Floresta

Olhei para Drake e dei-lhe um beliscão, tomando a sua atenção. Abanei claramente um não com a cabeça. - Eles não são más pessoas, acho.. - não tinha a certeza daquilo. O rapaz parecido com Drake levantou-se e olhou-nos e seguidamente o outro também fez o mesmo gesto. - Que horror ele é mesmo parecido contigo! - gritei escandalizada.

Ela tinha razão. O rapaz era parecido comigo, se bem que um pouco mais baixo e pálido. Pergunta quem eles são, caramba! Nestas alturas o seu amigo imaginário não se lembrava de ler os meus pensamentos?

Olhei para ele com cara de má e dei-lhe um pontapé. - Eu não devia era fazer nada, seu rafeiro estúpido! Psé.. nem um se faz favor.. - cruzei os braços ao peito. Se eu não fosse tão curiosa, certamente não lhes perguntava nada, mas.. - Mas afinal quem são vocês, mesmo? - ambos olharam-me. Epa.. isto de estar ao pé de três rafeiros, não dá com nada, não dá não..

As suas tentativas idiotas de me chamarem a atenção não davam em nada. Ela é que arranjara aquela situação, não eu. E eles eram lobisomens, eu sentia-o mas não entendia porquê que eles não se podiam transformar.

Sentei-me ao seu lado e comecei a puxar-lhe o pê-lo. Eu era estranha, facto. - Viémos pela parte do nosso pai.. Ray Graham.. - olhei para Drake e voltei a puxar-lhe o pê-lo, completamente confusa. - A tua mãe acabou com o resto da nossa alcateia. Ela quer acabar com todos. Precisamos de ajuda. - eu estava tão confusa, mas também não me dei ao disfrute de compreender o que aqueles dois aludados para ali diziam.

Oh fuck. Eles eram meus irmãos. Raios. Abanei-me para fazer Alina parar com aquilo e com muita determinação e concentração consegui voltar à minha forma humana - Só sobram vocês os dois perguntei?

- Nós e mais três. - o olhar do mais novo que já há muito se dirigia a mim, estava-me a incomodar cada vez mais. Deu uns passos para a frente, até ser impedido pelo rapaz parecido com Drake. - Ela tentou matar-nos Jon! - arregalei imenso os olhos. Eu?

Eu devia estar preocupado com a minha própria pele mas simplesmente não conseguia. Afinal de contas a minha mãe estava a fazer aquilo para chegar até mim. Inocentes estavam a pagar por um ódio que ela tinha por mim.
- Eu ajudo-vos - Respondi num tom sério. Virei-me para Alina - Podes ir, eu trato disto a partir daqui.

Olhei para aqueles três e encolhi os ombros. Depois olhei para Drake com cara de parva. - Desculpa? Agora viraste meu pai para dizer se posso ou não ir.. - simplesmente ignorei-o. Levantei-me e sacudi a minha roupa. Caminhei até ao rapaz com o nome de Jon e abracei-me ao seu corpo. - És mais giro que ele, pelo menos não tens a sua cara de nabo. - ri-me.

Desta vez não queria mesmo que ela se metesse. Podia estar a arriscar a sua vida.
- Isto não é assunto teu, não te metas Alina - Pedi.
Jon era bem mais novo do que eu. Parecia ter quinze anos. Vi a expressão de pânico dele quando Alina o abraçou - Pára com isso - Virei-me para o outro, o que era parecido comigo - Como te chamas?
- Jackson. O pai disse-nos para virmos ter contigo - Só a minha sorte para isso.

- Eu também não disse que o assunto era meu. - revirei os olhos e olhei para o rapaz, seguidamente para Drake. - Mas vai ser giro de se ver, estes dois ficarem sem cabeças e tu sem puderes fazer nada. - larguei Jon e fui-me empuleirar nas costas de Jackson. Este nada proferiu.

- Então não interfiras ao vir connosco!
Eu não acreditava naquela treta toda de ela ter poderes e para alem disso eu não cedia a ultimatos.
- Agora larga-o, por favor. Temos de ir.

- Eu? Eu não estou a interferir em nada!
Remexi nos cabelos de Jackson e beijei a sua face. Saí de cima dele e agarrei-me ao seu braço.
- Então vamos!

Aproximei-me dela e puxei-a para o braço.
- Tu não vens - disse mais uma vez.

Remexi o braço até conseguir com que ele me largasse.
- Tu não mandas. - sorri cinicamente.

- E tu não tens de meter nesta trapalhada toda.
Respondi, farto da sua persistência idiota.

- E tu não tens que opinar para onde eu me meto ou deixo de me meter.
Mostrei-lhe a língua. Eu ia, quer ele quisesse ou não.

- Tenho de opinar uma vez que vais atrapalhar e eu não estou aqui para brincar.
Respondi e virei-me rapazes - O Ray está morto? - Perguntei. Era provável que sim.

Imitei as suas palavras de forma irónica e sarcástica. - Quero lá saber.. não mandas em mim! - Olhei curiosa para cada um deles.
O mais novo acenou com a cabeça, num claro sim. Apenas encolhi os ombros.

Percebi que eles estavam abalados com isso. Provavelmente Ray tinha sido um bom pai para eles, iria fazer-lhes falta.
- Temos de nos juntar aos outros três. Atraímos a minha mãe até cá, eu posso lidar com ela sozinho enquanto vocês fogem - Respondi e comecei a caminhar, fazendo sinal ao outros dois que me seguissem. Já nem queria saber de Alina.

Quase que me desmanchei a rir. Ele não percebia que só ia acabar por os matar? Também não era preciso ser muito inteligente para adivinhar isso. Não era como se a sua mãe o achasse assim tão facilmente. Olhei para Jackson e fiz beicinho. Ele logo tratou de coçar o couro cabeludo, atrapalhado. - Drake.. deixa-me levá-la. - sorri abertamente. - Eu encarrego-me dela.

Ai o caraças... Agora tinha de aturar que o rapaz estivesse encantado com Alina? Revirei os olhos.
- Ah, e já agora, que cortes são esses nos teus pulsos e na cara? Estavas aborrecida, era? - Perguntei cinicamente e continuei a andar. Eles que se lixassem.

Abracei-me ao braço de Jackson, enquanto caminhavamos e sorri toda contente.
- Deve ter sido isso, deve.. mas, não é da tua conta, mesmo.

- Não é da minha conta nem quero saber.
Bufei e caminhei floresta fora, ainda a resistir ao impulso de voltar à forma animal. Guiei-os até chegarmos a minha casa.

Tinha recebido a mensagem de Raph o que me surpreendeu e ao mesmo tempo causou uma leve sensação de medo.
Tinha já caminhado pela floresta uns 5 minutos e nada de Raph. - Raph? Isto não tem piada, aparece! - Disse em voz alta.