Sala de Estar + Sala de Jantar

Fiz uma careta e voltei a morder-lhe o braço. - Não gozes ok?! Só estou com vontade de te morder.. baah..

- E porquê que me queres morder? Sabes, não me magoa muito essa tua dentuça humana - disse secantemente.

- Não sei.. mas pode ser que te fartes da minha baba. - fiz uma careta. E não, eu não sabia o que é que me dera, para começar a morder-lhe assim, sem mais nem menos. - Cheiras mal.

Claro, para ti eu cheiro sempre mal, sempre. - É impressão minha ou estás mesmo com sentidos de lobisomem? Dentadas, olfacto, temperatura quente... mau.

- Hey, ninguém te mandou engravidares-me! - mas não dissera aquilo no tom de que me queixava. Até tinha dito meio que divertida. - E aliás, tu sempre cheiraste mal!

- Nem eu quis fazê-o... caramba, deve ser provavelmente a maior ironia do destino ter-nos pregado esta partida - soltei uma gargalhada - tu é que pões defeito no meu cheiro

- É né, mas o preservativo sempre ajudava em qualquer coisinha, não?! - sorri irónicamente. Mas ele tinha razão.. era no mínimo irónico, ter-nos acontecido aquilo. Mas agora não havia volta a dar. - Não ponho não.. ninguém gosta do teu cheiro a rafeiro! Só mesmo a Grace.. baah..

- Também não me lembras-te, pois não? Hum, bem me parecia - Não a obrigara a nada - Hum, a Grace?

- E porque me haveria de lembrar?! Que eu saiba, o pénis és tu que o tens.. dãã.. - apontei para a barriga. - Sim, Grace..

Que se lixasse. Para quê falar se já não havia nada a fazer quando àquilo? Era inútil - Ah, Grace... - Sorri instantaneamente - Pensei que não a quisesses chamar como a tua mãe.

Abanei a cabeça. - E não queria.. mas.. - toquei na minha barriga, com ambas as mãos. - Não tenho mais nenhum nome que goste e não me parece que Vane dê para um bebé fêmea.. - fiz uma careta.

- Podes sempre consultar uma daqueles sites manhosos a Internet e ver mais - Porém eu até gostava de Grace. Grace Graham. Ficava bem.

- Baah.. não gosto da internet e não percebo nada de computadores. - cruzei os braços ao peito. - Sou uma criança às antigas. - e agora parecia uma velha a falar, mas, não me importei mesmo. - Grace.. fica Grace..

- Então será Grace. Grace Graham - O meu coração começara a bater mais forte. Faltava tão pouco tempo para ela nascer e eu estava tão ansioso como assustado. E tudo o que queria naquele momento era tocar na sua barriga e sentir a pequena Grace... mas não ousei fazê-lo.

Já estava farta de estar naquela posição, pelo que me acabei por deitar no sofá. Coloquei um dos meus pés na sua cara e fiz uma careta. - Cheira o meu cholé, cheira.. - ri-me. - Cheira melhor que tu, o meu pé!

Afastei o seu pé da minha cara e fiz uma careta - Deves estar doida, só pode. Eu até cheiro bem.

- Correção, eu sou doida. Ou pelo menos é esse o meu rótulo. - voltei a colocar o meu pé na sua cara. Na sua bochecha, mais propriamente. - Agora.. porque é que mandas-te a Jade ir falar contigo? Sabias que lhe vomitei em cima? Foi fixe..

- Pois, esquecera-me desse pormenor irritante.
Então fora assim que acontecera? - Ela quis ir de livre vontade. Não foi só por minha causa - Lembrei-me da solidão que ela sentia. Só queria uma amiga, mesmo que fosse Alina - Eww, que mau.

- Não é nenhum promenor irritante. É o que é.. - assoprei um cabelo que fazia questão em cair para a minha frente. - Hamram.. totó.. teve muita sorte de eu ter-lhe vomitado em cima. Senão a esta hora ainda estava lá na esquina, morta e dada para os cães..

- E ainda dizes tu que não és nenhuma assassina, que não gostas de matar espécies - Levantei-me do sofá, agora zangado. Nunca mais lhe dirigiria a palavra se ela tivesse matado Jade.

- Ela estava-me a chatiar, não tenho paciência para forever alones.. - revirei os olhos. Já estava à espera daquela sua reacção, mas também, pouco me importei. - Se ela morrer, até faço um bem à sociedade. Tiro uma merda do mundo!

- Como se não fosses tu também uma forever alone - ripostei. Revirei os olhos.

- Sou menos forever alone, que tu e ela juntos. - sorri abertamente e remexi-me no sofá. Estiquei as minhas pernas e espreguicei-me. - E eu não me queixo.. já ela..

Aquilo era uma grande mentira na qual só ela acreditava. Ela estava sozinha neste mundo, sem amigos e sem família e ao contrário de mim, Alina não estava habituada a tal.
- Podias queixar-te. Podias dizer-me o que é que sentes.

- Sinto aqui uma dorzinha nas costas estás a ver? - ironizei e revirei os olhos. Mas o que é que aquilo se interessava? Eu tinha ficado sozinha por causa dele, logo, ele sabia que eu o odiava.