Sala de Estar + Sala de Jantar

Eu estava a ficar cada vez mais vidradada no pequeno. Não que fosse entrar em pânico, mas estava com algum medo em tê-lo nos meus braços. - Não.. - acenei com a cabeça.

- Então estarei lá fora, se precisares de alguma coisa - Disse num tom baixo, já a encaminhar-me para a porta e tentei despregar a minha atenção do bebé no seu colo. Ele tinha nascido apenas à algumas horas e já me ia separar dele. Estranhamento custava imenso.

Olhei para ele e acenei com a cabeça. - Ok. - respondi muito rapidamente. Provávelmente não ia precisar de nada mesmo, pensei para comigo mesmo. Coloquei-me confortávelmente no sofá, enquanto mirava fixamente o bebé. Ainda não acreditava que ele fosse real.

Todos os meus anos de treino, deviam valer para alguma coisa não? Mesmo que fosse lutar com pessoas mais experientes.. Sentei-me no sofá e seguidamente olhei para a porta. Eu sabia que eles vinham aí, sentia-os bem perto. As suas vozes ecoavam pelos jardins. Sorri abertamente ao ver o meu querido amigo imaginário ao meu lado.
- Andas desaparecido.. - comentei divertida.
- Sabes bem que só apareço quando deixas de tomar os medicamentos. - encolhi os ombros e acenei com a cabeça. - E em alguns casos de emergência..

Acabamos por ficar minutos à conversa, dado que aqueles caçadores de meia tigela avançavam muito lentamente até entrar em casa. A porta de casa foi arrombada e uns quatro ou cinco caçadores apressaram-se a invadir a sala. Mais uns quantos apareceram no andar de cima e todos se reunirão perto de mim. Apontaram as suas armas a mim.
- Onde está o bebé? - Olhei para Kev e sorri. Ele apenas retribuiu o sorriso. Em pouco minutos, acabaram todos por cair no chão, mortos..

Eu dissera a Drake que ia ter à casa dele, depois de fazer o que tinha a fazer. Mas sinceramente, eu ia ficar mesmo por ali. Kev estava comigo, logo estava segura. Acho.. Os caçadores estavam mortos, era o que interessava. Preparei qualquer coisa para comer e pousei a minha mala, em cima do sofá. Sentei-me nele e olhei para Kev.

Cerrei os punhos. Eu não queria sair daquela casa, não queria deixar o meu lar, se era aquilo que eu podia chamar. Mas estava a começar a ficar com um nó no peito, por não ter Vane a meu lado. Por mais que quisesse ignorar isso, não conseguia. E depois Kev não ajudava nada, com as suas bocas.. Acabei de tirar aqueles corpos todos de dentro da casa e descansei um pouco. Inspirei fundo, peguei na minha mala e saí.

Com o bebé a dormir, aquela casa fazia-me sentir deveras.. só. Felizmente o meu querido gato, ainda aparecera por ali e bom, Kev, como meu amigo imaginário, too.. Depois de umas horas a olhar para o tecto, o choro de Vane chamou-me a atenção. Felizmente tinha fraldas em casa, o que facilitou muito. O pior foi mesmo trocar-lha, mas lá me desenrasquei. Depois, desci até à sala, juntamente com o bebé e deitei-me no chão, esticando os braços para cima e visualizando o seu ar de felicidade pura. Não se mexera muito, como era de esperar, mas esperniara um pouco, divertido.

Não era por nada, mas agora que o bebé nascera e eu não ia, de certaza absoluta voltar lá para a casa do lobito, era melhor começar a tratar algumas coisas para o bebé não? Olhei para Vane e fiz uma careta.. é.. ele não ia dormir para sempre na minha cama.

Se não tivesse ido lá a baixo, possívelmente não teria ouvido a porta a bater. Embrulhei-me num robe e abri vagarosamente a porta. As ruas e todo aquele pequeno sítio estava num estado lastimável. Um ar terrivelmente fresco, entrou na sala. Olhei para Drake e afastei-me, para lhe dar passagem.

Entrei agradecido porém a sua casa não estava quente nem havia luz. Liguei de imediato a lanterna e tirei a gabardina - Está tudo bem por aqui?

Fechei a porta atrás de mim, já que lá fora estava mesmo frio! Abanei a cabeça. - Sim.. acho que sim. - cocei o couro cabeludo. - O Vane chorou algumas vezes, mas nada de mais.

- Não tens electricidade - constatei - Vai ficar frio nesta casa, é melhor acenderes a lareira - Murmurei - posso fazer isso se quiseres.

Olhei para o local onde a lareira estaria. Estava escuro, logo não praticamente nada, ou quase nada. Acenei com a cabeça. - Ok.. - dei uns pequenos passos atrás e subi até ao quarto indo buscar Vane.

Felizmente ela tinha uma reserva de lenha guardada. Utilizei-a e em segundos, utilizando o meu poder, a lenha começou a arder e observei o fogo crepitante. Em pouco tempo a sala estaria quente.

Assim que desci as escadas, com o bebé ao colo, já um pouco calor pairava por aquela divisão da casa. A sala também ficara um pouco iluminada. Fui-me sentar num dos sofás, perto da lareira, mas não muito..

Fiquei muito mais tranquilo ao ver Vane. Afastei-me um pouco da lareira já que não precisava usufruir daquele calor quando a minha própria temperatura corporal era elevada - trouxe marshmallows.

Olhei por uns momentos para Drake e voltei a tomar atenção à lanha que se desfazia naquele fogo todo. Encolhi os ombros.. - Está bem.. - não tinha fome, nem gostava assim muito daquilo. Ele que os fizesse para ele mesmo.

Fui buscar o saco e pu-lo em cima da pequena mesa. Não estava com apetite par aquilo por isso tirei um chocolate das calças e dei uma trinca.

Naquele tempo todo passado por ali, a tempestade acalmara um pouco, pelo menos, já não se ouviam relampagos. A chuva continuava imensa. Fui buscar duas mantas, a outra para o caso de Drake a querer e embrulhei-me com o bebé.

Aquilo era estranho. Olhei para ela e espreitei o bebé - Ele está a dormir? - perguntei, vendo-o tão calminho e sereno.

Definitivamente aquilo estava um ambiente, algo.. hum.. estranho. Pelo menos ainda não tínhamos começado a discutir. Acenei a minha cabeça, depois de ter dado uma rápida vista de olhos no bebé. - Está sim. - respondi baixinho para não acordar Vane. Remexi-me devagar e tapei o pequeno melhor. - Porquê?

Levantei-me silenciosamente e fui sentar-me no sofá porém a uma distância segura, que não desse tema de conversa para mais uma discussão - Por nada...simplesmente gosto de o ver dormir.

- Está bem.. - Encolhi os ombros e não disse mais nada. Na verdade também eu gostava de o ver dormir. Parecia um pequeno anjinho.. tão calmo, sereno.. Encostei a minha cabeça ao meu sofá e deitei-me o mais que pude com o bebé. Coloquei-me de baixo da manta e encolhi-me. Ao fim de algum tempo, acabei por adormecer.

Queria que a vida dele fosse sempre assim: calma e segura. Sabia que nada disso se ia passar - ele era um lobisomem, e só por isso mesmo havia gente que o quereria morto, como já acontecia. Suspirei e pûs a outra manta por cima de Alina e Vane. Continuei acordado, voltando a pôr mais alguma lenha na fogueira.