Wyoming

Os últimos quatro meses da minha vida tinham sido tanto um Inferno como um Paraíso. A falta de Alina magoava-me, sentia imensas saudades dela mas ao mesmo tempo havia uma frieza profunda em relação a ela. Não sei como estava destinado a amá-la e ao mesmo tempo odiá-la. Por isso fui-me embora de Strange. Não fazia sentido estar lá, não era o meu lugar.
Peguei em Vane e nas nossas coisas e procurei outro sitio. Não me ocorreu mais nenhum em ser a minha cidade natal. Era a primeira vez que lá ia desde o dia em que saíra, o funeral do meu avô. A minha casa continuava igual, intocada. Aquele regresso a casa fez-me melhor do que alguma vez imaginara e Vane também gostava de lá estar. Contudo nem tudo era bonito. O bebé tinha muitos pesadelos, e eu sabia que era pela falta da mãe. Havia alturas em que entrava em pânico, sem saber o que fazer. E talvez seja por isso que me desliguei. Sem ser a Vane, eu era bastante frio e indiferente com as pessoas. Especialmente depois de ter sabido que Lana, a minha melhor amiga, morrera. Tudo à minha volta de desmoronava e a única pessoa que eu tinha na minha vida era Vane. A minha única preciosidade.

Mal chegámos àquele sítio, dividimos-nos. Fazia questão de encontrar Drake por mim mesma. E foi isso que fiz. Não conhecia nada dali, mas com a ajuda de Kevin, segui a até a uma casa. Estava possessa de raiva, mal senti a presença de Drake e de Vane dentro dela. Eu tinha-os encontrado, eu tinha..

Eu estava a dar banho a Vane quando senti a presença dela. - Não pode ser - murmurei mas o bebé também se apercebera do mesmo pois começou a chamar pela "mamã, mamã, mamã". Tirei Vane da banheira e enrolei-o numa toalha.

Cerrei os punhos. A minha expressão era fechada, fria e de grande rancor. Eu sabia que ele se apercebera da minha presença, tanto era, que algum tempo depois, acabara por vir cá para fora. O pequenote veio a correr todo atrapalhado a gritar o meu nome e abracei-o com força.

Não impedi Vane de ir ter com a mãe. Ela não lhe faria mal. Provavelmente Vane era a única pessoa imune à malícia dela. Vê-la, contudo, foi estranho e ao mesmo tempo... nem sei. Esbocei a cara que dava a toda a gente, a expressão fria e indiferente - Esqueceste-te de trazer a manada? - perguntei num claro tom de ironia. Ouvira dizer por aí que ela reunira uma alcateia.

Dei uma palmadinha no rabo do pequenote e ri-me, quando ele fez uma careta. Mandei-o ir lá para dentro. Tinha coisas a tratar com Drake e não queria, de maneira nenhuma, que Vane presencia-se aquilo. - Esqueceste-te de ires para mais longe? - sorri cinicamente.

Ela devia achar-se uma boa mãe, chegar ali e agir como se não tivesse estado fora quatro meses.
- Pena que não seja suficientemente longe para ter de viver longe das tuas visitas.

- Oh.. ohh.. que pena. - cruzei os braços ao peito. A minha expressão mostrava o quão pouco importava estava com as suas palavras. Mesmo assim, a sua presença continuava a incomodar-me. - Descansa que vão acabar. Eu vou levar o Vane e tu vais catar pulgas.

Esbocei um sorriso sarcástico e olhei-a friamente. Para ela a minha atitude nãos seria apenas fria, seria gelada. - Isso não vai acontecer, Alina. Vai-te embora e deixa o nosso filho em paz, ele não precisa de uma mãe que só se lembra dele duas vezes por ano.

- Ele não precisa de um pai que trai a própria mãe. - revirei os olhos. E além do mais, não era ele, nem ninguém, que me ia impedir de levar Vane comigo. Lentamente e descontraidamente, fui avançando para a casa.

- E precisa de uma mãe assassina e desequilibrada? Não me parece - respondi de volta, fitando-a com desdém. Impedi a entrada - Nem penses. Esta é a minha casa e não és convidade..

- De ti é que não precisa com certeza. - parei assim que ele me impediu a entrada. - Desde quando é que eu preciso ser convidada, para entrar onde quer que seja? - eu sempre fizera o que quisera. Sempre entrara onde me apetecera.

- A sério? Sou eu que o tenho criado, sou eu que cuido dele e estou presente na vida dele. É muito mais do que aquilo que fazes - respondi - Desde que tenho esta casa protegida por magia. Invenção do meu avô, dá jeito nestas alturas. - sorri maliciosamente. Ali ela não entrava a não ser que me pedisse.

As suas palavras, de certa forma tinham a sua razão. Mas não e interessava. - Não queiras abrir uma guerra, que sabes que não vais vencer. - sorri cinicamente. Um simples truque velho de magia, não me ia impedir de entrar ali e levar o meu filho. Empurrei-o para longe da casa e comecei a chamar por Vane.

- Prefiro guerra a aceitar qualquer das tuas condições - disse em resposta, num tom muito sério e frio. A atitude dela era patética.

- Então que seja. - cerrei os punhos. E era da maneira, que trataria dos meus assuntos pendentes com ele, algo que já devia ter feito, há mais tempo. Corri até Drake, pronta para o atacar.

Fiquei à espera que ela atacasse, já que parecia mortinha para o fazer. Ia desviar-me, estava claro. A única maneira de me derrotar seria usando o seu poder de merda.

- Eu odeio-te.. odeio-te.. odeio-te.. - ia-me pronunciando-me à medida que o atacava e ele se desviava. Chegou a uma altura que consegui ser mais rápida que ele e dei-lhe um valente pontapé, acabando por o empurrar para o chão. Rapidamente corri para cima dele.

- é um sentimento recíproco.
Acabei por cair ao chão com o seu golpe inesperado. Não gostava da ideia de bater em mulheres mas Alina estava mesmo a merecê-las. Comecei a ripostar os seus ataques, apenas atacando quando necessário.

Não me importei quando me tocou. Muito pelo contrário, aquilo só me deu ainda mais vontade de acabar com ele. Voltámos a cair para o chão. Puxei-o e comecei a socar-lhe a cara. - Eu amava-te, eu deixei todo o meu ódio para me tornar tua parceira e tu trais-me com.. com aquela.. - as lágrimas acabaram por aparecer. - Ela era melhor que eu? Se era à Kim que amavas, porque é que me iludiste?! Porque é que não te foste embora e ficaste com ela?!

Ela estava a fazer-se de vitima quando era tão ou ainda mais pior do que eu.
- Se aquilo aconteceu foi porque não senti que amavas, que preferias estar longe de mim - atirei de voltar - tu é que foste embora, és sempre tu - rosnei e empurrei-a.

Usei o meu poder para paralisar as suas pernas e impedi-lo de se mexer inferiormente.
- Eu preferi ficar longe dela. E tu não perdeste uma chance, de te enrolares.. - levantei-me e sacudi as minhas roupas. - Espero sinceramente que te tenha dado muito prazer.

Cerrei os dentes quando ela me paralisou.
- sabes muito bem que não posso ter prazer com mais ninguém sem seres tu - estúpida regra do universo. - o azar da minha vida.

- Não sei se me hei-de pôr a rir ou a chorar. - revirei os olhos. Era melhor nem ouvir a sua resposta. Aproximei-me e olhei-o nos olhos. A partir daí, deixei de fazer pressão nas suas pernas e segui para a casa.