Quarto do Vane

- Que óbvio? - ergui o sobrolho. Não havia óbvio nenhum. Ele era totalmente louco, era o que era. - Aquele em que não bates bem da cabeça?! Só pode..

Cerrei o maxilar e desviei o meu olhar do seu durante alguns segundos. Queria mesmo saber de onde viera aquele ódio todo - Ainda não entendi ao certo o que é que te fiz para me odiares tanto.

- Nasceste! - revirei os olhos. Mas ele era burro ou fazia-se de tal coisa? Ele matara o meu tio, era preciso mais?! - Mataste o meu tio, dããã..

- Então porquê que não me odeias desde o primeiro momento? Porquê que passaste imenso tempo colada a mim?! - Raios para ela. Raios para mim também - Isso foi há semanas atrás. Odeias-me desde muito antes disso.

- Porque.. porque.. porque tu és um estúpido! E pára de me fazer perguntas estúpidas! - cerrei o meu punho e resmunguei qualquer coisa. - Quero lá saber! Cala-te com isso!

- Perguntas estúpidas para as quais não tens repostas. Odeias-me sem fundamento .- era essa a minha reflexão .

- Sim claro, fica aí com a tua rica tese e blablablabla.. - torci os lábios e fiz um sorriso trocista. Ele era completamente.. hum.. é, estúpido, mesmo. Virei-me finalmente para o berço e olhei lá para dentro.

Raios, todo o tempo que passara com ela fora mesmo um desperdício de tempo, pelo vistos. Ela nem admitira para si própria!

Olhei Drake meio que de esguelha e revirei os olhos. Ele ia mesmo ficar ali? É, parecia que sim. Resolvi não me importar mais com a sua presença. Puxei o bebé pela sua roupa e seguidamente, puxei-o para cima do meu braço, colocando-o confortavelmente, no mesmo. Ele estava com um ar ensonado, mas, mesmo assim, não queria saber.

Interpûs-me ligeiramente em frente à porta. agora desconfiava a cem por cento dela e estava atento a todos os seus movimentos.

Fui-me sentar no chão com o bebé e seguidamente, coloquei-o junto ao meu corpo. Ele sismava em querer dormir e ficar por ali deitado, mas eu era bem mais teimosa que ele, pelo que o fiz ficar sentado. Vane fez uma careta feia e eu imitei-a. O seu ar de choro pouco me incomodava, logo passou, assim que puxei um brinquedo para si.

Aquele seu comportamento estava a deixar-me nervoso. Aliás, eu estava nervoso e impaciente, algo irritado e definitivamente à beira de deixar que o lobo em mim desse sinal de vida.

Puxei mais um ou dois bonecos para o pé do bebé e vi-o meter tudo à boca. Para quem há uns segundos atrás, estava cheio de sono, era realmente impressionante, toda a sua energia.. Voltei puxá-lo pra mim e beijei a sua bochecha.

Por momentos visualizei o meu telemovel e depois, usando o meu dom, acendi a vela aromática que estava no parapeito da janela.

Deixei o bebé por uns momentos e fui buscar a vela que Drake acendera. Depois aproximei-me dele e atira-lha para cima. - Vai acender essas porcarias para outro lado! - revirei os olhos e sentei-me, uma vez mais, ao pé do bebé.

Consegui apanhar a vela a tempo - A vela não estava a fazer mal nenhum. Aliás, o seu aroma tem acalmado o Vane nas últimas noites.

Não queria saber se ele acalmava o bebé, ou não. Aquele cheiro era horrível, não gostava, logo, Drake que se fosse fuder. Acabei por o ignorar.. - Gordinho.. - puxei a camisola do bebé para cima e juntei os meus lábios à sua barriguinha. Seguidamente, assoprei, ouvindo os seus gritos de alegria.

Limitei-me a revirar os olhos. Ela achava que sabia o que era melhor para ele, só ela? Cabra. Visualizei o que ela fazia a Vane. As suas ameaças eram vãs em relação a ele mas mesmo assim ia desconfiar sempre. Sabia que era uma tolice confiar em Alina Phillips.

Depois de mais uns minutos, puxei a sua camisolinha para baixo e puxei-o novamente para mim. Voltei a aproximar os bonecos e desta vez, em vez de os tentar colocar na boca, foi atirando-os para longe de si e rindo.

Em altura como esta, a minha ligação com o Vane tornava-se mais ténue. Não me agradava muito, mas sabia que era por ele se sentir feliz e menos assustado. Suspirei.

Vane acabou por se encostar ao meu corpo. Colocou o dedo na boca e ficou entretido com ele. Naquela altura, tirei uma chucha do bolso e coloquei-a na sua boquinha. Era também por aquilo, que eu queria ver o bebé.

A minha vontade de revirar os olhos a cada momento era cada vez maior. Decidi sair do quarto por uns minutos, estando atento a qualquer barulho estranho.

Mordi o lábio com força. Assim que ele saiu do quarto, apressei-me a levantar-me e segui até à porta. Tranquei-a, como era óbvio. Depois peguei em Vane e deitei-me com ele no sofá. Hoje ia ficar ali com ele, mas não diria isso, amanhã de manhã.

Acabei por adormecer agarrada ao bebé. Quando acordei, Vane ainda dormia e podia ver os primeiros raios de sol.. Levantei-me com cuidado e sorrateiramente, abri a porta. Segurei firmemente o bebé e espreitei lá para fora. Seguidamente, saí daquele quarto e desci as escadas.

Acabei por colocar o bebé no berço. Não me ia embora dali, sabendo o que a noite me poderia esperar, com Vane comigo. Sentei-me no sofá e abri o livro que há pouco estava a ler. Tinha a certeza que Drake ia arranjar uma solução qualquer para aquele seu problema. Ri-me, ao pensar naquilo.