Quarto da Lana

Os meus lábios formam uma linha ténue de irritação. Não disse nada, limitei-me a ficar ali naquela posição.

Encolhi os ombros e suspirei. Não compreendia aquela sua atitude. Oras, ele não me gramava e no entanto, ele sugerira que eu ficasse ali? Não arredei pé dali. - Hum.. tens a certeza que me queres na tua casa? - ergui o sobrolho. - Estás bem?

Não tenho a certeza de nada. Encolhi os ombros - Quero-te protegida. Como te disse, carregas um bebé que é sangue do meu sangue - Ela teria de se contentar com aquela explicação pois eu não ia dizer mais nada.

- É só teu sobrinho. Não te precisas de responsabilizar tanto.. - abanei a cabeça. - Quem deveria de o fazer não o faz, por isso.. - fechei a porta e voltei para o quarto ao lado. Eu era uma estúpida, estúpida..

- Acontece que é um sobrinho sem pai e eu cresci sem um. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para que ele não passe por aquilo que eu passei - respondi determinado. Os meus olhos ganharam finalmente alguma vida. Só então me apercebi que já me tinha decido em relação aquele bebé. Espantei-me a mim próprio.

Podia ouvi-la chorar. Pensava que ela nem gostava assim tanto de Jackson. Talvez tivesse subestimando esses sentimentos. Uma parte de mim que era justo ela sentir-se assim depois de me ter feito perder Kim. O buraco vazio que tinha dentro do peito ainda permanecia doloroso. Acabei por adormecer ali, em pleno chão.
Levantei de manhã ao ouvir um estrondo vindo da sala.

Entrei para o quarto e procurei de imediato as minhas caixas de prozac. Tirei cinco comprimidos a tirei-os para entro a minha boca engolindo-os a seco. Nunca antes os tomara nesta quantidade, pelo menos seguia.
Mais tarde voltei a tomar mais dois e entretanto fora buscar a garrafa de vodka à sala. Às tantas desmaiei e caí no chão.

Eu bem que tentara dormir, mas fora totalmente impossível. Dera
inumeras voltas na cama, mas nada. Tirei os meus sapatos, vesti um
pijama e fui até à sala. Foi então que enquanto passava pelo corredor que reparei na porta aberta do quarto de Lana. Vi
Drake estendido no chão. Corri até ele e comecei a abaná-lo. - Drake.. acorda.. - olhei em redor. Dei-lhe umas quantas bofetadas e voltei a abaná-lo. - Acorda!

Estar "apagado" não fora a melhor coisa para acontecer. Enquanto estive naquele estado só me passam imagens de Kim, e nós juntos, imagens ela junta com o meu irmão. Passavam também imagens e Alina e o bebé e depois à mistura aprecia o meu avô e o meu pai. Aquilo estava a dar comigo em louco.
Acordei sobressaltado, com falta de ar e agarrei-me a Alina. Só precisava de algum contanto físico durante aquele segundos iniciais.

Arregalei imenso os olhos. Aquele episódio que não se repetisse.. tinha-me deixado, verdadeiramente assustada. Olhei-o. - Hum.. sentes-te bem? Precisas de alguma coisa?

Afastei-me ela, algo constrangido. Tentei levantar-me mas cambaleei. Não me estava a sentir nada bom - Não te preocupes comigo, não é preciso - Mas dito isto corri para a casa de banho.

Suspirei. Olhei em redor e vi a garrafa de vodka caída no chão e mais longe, na sua mesa de cabeceira, uma caixa de comprimidos. Fiz uma careta e peguei em ambas as coisas, deitando-as para o lixo. Segui caminho depois à casa de banho.

Vesti uns boxers apenas e deitei-me na cama. Olhei pela janela e via lua já alta. A lua cheia vinha aí e estava com medo de fazer alguma asneira, tinha um mau pressentimento. Tentei fechar os olhos e dormir mas nada aconteceu.

Naquela noite eu estava a dormir realmente bem. Até a um certo ponto, em que me comecei a sentir extremamente estranha. Sentia-me quente, demasiado quente. Acho que estava a torrar. Estava a transpirar por todos os lados e por mais que me virasse, as dores começavam a realçar-se cada vez mais. Pus os pés no chão e respirei fundo. Seguidamente saí daquele quarto, em direcção ao do lado. Abri a porta e olhei o vulto que se encontrava na cama. - Hum.. Drake.. estás acordado?

Virei a minha cabeça para encarar a silhueta que me aparecera à porta. Sentei-me na cama, meio sonolento - Estou, sim. O que se passa?

Dei uns pequenos passos até entrar totalmente no meu quarto. Eu parecia um chafaris de tanta água escorrer. Agarrei-me à minha barriga. - Não sei.. mas estou a transpirar por tudo o que é sítio.. e doi-me o corpo todo..

Levantei-me de imediato e fui juntar-me a ela - Como assim? - Bastou-me tocar nela para perceber. Estava a arder! - Anda! - Peguei-lhe pela mão e levei-a até ao exterior da casa, onde a noite estava mais fresca.

Voltei a deitar-me na cama. Estava algo cansado e desta vez peguei de imediato a dormir.

Acordei cedo mas deixei-me ficar no quarto. Precisava de me transformar, sair na minha forma de lobo mas por outro lado não queria deixar Alina sozinha quando uma crise como a da noite passada podia acontecer. Assim que percebi que ela estava levantada, saí do quarto.

Entrei no quarto e fechei a porta. Não ia jantar esta noite nem na próxima. A lua já aparecera e um frémito de energia passava pelo meu corpo. Deitei-me na cama e tentei acalmar-me. Hoje não me ia transformar, não.

Não consegui adormecer. As minhas mãos estavam a tremer e o meu corpo começou a fazê-lo também. Algo estava errado pois eu normalmente costumava ficar normal nas noites anteriores à lua cheia e até conseguia resistir-me a transformar-me durante a lua. Mas desta vez isso não estava a contecer.

Engoli em seco e tentei acalmar-me. Assim que cheguei perto da porta do quarto, rodei a maçaneta e entrei no quarto. Olhei para o vulto de Drake..

Acalmei ligeiramente. Olhei para a porta e vi Alina. Fiz sinal para que ela entrasse o quarto e viesse até mim.

Fechei a porta atrás de mim e aproximei-me lentamente dele. Não queria acreditar, nem por sombras, que aquela coisa de ontem, fosse acontecer outra vez.

- Passa-se alguma coisa?
Perguntei num tom preocupado, olhando para ela. O quarto estava às escuras mas a minha visão nocturna funcionava muito bem, principalmente dadas a circunstancias.