Sala de Estar

Fodasse. A sério, ela ia ser assim? Estava farto da sua atitude, farto da sua criancice. Onde, em que parte do mundo, é que ela alguma vez poderia ser uma boa mãe com aquele feitio teimoso e idiota? - E porque não?

- Porque é a tua casa. - e eu era orgulhosa de mais para aceitar uma coisa daquelas. Além do mais, quem era eu para o tirar dali? - E não quero e pronto..

- Não é minha casa. Há muito que deixou de o ser - quando tu e o Jackson a usaram, pensei para mim mesmo - Comprei um apartamento na cidade e é lá vou viver. Insisto para que aqui fiques, é uma boca casa para ti e para a bebé

Olhei seriamente para ele e comecei a gritar. - Eu não quero, eu não quero, eu não quero! - cerrei os punhos e parti para cima dele e puxei-lhe os cabelos. - Eu não quero ficar sozinha! - afastei-me muito rapidamente dele e cruzei os braços ao peito. - Não quero..

Aquele súbito ataque só me provocou gargalhadas. Ainda não estava em mim mas sim sob o efeito do prozac - Não queres ficar sozinha mas também não queres ficar comigo. Lamento dizer-te, mas não há mais ninguém - respondi e num impulso idiota e inconsciente, aproximei-me dela e beijei-a suavemente.

Repeti todas as suas palavras, de forma irónica e revirei os olhos. Foi então que o seu beijo me surpreendeu, mas por um lado, até me acalmou. Tateei o seu pescoço e afastei-me, cruzando os braços ao peito e virando-me para a televisão.

Estúpido, completamente estúpido. Ao menos ela não fiera menção ao beijo nem eu ia fazer. Levantei-me do sofá Ela não dera mera importância às minhas palavras, por isso encará-las-ia como um Não, não te quero a viver comigo. Saí porta fora.

Deitei-me no sofá, mal ele saiu daquela sala, lá para fora. Peguei no comando da televisão e voltei a acender. Eu acreditava que ele não fizera aquilo de proposito. Que me dera aquele beijo, pelo simples facto de estar sobre o efeito do que quer que fosse. Mas o facto era, que eu não conseguia parar naquilo e já me doia a cabeça de tal coisa.

Tudo o que dava na televisão era só coisas que não tinham interesse a ninguém. Pousei a minha mão em cima da barriga. Às tantas, o sono e o cansaço eram tanto, que acabei por adormecer, aninhada ao sofá e às suas almofadas.

Dormir naquele sofá, estava-se a mostrar verdadeiramente impossível. Felizmente tinha acordado, queixando-me e fazendo birrinhas. Assim que reparei na televisão acesa, tomei logo de a desligar. Levantei-me completamente dorida e caminhei até ao andar de cima.

Algo de errado estava. Porque não atacavam eles? Entrei apressadamente e girei por ela - Alina! - Desta vez iria fazê-la ficar em casa.

Deitámos Jon no sofá e Lissa apressou-se a dar um passo em frente e fazer aquilo que estivesse ao seu alcance para o tratar. Deu uma série de instruções aos outros dois lobos e em pouco tempo já estava a pôs compressas por todo o lado. Eu apenas olhava para tudo aquilo com um ar desorientado.

Finalmente comecei a mover-me. Afinal de contas tinha de agir como um alfa e ser firme e responsável. Fizera aquilo que devia ter feito, não havia volta a dar.
- Precisas de ajuda com alguma coisa?- Perguntei a Lissa. Ela sorriu amiúde e ponderou durante uns momentos, dando-me logo de seguida uma tarefa para fazer. Deste modo não teria de pensar em Alina, no quanto seu ódio acabara de aumentar por mim.

- Fiquem aqui esta noite. Não sabemos se poderão vir com reforços - disse depois de tudo ter acalmado. Duvidava que o fizessem, uma vez que restaram poucos que não estavam feridos. E era por isso mesmo que não seguira Alina. Onde quer que ela estivesse, duvidava que um membro da sua família resolvesse fazer-lhe mal.
Suspirei cansado e encostei-me à parede. Jon estava no "meu" quarto, os outros dois lobos estavam a dormir no quarto/pandemónio da Lana e cedera o sofá a Lissa. Casa cheia, parecia.
- Ela não se vai esquecer disto. Vi a expressão dela, Drake, era mortífera - disse-me Lissa num tom cansado. Simplesmente abanei a cabeça. Eu vira o mesmo.

Estranhamente, quando cheguei a casa estava tudo calmo. Nenhum deles sofrera atentados e Jon estava a melhorar. Sentei-me no sofá e tentei aproveitar a tranquilidade, sabendo que não duraria muito. Até que vi o sms de Jade. Pelo menos ela tentara e isso já contava muito para mim.

Acabei por passar a noite ali. Acordei no dia seguinte e fui mudar de roupa. Depois voltei a sair de casa.

Meia-noite. Era esse o meu limite. Se até à meia-noite ninguém aparecesse em casa, então teria de mudar de planos e sair de casa. Olhei nervosamente para o relógio e engoli a seco. Até que Vane começou a chorar novamente e tive de entender de uma vez o que era. Fome, ele tinha fome. E agora?

Assim que entrei na casa de Drake, já vinha Lissa atrás de mim a tentar impedir-me de passar para ali, sabe-se lá porque. Eu apenas ignorei as suas palavras e entrei na sala, olhando em redor e procurando Drake.

Vane dormia no seu quarto. Eu descera assim que ouvira a voz de Alina. Observei-a durante minutos. Aparentemente ela estava bem - Lissa, deixa-a estar. Sai da sala - ordenei e a loba foi-se.

Assim que vi Drake sem o bebé, comecei a ficar extremamente irritada. Caminhei até às escadas e subi-as até ao segundo andar. Uma vez lá em cima, procurei o quarto onde o bebé estava.

Aquela rapariga deixava-me exasperado. Sentei-me por fim no sofá. Não fora nada assim que imaginara as coisas.

Entrei rapidamente dentro daquela divisão da casa e sentei-me no primeiro sofá que vi. Ainda me sentia um pouco cansada, apesar de tudo. Espreguicei-me e fechei os olhos.

- Espera aí Alina - segui-a até dentro de casa - Há uma coisa na qual não consigo parar de pensar... O alvo agora dos caçadores é o Vane. Ouvi-os dizerem qualquer coisa e foi muito provavelmente por isso que eles te injetaram a droga para induzir o parto... mas o que que terá de tão especial o nosso filho? Para além do óbvio, quero dizer. Não percebo.

Cerrei ligeiramente os punhos e suspirei. Nem dormir eu podia mais fazer? Olhei-o aborrecida. Felizmente, desde pequena que eu lera livros, atrás de livros, sobre coisas desses género. - Tu és Alfa, o Vane é teu filho.. - agora era só juntar dois mais dois. - É um recém nascido Drake.. o sangue de um recém nascido vale imenso! E vale ainda mais, o seu corpo.. vivo.. - aí tremi.

Por vezes amaldiçoava mesmo o facto de não ter crescido entre uma alcateia. Nunca tinha ouvido falar daquilo - Isso parece explicar tudo - Disse entre dentes cerrados. Malditos fossem eles, não iam tocar em Vane.