Sala de Estar + Sala de Jantar

Remexi-me umas quantas vezes, naquele sofá. Às tantas acabei por acordar. Estava completamente dolorosa e dormente. Puxei o bebé para mim e reconfortei-o. - Quando disseste que ele estava mais desenvolvido.. hum.. ele vai crescer mais depressa?! - perguntei.

Não me apercebera que ela já estava acordada - Nada de muito significante, vai ser apenas mais corpulento e mais forte do que a maioria dos rapazes - pelo menos fora o que acontecera comigo.

Acenei com a cabeça. Se era assim como ele dizia, então, menos mal.
- Está bem, então..

Claro que depois tudo mudava aos dezasseis anos, quando a essência de lobo aparecia. Ma não queria penar nisso agora nem como seria na altura. Afinal de contas ainda faltavam dezasseis anos para isso acontecer.

Deixei o bebé sentado no sofá e fui até à cozinha. Primeiramente acendi uma vela e abri um pão. Depois fiz uma sandes com coisas que naquelas horas passadas sem luz, ainda não se tinham estragado. Não demorei muito a voltar até à sala.

Aproveitei para segurar em Vane, que já se encontrava acordado porém ainda muito sonolento - temos de lhe arranjar um segundo nome, para o registar - disse, quando Alina regressou à sala.

Sentei-me no mesmo que sofá de à pouco e dei uma trinca na minha sandes. Olhei para Drake e seguidamente para Vane. - Ai temos? - ergui o sobrolho. - Existe tanta pessoa por aí só com dois nomes que não faz diferença nenhuma..

- Vane Graham é demasiado curto, fica mal. Parece inacabado - comentei, começando a magicar alguns nomes.

Revirei os olhos. Inacabado estava a merda do encéfalo dele. - Vai-te catar ok? O que fica mal aqui é essa tua cara de merda.. - sorri cinicamente. Ele que inventasse um nome para ele, se era assim tão retardado.

Assim faria. Poucos nomes ficariam bem com Vane mas eu haveria de encontrar um bom nome. Olhei para o pequeno nos meus braços - vou arranjar-te um nome porreiro, não te preocupes.

Voltei a revirar os olhos. Ele que o arranjasse que pouco adiantava. Até estava a pensar seriamente em mudar de nome ao bebé. Com sorte, até seria eu a registá-lo só para ver a sua cara de carneiro enjoado. Rafeiro..

A lenha perdera intensidade. Fechei os olhos e quando os abri estava mais forte novamente. Agora a sala estava quente e as face de Vane estavam rosadas, como devia ser. O ambiente continuava estranho, mesmo assim.

Assim que acabei com a minha sandes, apressei-me a ir-me sentar no chão, bem perto da lareira. Abri as mãos e estiquei-as levemente, sentindo o calor do fogo. Sabia bem até, dado que estava um frio de rachar e aquilo minimizava tudo.
Apesar de Drake se mostrar capaz de se responsabilizar por Vane ou assumir a paternidade, como já tinha assumido mesmo, eu continuava a não querê-lo por perto e muito menos junto a Vane. Levantei-me e puxei com cuidado o bebé para mim e voltei a sentar-me.

Levantei-me e pûs de lado um monte de lenha mais leve que deveria durar para mais um dia e seria fácil de arder. Depois sacudi as minha mão. Sabia que não eram bem-vindo naquela casa e por agora daria a Alina aquilo que ela queria - distancia de mim - Precisas de alguma coisa da cidade? - perguntei, dado que seria difícil ela chegar lá com esta chuva e condições.

Não ficara muito surpreendida com aquele seu acto de distância. Fica muito feliz, até. Acenei com a cabeça, assim que ele me perguntou aquilo. - Não obrigado, se precisar, eu mesma arranjo. - e dito aquilo, voltei a dar atenção ao bebé.

Teria certas dúvidas disso mas não disse nada. Mirei Vane uma última vez e sorri. Depois saí daquela casa a transformei-me, chegando depressa à minha pelo atalho da floresta.

Passara quase a noite toda dentro daquela sala de estar, até me sentir verdadeiramente segura para não encalhar em nada e cair das escadas a baixo com o bebé. Subi até ao segundo andar e entrei apressadamente no meu quarto. Logo a seguir deitei-me com Vane e fechei os olhos.

Felizmente a tempestade acalmara no dia seguinte. Já não havia chuva, nem trovoadas, nem ventos fortes.. apenas os danos causados. Continuava sem luz, como tal, tive que ir comer fora. Mas antes disso, tomei um banho e fui preparar-me. Logo a seguir, fiz as coisas a Vane e saí de casa.

Acabei por descansar ali mesmo, no sofá daquela sala. Foi quando uma hora ou duas depois, ouvi a campainha. Fui abrir e deparei-me com.. hum.. com um carteiro, que trazia uma encomenda para mim. Assinei o meu nome e seguidamente fechei a porta. Fui-me sentar e olhei para aquele conteúdo. Examinei-o detalhadamente e finalmente abri-o. Lá dentro estava um caderno com um ar antigo e algumas armas e coisas estranhas. Objetos com o nome ''Phillips'' gravados nos mesmos. Agarrei no livrinho e li o seu nome. ''Diário de Ben Phillips''. Aquele nome fazia-me lembrar de alguma coisa, mas não sabia o quê e quem.. abri-o finalmente.

Querida Alina, como sabes, eu nunca tive filhos, pelo que sempre te considerei como tal.. A minha cabeça doía a cada página que eu lia. Alguma imagens passavam-me pela cabeça e aos poucos fui-me lembrando da pessoa que escrevera aquele diário: o meu tio. Não sabia realmente o que se passara como ele, mas estava curiosa quanto àquilo.

Agora lembrava-me.. lembrava-me vagamente de algumas. De Drake a matar o meu tio, da gravidez.. do facto de estar sedenta por vingança..
Acabara por ir guardar aquele livro, num pequeno ''cofre'' que eu havia descoberto, no meu quarto. Lá dentro estavam coisas velhas, livros, cadernos e todas as coisas que eu tinha descoberto pela casa e achara importante. Tantas informações.. shh.. Foi então que reparei num pequeno arco, com um dragão ali gravado e o meu nome também. Avancei até ele e peguei no mesmo. Não me lembrava daquela arma, mas fazia uma vaga ideia para que servia. Acabei por ir lá para fora, para o jardim..

Enquanto Vane dormia no pequeno sofá da sala, eu tinha acendido a lareira e fechado a casa toda. Fui buscar umas mantas, algumas bolachas e outras coisas para comer e seguidamente, puxei todos os cadernos e livros que tinham o nome da minha família, Phillips.

Acabara por adormecer, agarrada aos livros. Ainda acordara algumas vezes com o choro de Vane, mas nada que eu não pudesse resolver. Depois de algum tempo acordada, peguei no bebé e levei-nos até lá em cima, adormecendo na minha cama.