Quarto de Alina

- Eu não preciso de ninguém.. - Tentei afastar-me, mas simplesmente não consegui. Em vez disso, caminhei até ele, abracei-me ao seu corpo e apertei a sua camisola.

A sua pele estava quente, mais quente do que deveria estar - Estás a sentir-te bem Alina? - perguntei algo preocupado.

Fiquei algum tempo em silêncio. Quando arranjei forças, afastei-me um pouco dele e sentei-me na cama. Inspirei e expirei fundo. - Sim.. estou só cansada.

Ajudei-a a sentar-se na cama. Esperava que aquilo passasse. Depois afastei-me dela, sabendo que ela não me queria por perto - Queres que te vá buscar alguma coisa?

Apontei para a porta e olhei-o. - Só quero que me abras a porta que eu quero ir à casa de banho.. - suspirei.

Esperava que aquilo não fosse um pedido traiçoeiro - Está bem - Fui abrir a porta como ela queria.

Não acreditava que ele me fizesse mal, mas mesmo assim, acabei por esticar o meu braço e puxar o revolver do meu tio para mim. Ainda a muito custo, caminhei para fora do quarto, entrando na casa de banho.

Bom, apesar de tudo ela parecia entender que eu a podia magoar. Já não lhe dera provas físicas em como tudo o que eu mesmo queria era magoá-la fisicamente? Raios.
Encostei-me à parede e esperei que ela voltasse.

Desviei o olhar assim que ela entrou no quarto. Não servia de nada olhar descaradamente - Estás melhor?

Não lhe respondi dado que eu não tinha ficado nem melhor, nem pior.. Apontei para fora do meu quarto e sorri cinicamente. - Quero-me vestir, faz o favor de sair..

- Não estou sequer a olhar! - respondi mas acabei pro sair do quarto. Não estava a gostar do ambientem de qualquer das maneiras.

Revirei os olhos. Quero lá saber, pensei para comigo mesma. Fechei a porta trás de mim e fui-me vestir. Seguidamente, coloquei-me debaixo dos lençois da cama e abracei-me ao meu peluche.

Já nem na minha própria casa eu podia estar? Pelo menos, sozinha? Não ia aguentar aquilo muito mais tempo.. Levantei-me e peguei no revolver. Depois desci as escadas, procurando por Drake.

Acabei por levar o pequenote até ao meu quarto. O meu corpo tremia vagamente e ainda me sentia meio cansada com todos aqueles esforços. Deitei-me na cama e coloquei o bebé ao meu lado, virando-me para ele e certificando-me que ele estava seguro o suficiente para não cair.

Eu não queria, de maneira nenhuma, adormecer. Continuava com um medo enorme de magoar o bebé.. Mas o cansaço era tanto que acabei por não resistir e adormeci com uma mão agarrada ao pequenote.

Entreabri a porta e espreitei lá para dentro. Observei o modo de como Alina segurava protetoramente Vane, apesar de estarem ambos a dormir. Descontraí ao ver aquela cena e encostei-me à ombreira da porta.

Ao longo dos minutos fui-me remexendo fernéticamente naquela cama. Estava desconfortável, mas não no sentido da minha posição.. sentia-me observada. Abri os olhos muito calmamente e olhei para a porta. Ergui o sobrolho, mas nada disse.

Ao menos não me lançara um olhar furtivo, pensei. Aproximei-me ligeiramente do outro lado da cama e mirei Vane, tocando ao de leve na sua mãozinha pequena.

Peguei rapidamente no pequenote e afastei-me de Drake. Ainda estava zangada com ele e ainda sentia aquele ódio recorrente, face à sua acção de matar o meu tio. E para mais, o bebé era meu.. não dele..

Semi-cerrei os olhos para ela - Alina, pára já com isso - tentei conter o meu tom e tentei conter-me a mim mesmo.

Não tinha medo nenhum daquele seu olhar. - Tu não és ninguém.. eu páro se quiser. - disse calmamente e afastei-me mais um pouco dele. - Sai daqui..

Inspirei fundo - Sou pai do Vane e desta vez há uma marca nele que o pode confirmar - não ia levantar o tom de voz. Aquela miúda era mesmo bipolar - há horas oferecera-me o seu quarto para dormir e agora queria afastar o meu próprio filho de mim.

Eu não queria ouvir nada daquilo. Tanto não queria, como acabei por me ir trancar na casa de banho do quarto. Sentei-me no chão, encostada à porta. - Quero lá saber..

Merda. Aquela rapariga era mesmo infantil e agora trancara-se na casa de banho com o recém-nascido. Esperava que ela não fosse louca o suficiente para fazer algum erro que pudesse prejudicar Vane.

O bebé continuava calmo e tranquilo como à uns minutos atrás ele estava. Olhei para a sua mão e tremi inconsciêntemente. Aquilo que eu já sabia, sempre se confirmava mesmo. Por uns segundos aparecera-me vários pensamentos na cabeça e abanei-a. Não ia abrir a porta..