Quarto do Drake

Relembrando a primeira mensagem :

Devíamos estar ambos em sintonia, já que eu também lhe queria perguntar uma coisa. Acariciei a sua face e olhei-o. - Pergunta..

Fizera primeiro as malas de Vane e só depois as minhas. No total, não eram mais do que três malas. Ia ser uma viagem de curta duração.

Coloquei o bebé deitado no seu berço e depois fui até ao quarto de Lana, fazer a minha mala. Apenas uma, já que não trazia muita roupa e eram mais livros e objetos, que isso. Depois fui para o quarto e atirei-me para cima da cama. Mal de mim, foi que esta descaíu-se toda. - Oh, boa.. - murmurei e revirei os olhos.

Ri-me com o que se sucedera - Devíamos arranjar uma cama nova, mais forte. Bem que vamos precisar...

Virei-me para ele fiz uma careta. Uma cama nova? Duvidava muito que uma cama nova fosse solução. - Para quê? Para depois estares sempre a ouvir o chiar dela, enquanto nos comemos, é? - se bem que se isso acontecesse, até seria interessante.

- O chiar da cama até consegue ser divertido - gozei - mas há camas mais resistentes que podemos comprar. 

Arrastei-me praticamente para dentro dos lençóis. - Vamos.. vou.. acabar por partir uma cama nova! - resmunguei. - Mas se quiseres comprar, compra!

- Também posso sempre fazê-la - apesar de saber como as fazer, já passava muito tempo desde que trabalhara alguma coisa em madeira.

- Hum.. não sabia que tu além de conseguires fazer imensas coisas boas, também sabes fazer camas. - Remexi-me por de baixo dos lençóis e mordi o lábio. - Talvez seja melhor deixarmos apenas o colchão e as mantas.. sempre não se partem.

- Sei trabalhar com a madeira. O meu avô e eu tínhamos esse hobbie quando eu era miúdo. Ele ensinou-me a fazer várias coisas - respondi - também é uma hipótese.

O seu avô ensinara-lhe muitas coisas, por sinal. O que me deixava ainda mais intrigada sobre a sua pessoa. Voltei a remexer-me na cama e fiz-lhe sinal para vir para o pé de mim.

Aproximei-me dela e acabei por me deitar a seu lado.
- O que foi?

Assim que se deitou, não perdi muito tempo e remexi-me até ficar sentada no seu colo. A cama do seu lado acabou por também discair, mas desta vez, pouco me importei. - Fala-me do teu avô.

Sorri para ela e acariciei a sua cara.
- Já te falei dele... bom, era o homem mais espectacular. Quer dizer, lobo. 

Abanei na a cabeça e puxei a sua outra mão, para a minha. Entrelacei os nossos dedos.
- Oh.. mas falaste muito pouco. - fiz uma careta. - Sabes de onde é que começou a cena do lobo, na tua família? Tipo.. se foi num bisavô e isso..

- É um bocadinho estranho falar dele - porque sentia um vazio enorme com a falta dele - Ele nunca falou muito comigo acerca dos genes de lobisomem. Nem mesmo na altura da mudança. Mas acho que remonta até umas quatro gerações antes do meu avô. São genes quase puros.

Ouvi atenta ao que ele dizia e seguidamente fiz uma careta.
- Isso são muitos lobos! - ri-me. - Mas vá, fala.. fala..

- Pois é... - mas no entanto, estava visto o número a que a minha família ficara. Apenas eu e Vane. - Que queres saber sobre o meu avô?  Na verdade, ele era conhecido por ser meu tio devido à aparência jovem, apesar de na altura ele ter oitenta anos. 

- Não sei, qualquer coisa.. eu não tenho sono, mas também não tenho vontade de fazer sexo, logo.. - encolhi os ombros. - Na foto que tu tinhas, não parecia assim tão jovem.

- Isso foi porque depois de eu concluir a mudança, ele iniciou o processo de envelhecimento. Sem parceira e comigo já crescido, pronto. Foi a vontade dele - e por isso ele morrera tão facilmente.

Fiz um ar confuso. Não tinha percebido o que ele queria dizer.
- Então.. ele podia escolher quando envelhecer?

- Todos nós, lobos, podemos fazê-lo depois de atingirmos uma certa idade - mas não queria dar-lhe ideias.

Pisquei os olhos imensas vezes. Aquilo tornava-se bastante interessante, a meu ver.
- Cool.. acho.. - cocei o couro cabeludo. - E como é que se faz isso? - não era como se eu fosse fazê-lo, mas nunca se sabe.

- Também não sei bem como se faz. Como te disse, o meu avô não foi grande fonte de informação para mim. Nunca soube porque- respondi.

- Bah.. isso é uma grande treta! - Revirei os olhos e deixei o meu corpo discair sobre o seu.  - Então, ele basicamente ensinou-te o quê?

- Sobre lobisomens? Muito pouco - Também tinha sido morto poucos meses depois da minha transformação - Mas tudo o que sei deve-se praticamente a ele. Foi ele quem me educou.