Houston

Abanei a cabeça - Mesmo que consigas reter a mudança hoje, não o vais conseguir fazer na tua primeira lua cheia. É impossível .

- Vou sim! - puxei um pouco da pele da sua bochecha e logo a seguir, larguei-a. - Com ou sem a tua ajuda. - e eu estava mesmo decidida. Não era nenhuma lua cheia que ia mudar isso.

Ela estava a enganar-se a si própria - Se resistires vai ser pior, amor. Não faças isso.
 

- Não sei qual vai ser a graça de andar para aí transformada.. aquilo foi horrível Drake! - cruzei os braços ao peito.

- Sim, e da próxima vez que te transformares vai ser horrível também. E só será horrível porque tu és teimosa demais para aceitares a mudança - disse sériamente - Eu sei que tu não querias nada disto mas pelo teu próprio bem, tenta pelo menos aceitar que agora és uma loba e vais ter de te transformar.
 

Sorri cinicamente e olhei-o. - Para o meu próprio bem? Queres tu dizer, para o teu próprio bem! Tu só pensaste no teu cu quando me transformaste! - saí do seu colo e fui até à minha mala de viagem e tirei de lá alguns líquidos. - Mete isto na tua cabeça: eu não vou, nem tenho que aceitar nada..

Segui atrás dela - Fi-lo por mim, sim. Mas também o fiz pelo Vane e também o fiz por ti. Ias morrer, Alina! Morrer! - Eu fizera o que tinha a fazer para manter a minha família. - Que merdas são essas? Não uses isso.

- Pois eu preferia ter morrido! - gritei. Tirei apenas três frascos. Todos eles, com diferentes tipos de prata líquida. Prata líquida modificada com os conhecimentos do meu tio e seguidamente dos meus. - Não tens nada a ver com isso.. se os usar ou não é problema meu.

- Preferias ter morrido? Preferias ter deixado o Vane sem mãe? Desajavas isso para o teu próprio filho? - Inquiri indignado. No fundo sabia que ela estava furiosa e falava sem pensar.  Avancei e tirei-lhe os líquidos da mão - Não te vais matar com estas porcarias. 

- Por quatro meses eu deixei-o contigo, achas mesmo que me ralava se o deixava ou não, sem mãe? - no fundo sabia que sim. Mesmo assim, Drake não tinha o direito de me transformar na mesma coisa que ele. Num monstro.. - Não me mato com essas, mato-me com outras! Simples! - revirei os olhos.

 - Sim, acho que sim - Tinha a certeza que sim. Ela amava Vane. - Pára com isto tudo, Alina. Não vais morrer, nem te vais matar. 

- Pois então é porque não me conheces. - sorri cinicamente. - Paro? Eu paro? E tu? Paraste para pensar se eu queria ser isto? Não, tu simplesmente agiste! - revirei os olhos. - Entende, eu não quero ser assim. Prefiro mil vezes estar morta do que ser assim!

Eu queria tanto revirar os olhos. Aquele seu mau feitio era duro para aguentar. - Então é assim? Preferes estar morta a estar com a tua família? 

Tinha-me controlado tanto, para não lhe atirar à cara, a morte do meu tio. Agarrei nos frascos e voltei a colocá-los dentro da mala de viagem. - Sim.. é isso mesmo. - Por mais egoísta que pudesse estar a ser, ele também o fora. Abri o armário e comecei a por toda a minha roupa dentro da mala.

- Então simplesmente devo acreditar que te estás a lixar se o teu filho cresce sem mãe? Que andas a dizer que me amas e é tudo uma mentira? Vai-te lixar, Alina, não acredito - Agarrei-a, fazendo parar de tirar as suas roupas do armário.

- Sim, deves acreditar nisso tudo! - revirei os olhos. Empurrei-o e afastei-me da sua pessoa. - Não me toques! - voltei a caminhar até ao armário e a atirar tudo o que era roupa minha. - A culpa disto tudo é tua e só tua.

 

Agarrei-a com força e peguei nela ao colo. Mesmo com ela a ripostar, seguimos para o exterior.
- Sim, a culpa é minha. Descarga isso em mim, agora. Vinga-te - disse-o muito sériamente.

Fui o caminho todo a ripostar. Abanei pés, mãos e tudo e mais alguma coisa.. Mordi o seu ombro com imensa força e afastei-me do seu corpo. - Deixa-me em paz! - comecei a correr, de volta a casa.

Corri atrás dela e derrubei-a. Acabámos os dois no chão - Não. Anda vá, atira-te contra mim. Sempre me quiseste matar. Fá-lo - disse num tom de voz gélido. Se esta era a única maneira de a chamar a razão, então só esperava que tal resultasse.

Não gostava de estar naquela posição. Sim, eu antes queria-o matar e podia estar agora a ter a chance que eu sempre esperara. Abanei a cabeça e voltei a empurrá-lo. Rastejei praticamente para longe da sua pessoa.

Que raios, aquela rapariga conseguia ser exasperante, por vezes. Foi então que me transformei e uivei. Isso ia fazer disparar os seus impulsos animais.

Tapei os ouvidos quando Drake começou a uivar e tentei levantar-me. Estúpido, quando queria, aquele lobo conseguia ser um estúpido. - Cala-te, cala-te, cala-te!

Olhei para ela e aproximei-me. Tinha de conseguir fazê-la reagir. Tinha de fazer alguma coisa.

Continuei a olhar para ele. O meu corpo tremia por tudo o que era sítio. - Não te aproximes de mim! Deixa-me em paz! - afastei-me o máximo que pude dele. Se ele se voltasse a aproximar, eu juro que iria usar o meu poder contra si.

Aproximei-me dela e lati, chamando-a, tentando acordar o animal que havia dentro dela. Anda Alina...