Quarto do Vane

Trocar-lhe a fralda não fora uma experiência da qual gostasse muito mas nem pensei em pedir ajuda a Lissa. Nenhum dos lobos estava em casa de momento, aliás, e estava sem dúvida a aproveitar a tranquilidade - finalmente sozinhos, pequeno e tudo o que tu queres é dormir - comentei e fui-me sentar com ele nos braços.

Um mau pressentimento apoderou-se em mim. Mas Vane estava comigo, aninhado nos meus braços, dormindo tranquilamente. Havia tanas coisas que podiam acontecer mas eu tinha de ficar com ele, protegê-lo.

Vesti o pequeno com um body azul e cinzento, um pequeno gorro e um casaco de lá cinzento escuro. Preparei uma mala com todas as coisas que podia ver a precisar - fraldas, cremes, manta, leite em pó e coisas do género. Depois aí de casa.

Dera banho ao pequeno e vestira-o, despachando-o. Por minutos deixei-o no berço e fui também eu tomar banho e preparar-me para sair.

Deitei Vane no berço porém este continuou acordado e nervoso, choramingando de vez em quando. Não entendia o que se estava a acontecer, porquê que ele estava assim tão irritadiço.

Fora mais uma noite em branco. Nem chegara a ir para o meu corpo, fiquei mesmo por aquele sofá. Sempre era mais prático uma vez que Vane estava mesmo ali ao lado.

Ainda me intrepûs entre ela e o berço - Para já com isto, é a mim que queres, não ao teu filho.

Coloquei a minha mão na minha cintura e olhei-o. - Tu não mandas em mim, aliás, tu matas-te a única pessoa que ''mandava'' em mim, logo, não me chateies. - revirei os olhos. - Ele é meu filho, saí da frente..

- Então ainda te fiz um favor. Até parece que gostavas muito dele! - merda, já estava enervado

- Ele era meu tio, sangue do meu sangue. Foi a única pessoa que me criou, achas que eu não gostava dele? - e sim, ele poderia ter os seus momentos descontrolados, mas não era motivo para o querer ver morto. - Se querias fazer um favor, então matavas-te! Desaparecias de vez!

- Ele queria tirar-te o Vane, queria acabar com a tua gravidez! O Vane é sangue do teu sangue, também. Não o podia deixar fazer isso! - respondi sem remorsos Fizera tudo pelo meu filho e voltaria a fazer o mesmo se fosse preciso - O meu filho precisa de mim, estou aqui por ele e mais nada. Tu não sabes o que é melhor para ele, não és racional

- Oh claro, e matares o meu tio, impediu muito de acabarem ou não com a minha gravidez não foi?! - revirei os olhos. Para mais, eu nunca pedira um filho e muito menos, um filho dele. - Eu não sou racional é? Então quando ele morrer, aí verás se sou ou não racional!

Cerrei os dentes. Teria sido pior se eu não tivesse matado o seu tio - Acabaram a tempo de não fazer mal. Semanas antes, como o teu tio planeara, e não haveria Vane. E duvido também que tivesses escapado com vida a um aborto prepositado- respondi num tom furioso, nem ligando às suas palavra.

- Pelo menos eu e ele não teríamos que levar com a tua cara de rafeiro.. - empurrei-o, ou pelo menos, tentei. Ele que saísse da frente, eu queria o bebé.

Levantei e fitei-a cuidadosamente, como se fosse uma presa - Se não fosse por mim, o Vane já estaria morto. Por não me deixares protegê-lo foi o que aconteceu.

Se eu não tivesse o braço naquele estado, eu jurava que me ia atirar em cima dele e chateá-lo até realmente se sentir farto.. - Quero lá saber! Se o queres proteger, protege-o longe, bem longe!

- Isso deu em tu seres espancada até perderes a memória e a não saber do paradeiro dele durante um dia. Mau método - resmunguei num tom sarcático.

Inspirei e expirei repetidas vezes, tentando-me acalmar. Estava a começar a ficar extremamente irritada. - Quero lá saber! Eu já não recuperei a memória, então pronto! - cerrei o punho. - Arranja outro método, longe.. longe!

Aproximei-me dela, ficando muito perto. Inclinei a cabeça para pode rolhá-la nos olhos - tanto ódio apenas por ter matado o teu tio? Sei que há mais aí. O que é?

Não havia mais nada, não que eu me lembrasse. Desviei o meu olhar do seu e dei um passo atrás.. - Não há mais nada, não estejas a inventar.. - resmunguei.

- Tem de haver. Odeias-me ainda muito antes de eu ter morto o teu tio. Diz-me o que é - disse, inclinado-me ainda mais sobre ela.

- Não tem de haver nada! - E mais uma vez, voltei a afastar-me um pouco dele. - A louca sou eu e és tu que andas a ver coisas?!

Fiz um sorriso de escárnio. Ela não me enganava, mas parecia enganar-se a si própria - Em tempos amaste-me...- fitei-a diretamente - Sei que sim. Também senti o mesmo. Depois veio este ódio todo e tem perdurado

Por uns segundos fiquei tensa, não acreditando que ele estava a dizer realmente, aquilo. - Ahahahah! Não me faças rir, Drake! - revirei os olhos. - Só podes ser louco!

Louco, talvez. Mas nem de longe tanto como ela - Não negues o óbvio - disse num tom frio.