Gruta Escondida

- Devo considerar isso como um elogio, certo?
Perguntei. Estava irritado por o jogo todo de a pôr "assustada" não ter funcionado.

- Hum.. tanto faz. - dei de ombros. - Mas foi giro, ver-te tentar.

Larguei as suas pernas dos meus quadris e dei um passo atrás.
- Qualquer eu não "tento" mais, faço acontecer - Respondi um tom à cabrão - Isto é, se voltares a fazer o que fizeste ontem.

Mudei de expressão para uma triste e fria. - Se eu voltar a fazer o mesmo tu não vais estar mais aqui. - agarrei-me ao meu corpo e comecei a chorar.

- Já tomei providências para o caso de isso acontecer. Não és a única que conhece antídotos.
Respondi, retribuindo o mesmo tom.
Olhei para ela sem saber muito bem o que fazer. Afinal eu não dissera nada que ela não pudesse já adivinhar - Alina?

Olhei em redor e depois olhei-o assustada. - Eu quero ir-me embora daqui!! Eu quero ir embora.. Tu não és como eu..

Eu não estava a a perceber mesmo nada do que se estava a a passar.
- Claro que eu não sou como tu, eu sou... - Olhei-a confuso e peguei na sua mão, mantendo-me atento caso ela sacasse do punhal novamente - Posso levar-te à saída

Abracei-me ao seu corpo e continuei a chorar. - Eu quero-me ir embora daqui. Eu não gosto deste sítio. Eu quero-me ir embora.

- Está bem, está bem...
E era preciso chorar? Agarrei na sua mão e ajudei-a. Para mim era fácil encontrar a saída e em poucos minutos já podíamos ver os raios de sol.

Limpei as lágrimas que teimavam em brutar e coloquei um sorriso grandioso nos lábios. - Está tanto sol! Vamos dar um passeio?! Sim, vamos. - puxei-o pela mão.

Antes que ela nos fizesse andar mais um passo que fôr, parei e agarrei-lhe no pulso fazendo-a olhar para mim.
- Não. Acabaste de ter um ataque de choro e agora estás assim? Não acreditei no que me disseste - olhei-a profundamente - O que é que se passou ali? Pois eu não acreditei nessa treta do "eu não gosto de estar ali".

Olhei-o nos olhos, algo confusa. - Que foi? Está sol não vês?! Vamos dar um passeio? Eu quero dar um passeio, tu não queres?

Lembrei-me do que ela me dissera no dia anterior.
- Tomaste os teus comprimidos? - Perguntei. Só podia ser isso.

Abracei-me ao seu corpo e coloquei a minha cabeça debaixo da sua t-shirt, depositando aí um beijo, no seu peito. - Eu não preciso dos comprimidos. Eu estou bem! Vamos dar um passeio?

Ela estava mesmo a passar-se.
- Para mim tu não estás bem. Pareces outra pessoa - Respondi.

- Que estás tu para aí dizer?! - abanei a cabeça. - Cá para mim, quem não está bem, és tu e não eu. - mordi o lábio e parei um pouco para me acalmar. - Podes dar-me outro beijo?

- É, deve ser ...
Comentei sarcásticamente - Outro beijo? - Arqueei a sobrancelha mas acabei por o fazer.

Voltei a puxá-lo pela mão. - Hum.. Desculpa lá por aquela cena de ontem. - cocei o couro cabeludo. - Não foi por mal, mas bem.. eu não te ia deixar ali a morrer. Depois quem iria eu chatear?!

Estava ela a falar a sério? - Desculpas? - Quase que me ri, mas vendo por um lado ela até me salvara a vida - Gostava de saber era porquê, em primeiro lugar, o arriscaste a fazer. Não podes ter tudo o que queres e não é à força que o vais ter.

- Opa! - dei-lhe uma cotovelada no braço. - Primeiro porque tu já há muito que me estavas a enervar e bem.. acho que nem sei. Fique meio K.O assim que te vi todo magoado.

- E dás o mesmo tratamento a toga a gente que te enerva ou foi só a mim?
Perguntei num tom de ironia.

- É raro as pessoas enervarem-me e bem.. quando o fazem eu tendo a ficar assim meio louca e acabo por fazer coisas estúpidas.

- Sim, coisas mesmo estúpidas.
Revirei os olhos e larguei a sua mão que estivera o tempo todo a agarrar.

Olhei para a minha mão e depois para a sua e fiz uma careta. - Bah.. não são assim tão estúpidas. - Ou secalhar até eram. Suspirei. - Que andavas ali a fazer, antes de eu esbarrar contigo? - apontei para a gruta.

Fiz-lhe um olhar indignado.
- Nada estúpidas, claro que não. Só apunhalares-me e pôr-me em risco de morte. Nada disso é estúpido - Gozei - não tens nada a haver com isso, querida.