres dali e depois voltei.
- Agora podes não queimá-los?

Pûs o fósforo no bolso das calças e atirei um dos livros para o chão.
- Assim está melhor. Custou muito?

Ignorei as suas palavras e fui buscar o livro que atirara para o chão, folheando. Ele tinha arrancado páginas dali. Limpei as lágrimas que se formaram nos meus olhos.. ouvi o bater do seu coração. Moderado, totalmente sincronizado. Hum.. Eu vi-o, eu imaginava-o a controcer-se, encolher-se e a parar todos os seus batimentos. Semicerrei os olhos e fi-lo.

please please pleaseeeeeeee *O*

Estava prestes a sair do carro quando senti um aperto no coração. Encolhi-me de dor e segurei-me à parede para não cair. Virei-me para trás e olhei para Alina. Era ela!

Pela primeira vez na minha vida, eu queria ver alguém morto. Necessitava daquilo.. Mas não podia matar Drake. Era errado e eu ainda tinha consciência do que fazia. Parei com aquela pressão estúpida e abanei a cabeça. - Desculpa. - murmurei baixinho.

Respirei profundamente assim que aquela dor parou. Rosnei de fúria e peguei em Alina, prendendo-a à parede bruscamente - Nunca mais me voltas a fazer essa merda, ouviste!?

Tentei soltar-me mas era em vão. Eu nunca iria ser mais forte do que quem quer que fosse.
- Tu não mandas em mim! Eu volto a fazer isso quando quiser e me bem apetecer!! - gritei-lhe.

Olhei para ela de um modo ameaçador. Estava tão fulo, tão tão fulo.
- Tenta e para a próxima vez o único cadáver que tirei desta casa será o teu.

Ri-me cinicamente e olhei-o nos olhos.
- Se alguma vez voltar a tentar, não vou parar..
Remexi-me e engoli em seco.
- Agora, deixa-me!

Eu não cedia a ameaças especialmente vindas de uma rapariga com a mentalidade de uma criança.
Soltei-a e subi diretamente para o meu quarto.

Mostrei-lhe a língua mal o vi se afastar. Arrumei todos os livros que estavam caídos no chão e depois tranquei a porta quando saí. Fui até à sala, sempre a saltitar e puxei Jackson para dentro do quarto. Fechei a porta e beijei os seus lábios. Lá por Drake ter-me posto de mau humor e totalmente irritada, não queria dizer que eu não me podia divertir. ^^
Nunca na minha vida eu pudera imaginar sentir tanto prazer.. descaí na cama e respirei fundo, tentando controlar a minha respiração. Depois de me acalmar, saí da cama e fui vestir as minhas cuecas, juntamente com a sua camisola. Atei o cabelo num rabo de cavalo. Depois desci até à cozinha, para comer qualquer coisa.

Abri a porta, não me importando se Jackson ainda permanecia lá ou não. Peguei na pequena chave que tinha no bolso e abri a porta que dava entrada à biblioteca. Eu nunca me devia ter distraído com aquele Drake e com aquela sua amiga. Procurei um livro e levei-o lá para fora. Procurei uma planta, algo que fosse vivo e abri o livro.

Era impossível falar com aquele rapaz. Ele compreendera até um certo ponto o facto de eu ser de uma família de caçadores, mas depois as coisas começaram a virar-se ao contrário e começamos a gritar um com o outro. Ele não era meu namorado, ele não me era nada. Saí daquele quarto, fula, chatiada, irritada tudo. Respondi à sms do Derek já nem pensando em que ele me viesse buscar. Segui rumo ao rio.

Entrei muito silenciosamente dentro daquele quarto. Com a chave que tinha no bolso, abri a porta da biblioteca e entrei lá para dentro. Abri a grande mala que trazia comigo e comecei a por todos os livros e coisas importantes dentro da mesma. Eu ir para o manicónio ia, mas antes ia tratar da vida de uma certa rapariga.. Continuei a arrumar as coisas.

Pelos vistos teria de me contentar com aquele quarto. Não importava, disse para mim. Pousei a minha mala em cima da cama e sentei-me no chão, virado para a janela. Olhei inexpressivamente para a paisagem lá fora.

Toda aquela sua atitude, intrigava-me bastante. Dirigi-me até ao quarto ao lado e bati à porta. Depois espreitei. - Posso?