Gruta Escondida

Eu só ouvia ruidos atrás de ruidos. Ainda tentei ver o que é que se passava, mas estava tudo tão escuro e era tudo tão profundo que tive que me deixar ali. Sentei-me no chão e esperei.

As criaturas era mais e cada vez mais. Ocupei-me da maior parte delas já que era fácil com o meu porte de lobo livrar-me delas coma penas uma patada. Contudo eles eram resistentes e num único ataque ficara com um corte no flanco direito, começando a deitar sangue. Cerrei os dentes e prossegui sem me poder dar ao luxo de me preocupar com aquilo. Rosnei furiosamente e avancei contra aqueles que ainda ali estavam,

Continuei a lutar com aquelas criaturas desfiguradas até que ouvi um rosnar. Estava á espera de tudo naquele momento, saltavam-me todos para cima e eram resistentes e estava sem forças para erradicar os 16. Corri até ao túnel e dei de caras com Drake.

Olhei para Derek bem nos olhos. Sabia que estava em forma de lobo mas tentei os possíveis para que ele percebesse que não estava ali para o deter. Lembrei-me de algo que uma vez aprendera: telepatia. Conseguia fazê-lo com lobisomens mas nunca tentara com humanos. Tentei a todo o custo que ele ouvisse a mensagem. Sai daqui e leva a Alina. Eu trato deles. Avancei para a parte do túnel de onde ele fugira e ataquei as criaturas que se atiraram a mim.

Consegui entender o que ele dissera, ignorei o ódio que tinha por ele e quase sem forças fui-me arrastando até á corda que me fez descer ao buraco, prendi-a á cintura e escalei com um pouco de dificuldade sangrando da perna. Mal cheguei ao topo vi Alina e estendi-lhe a mão para que ela me ajudasse a subir.

Estava esgotado. Aquelas criaturas, por muito estranhas que fossem, ainda possuíam força suficiente para contra-atacarem. Tive que fazer um esforço para me manter em pé assim que uma delas me mordeu a pata direita. Uivei com toda a minha energia e atirei-me a eles, dilacerando carne por todos os lados. Fiquei todo sujo de sangue mas investi contra o resto das criaturas. Assim que já não restava mais nenhuma tive de passar para forma humana. Tinha um corte na zona abdominal e uma ferida aberta na perna direita que me doía o suficiente para ser difícil andar. Voltei à forma animal pois de outra forma não conseguira ter feito o caminho até lá acima.

Ajudei Derek a subir e olhei lá para baixo.
- O Drake? Eleficou lá dentro? Porque é que tu estás todo lixado?
Olhei para todos os lados.

Subi então sentado-me e pegando na garrafa de água que tinha la deixado e molhei no meu corte.
- Não sei eram umas crituras estranhas, o Drake continua lá, mas ele safa-se. - Disse engolindo saliva da dor que tinha.

Inspirei e grunhi. Só tinha de saltar mais duas rochas. Balancei o corpo e saltei, chegando ao topo. Quase que caía quando a minha pata ferida me fez vacilar. Gani de dor. Olhei para Alina e para Derek. Porquê que ele não a tinha levado dali para fora?

Baixei-me para ver melhor o corte que Derek tinha na cabeça. Fiz uma careta. - Isso está feio.. - depois vi Drake e olhei para todo o seu estado. - Estás bem? Que pergunta estúpida, Alina!

Podia ter voltado para a minha forma humana. Consumia menos energia e exigia menos de mim contudo continuava em estado de alerta. Tentei enviar uma mensagem telepática a Alina mas simplesmente não consegui. Teve de ser para Derek novamente - Diz-lhe para sair daqui. E tu também devias sair daqui.

Consegui entender o que ele dissera. Tentei levantar-me lentamente puxando Alina.
- Depois explico-te temos que sair daqui. - Falei com um ar de quem não queria ouvir resposta.
E fui embora dali.

Esperei que Alina e Derek saíssem da gruta. Rondei a área certificando-me que não havia nenhuma criatura ali à tona.
Depois disso saí e também e aguentei-me o caminho todo para não me transformar até casa.

Sabia bem estar na minha forma de lobo. Entrei na gruta tentando não pensar no que ocorrera da última vez que ali estivera e aninhei-me no chão. Passado meia-hora voltei à forma humana. Comecei a sentir pequeno choques eléctricos pelo meu corpo e palavras começaram a surgir na minha mente. Era tudo muito confuso. Disse-as em voz alta e uma chama apareceu na palma da minha mão mas nem me magoava. Mas que raio se estava a passar!? Voltei a repetir as mesmas palavras desta vez com mais intensidade e a chama aumentou. Até que se apagou de um momento para o outro. Olhei incrédulo para a minha mão. Estava intacta. ao contrário disso, senti sangue deslizar pelo meu pescoço. A cicatriz, aquilo... Fez tudo sentido naquele minuto. Eu absorvera o dom da minha mãe, ou o que quer que aquilo fosse.
Mais tarde, já de noite, voltei para casa.

Caminhei pela floresta, até começar a chover e ter que me abrigar. Aproveitei o facto de estar perto da gruta, para poder entrar lá dentro. Ainda me lembrava dos acontecimentos anteriores, dentro daquele sítio. Lá longe, bem longe e bem baixo, conseguia-se ouvir aqueles ruídos do outro dia. Encolhi-me num canto e coloquei a cabeça entre as pernas.

Haviam passado quatro dias e meio desde a última vez que vira Vane. Sabia no meu âmago que ele estava bem, a nossa ligação estava normal. Porém isso não diminuía a minha raiva. Eu mudara e já não toleraria as mesmas coisas. Mesmo assim ainda precisava de tempo para pensar.