Quarto do Drake

Relembrando a primeira mensagem :

Devíamos estar ambos em sintonia, já que eu também lhe queria perguntar uma coisa. Acariciei a sua face e olhei-o. - Pergunta..

Ela parecia ter entrado  no espírito romântico. Eu ainda estava alo reticente em fazê-lo. - Desculpa toda esta situação, seres loba. - Engoli a seco.

Tentei por-me no lugar dele, imensas vezes. Talvez, se tivesse na sua situação, faria o mesmo. Mordi o lábio com força, até este começar a sangrar. - Não te preocupes. Eu vingo-me quando te estiver a dar porrada. - tentei rir-me. - Não quero discutir, nem ficar neste clima horrível..

- Nem eu, Alina. Nem eu... - disse, suspirando. Ela já me dera uma quota parte de dor. Parecia justo, eu também já lhe tina causado dor. - E este clima faz mal ao Vane. Ele morreu de saudades tuas. 

- E eu dele.. - disse-o num tom meio acriançado e entrelacei os meus braços ao seu pescoço, apertando-o contra o meu corpo. - E tive imensas tuas, também. - e nem sabia como tinha aguentado aquilo tudo. - Prometo que nunca mais fujo. - beijei os seus lábios. - Prometo, mesmo..

Eu queria tanto, mas tanto acreditar na sua promessa. Respondi com um beijo lento e apaixonado.

Fiz com que as minhas mãos deslizassem até às suas e apertei-as com força. Rocei o meu nariz no seu. - Amo-te. - murmurei contra os seus lábios. - Hum.. aceitarias.. aceitarias.. usar algo da minha família?! Algo do meu pai, por exemplo?

Era tão bom ouvir aquilo novamente.
- Como assim? O que é que tens em mente?

Não queria de maneira nenhuma, sair dali, naquele preciso momento. Estava tão bem.. naquela cama, colada a ele. - Tipo alianças.. - não me queria casar, mas já que já fizéramos todo aquele ritual de parceiros, porque não, usar algo do tipo?!

Não esperava que ela quisesse usar alguma coisa dessas. A mim, não me fazia diferença.
- Se é o que tu queres, fá-lo-ei.

Ficava mesmo contente. Corri rapidamente até ao quarto de Lana e fui buscar a pequena caixinha vermelha, que tinha escondida numa das malas. Depois voltei. Rapidamente, coloquei-me em cima dele. - Tu tens os dedos grossos, o meu pai também tinha, deve-te servir. - fiz uma careta. - Estas alianças têm muita história sabes.. nada de a deixares cair pela sanita a baixo ou a a perderes. - ri-me.

- Vou tentar não o fazer - prometi com um sorriso. - deixa-me ajudar-te com isto - peguei no aro mais fino. Segurei a sua mão e, delicadamente, inseri o anel no seu dedo.

Olhei para a aliança colocada no meu dedo e sorri abertamente. Não ficava nada mal.. Peguei na outra aliança e coloquei-a no seu dedo. Acabámos por selar aquele momento, com um beijo. - Não te incomodas por ser de um caçador, pois não?!

Suspirei ao pensar naquilo. O meu orgulho não se importava contra aquilo - Antes de ser de um caçador é do teu pai, um homem que amas. Por isso não me importo.

Ele não sabia o quanto aquelas palavras me faziam feliz. Enchi a sua cara cheia de beijos, incluindo os seus lábios. - Obrigada amor.. - sorri abertamente e entrelacei os nossos dedos. Olhei para as alianças. - O meu pai era um bom homem.. - não me lembrava muito dele, mas toda a gente falava dele com um enorme orgulho. - Era dos poucos, da minha família, que só caçava criaturas com mau fundo.

Assenti curiosamente ao ouvir a sua explicação.
- Tenho pena que tenhas perdido os teus pais tão cedo.

Encolhi os ombros e suspirei. - Eu também. - tinha a certeza que seriam pais tão maravilhosos. Toda a gente gostava imenso deles.. - Supostamente sou parecida com a minha mãe.. o mais engraçado é que mal me lembro deles. - e aquilo deixava-me arrasada.

Acariciei a sua face - E talvez sejas... Não tens mesmo memórias nenhumas? - Já eu, pelo contrário conseguira pôr os meus dois pais debaixo da terra num instante.

- Só de algumas.. mas são muito vagas, poucas mesmo.. - suspirei. Eu tinha uns quatro ou cinco anos, quando os meus pais morreram. - O simples facto de serem caçadores, não dava muitas chances de estar com eles.

- Pelo menos tens alguma coisa. E sabes que foste feliz com eles.
Era muito mais do que eu alguma vez teria.
- Tenho a certeza que te amavam.

- Sim, acho que tens razão. - fiz um pequeno sorriso e beijei os seus lábios. Não gostava muito de falar daquele assunto, dos meus pais, mas naquele momento até que não me importara muito.

- Mas agora tens uma nova família e é isso que interessa.
Respondi com um sorriso, beijando-a.

- Tens toda a razão. Mas não sou só eu que tenho uma nova família. - olhei-o de um sorriso de orelha a orelha. Referia-me exactamente dele. - Tu também.

- Não, eu ganhei uma família. Nunca tinha tido uma antes - repliquei. Sim, tivera o meu avô e adorava-o mas só nós os dois não podia ser considerado uma familia.

- O teu avô era a tua família.. Ele podia ter cagado em ti, abandonado-te.. mas pelo que percebi, fez exactamente o contrário. Cuidou de ti. - fiz uma careta. Mas não queria falar muito disso. Sabia como ele ficava, quando se falava no avô.

- Eu sei. Ele foi tudo para mim mas não era a mesma coisa. Éramos dois companheiros.
Engoli a seco ao relembrar-me do meu avô.