Floresta

Afastei-me um pouco dele e logo gemi com as dores que tinha. - Se não acreditas, isso é problema teu. - suspirei. - Devias ir embora e voltares para o pé da tua amiga.

Os seus gemidos de dor não me foram indiferentes. Sem pedir permissão, subi um pouco a sua camisola vendo as nódoas negras recentes.
- Isto aqui não me parecer ser um "não se passa nada" - Respondi, ignorando o que ela dissera.

- Hey! - resmunguei, mas arrependi-me de imediato. Coloquei a camisola para baixo. - Mas, não se passa mesmo nada.

Se ela não me queria dizer então que não dissesse.
- Com a tua destreza ainda acabaste por cair mais do que uma vez? - Arrisquei a hipótese, mas isso não explicava o seu humor - Pensava que confiavas em mim o suficiente para me dizeres o que é que se passou.

Abracei-me de imediato ao seu corpo e deixei que as lágrimas brotassem. - Eu sou um monstro.. eu sou um monstro. - abanei a cabeça. - Ontem à noite, não tomei os comprimidos e descarreguei tudo numa rapariga. - olhei-o nos olhos. - Eu magoei-a à séria..

- Não és nada um monstro.
Acabei por dizer mas foi então que recebi o sms da Jade, recebendo a confirmação de Alina assim que ela começou a falar.
- Tu magoaste a Jade, não foi? Porquê que o fizeste, foram só os comprimidos?

Olhei para o seu telemóvel e foi então que tive uma vontade enorme de o esplodir, nem que fosse apenas com o olhar. Precisas de te acalmar. E precisava mesmo. - Sim, foi a Jade.. - acenei com a cabeça.

Olhei-a incrédulo.
- Porquê que farias uma coisa assim? - Não conseguia mesmo imaginar Alina a fazer uma estupidez daquelas - Mesmo sem os comprimidos tenho a certeza que estavas consciente do que estavas a fazer, só não percebo porquê tanta raiva na rapariga.

- Pára de fazer perguntas. - abanei o meu corpo.. - Vai-te embora, desaparece.. vai para o pé da tua amiguinha e não me refiro à moça bonita. Refiro-me à queixinhas dos sms's.

Abanei a cabeça e permaneci no mesmo sitio.
- Ela não está afazer queixinhas, está só a tentar avisar-me. Acontece que eu já estou prevenido quanto a ti, moça - Respondi secamente.

Gargalhei cinicamente. - Aham, imagino que sim. - revirei os olhos. É que devia ser mesmo verdade, devia. Que cabra. - Cobra..

Revirei os olhos. Jade dissera que foram as minhas mensagens que haviam despoletado a raiva de Alina.
- Só mais uma coisa... Porquê que os meus sms te deram tanta raiva?

Qual era a parte de não fazer mais perguntas que ele não entendera? - Vai-te embora! - empurrei-o e levantei-me. - O que é que tu tens a ver com isso? Vai ter com a queixinhas e deixa-me aqui quieta.

Será que ela tinha tomado os comprimidos hoje? Não parecia.
- Tenho a ver porque foi depois de veres os meus sms que começaste com essa cena toda do "eu sou má e vvou dar cabo da Jade" - Ironizei. - Quero saber porquê. Agora.

- Tu não tens que querer saber nada e muito menos exigires que seja agora. - respirei fundo. Voltei a sentar-me no chão, mas desta vez, um pouco mais afastada dele. Permaneci em silêncio.

Podia sentir os nervos à flor da pele, somente pelo facto de ela estar amuada.
- Tu também não tinhas o direito de descarregar a tua raiva na Jade. Essa raiva era dirigida a mim?

Virei a cara somente para não ter que o encarar. - Não, não.. era mesmo dirigida a ela. - deixei escapar num murmúrio.

Levantei-me e sentei-me à sua frente. De seguida toquei-lhe no braço.
- Diz-me porquê que o fizeste, Alina. Ajuda-me a compreender - Pedi suavemente.

- Tu odeias-me?
Olhei-o nos olhos. Eu sentia-me péssima, mas com uma enorme vontade de esmurrar a cara a alguém.
- Eu gosto de ti.. Chato..

Olhei para ela sem nada dizer. Claro que não a odiava. Estava algo furioso mas não a odiava.
- Como assim gostas de mim, Alina? Se for preciso amanhá estás a dizer-me o contrário.

- Bah.. gosto de ti e pronto. - encolhi os ombros. - Não te amo, nem nada do género, apenas gosto de ti.. E isso não é bem assim. Posso ficar zangada, chatiada, mas não vou dizer o contrário.

Estava surpreendido - Não baralhes as coisas, Alina. Tivemos sexo, somos amigos e é só.
Acabei por dizer, olhando-a nos olhos - E não podes ter ciúmes de todas as raparigas com quem falo, e muito menos atacá-las.

Eu tinha consciência de tudo aquilo, por isso revirei os olhos. - Ok, já acabaste de falar? - apontei para um local qualquer da floresta. - Então podes seguir caminho e ires embora.

Já sabia que ela não me estava a escutar.
- Sim, é só - Revirei os olhos e ignorei-a, dando meia volta para me ir embora.

Aleluia! Finalmente paz e sossego. Levantei-me com cuidado e continuei a caminhar pela floresta. Olhei para o telemóvel para me certificar que nada nem ninguém se encontravam em casa. Segui calmamente até casa.