Sala de Estar

Quando o silencio predominou por estes lados, virei-me de barriga para baixo e estiquei novamente as minhas mãos até à lareira. - eu acho que nunca mais me vou conseguir levantar. - ri-me. - e acho também, que terás que ser tu a levar-me para a cama, quando eu quiser. - fiz uma careta.

Era provável que o corpo dela ficasse bem dorido depois desta sessão prolongada e intensa de sexo.
- E quando é que queres ir para o quarto?

- Não sei bem.. - encolhi os ombros e virei-me para ele. - Talvez quando estiver com sono. - ou talvez, até quando ele tivesse de ir para cama. Isso se ele fosse para a cama.

Reparei que a lenha na lareira já estava quase a reduzir-se a cinzas. Levantei-me apenas para pôr mais lenha e acendê-la de imediato.

Sentei-me e assim que a lareira voltou a ficar como de início, puxei Drake para o pé de mim e abracei-me ao seu corpo. Fiz um sorriso torto e desajeitado, assim que fiz aquilo.

Estaria ela com frio para se abraçar a mim? Duvida muito. A sala estava quente e a lareria estava a meros centimetros de nós - Tens frio, Alina?

- Não.. Só quero estar um pouco, perto de ti.- Murmurei. Abanei a cabeça e fechei os meus olhos. Estava cansada era um facto, mas era um cansaço bom.

Sem saber bem o que fazer, passei as mãos pelas suas costas. Depois afaguei o seu cabelo. Eu não queria fazer estas coisas mas simplesmente não conseguia parar.

Arrepiei-me com o seu toque e suspirei. A cada minuto que passava, mais o meu corpo reagia a si. Aproximei a minha boca ao seu pescoço e depositei aí um beijo. Depois, encostei novamente a minha cabeça ao seu ombro.

O meu corpo arrepiou-se também quando ela beijou o meu pescoço.
- Alina... quão informada estás sobre os lobisomens?

Não percebia o porquê daquela sua pergunta, mas, mesmo assim respondi-lhe. - Eu sei várias coisas sobre vocês, assim como sei, sobre todas as outras espécies. - mordi o lábio. Mas com todo aquele contacto direto com ele, fazia com que a informação, crescesse a grandes escalas. - Porquê?!

- E que sabes tu sobre as parceiras dos lobisomens? - perguntei num tom de voz rouco. Havia coisas, segredos, que nem os caçadores sabiam.

Encolhi os ombros. Sabia pouco sobre aquela informação, já que eu não me tornara caçadora e só vivia e recolhia informações, em todos os livros e diários de família. E quanto ao meu tio, eram raras as vezes que lhe pedia para falar sobre espécies. Ele bem que tentava.. - Já ouvi falar, mas nunca me interessei muito sobre isso. - fiz uma careta.

Era bom que ela não soubesse. Eu mesmo desejava não saber muito. Agora sabia as coisas que estavam a acontecer entre nós... Mas não podia ser, obviamente que não. Ou podíamos?

Fiz uma careta. Agora ficava curiosa com aquele assunto, como sempre ficava quando algo ''novo'' ou pouco pesquisado me aparecia à frente. - Porquê?! O que tem?!

- Não tem nada. - disse, esquivando-me de mais perguntas. Não queria falar daquilo, muito menos com ela. Mas valia esquecer tudo isto. Eventualmente passará, não é? Ela não me quer, por isso...

- Está bem. - voltei a repetir o mesmo sorriso torto de à pouco e passei as mãos pelos seus braços. - O que é que gostas mais em ti?!

De onde é que vinha a sua curiosidade agora?
Sorri maliciosamente - Tu sabes o quê...

Comecei-me a rir e bati-lhe no braço. - Oh, sem ser isso, é claro! - revirei os olhos divertida. - Eu gosto dos teus olhos e dos traços da tua face. - fiz uma careta.

Ela estava a falar bem de mim? Wow, o sexo dera-lhe a volta à cabeça.
- Não sei, não penso nisso há uns bons anos. Acho que gosto do meu corpo, orgulho-me disso. Mas aquilo que gosto mais é sem dúvida saber que são os meus genes que estão em Vane. Ele é a parte de mim que gosto mais.

Vane era com toda a certeza a parte que eu também mais gostava de Drake. Dei-lhe uma cotovelada e fiz um ar de amuada. - Pois é.. esse rapazinho só tem os teus genes atrás de genes. Eu que sou boa, nada.. - fiz uma careta. Mas eu gostava dele assim.

Ri-me com aquilo. Ele também já tinha traços dela.
- Mais vale que no físico ele saia a mim, não é?

Abanei a cabeça e sorri toda alegre. Ele tinha razão.. - Mas, não convinha que ele saísse muito a mim, quanto ao psicológico. - encolhi os ombros. Pensando bem, nem queria que ele fosse tão parecido comigo por dentro.

- Eu também não sou lá grande coisa quanto ao psicológico. Talvez ele tenha apenas o bom que nós temos - murmurei. Depois fiz um esforço para conseguir fitá-la - Estás arrependida por teres tido o Vane? Quero dizer, por teres um filho meu? - engoli a seco.

- Sim.. deves ter razão. - sorri. Depois fitei-o e ergui o sobreolho. Não lhe sabia muito bem o que lhe responder. - Eu não segui com a gravidez até onde pude?! Acho que isso não é arrependimento.. - mas não era bem assim. Ainda estivera umas boas semanas, em fase negação e em tentar perceber se queria realmente aquele bebé. Já para não falar que eu fugira. Mas isso eram águas passadas e lembranças que apenas queria esquecer.