Ruas da Cidade

Terminei a chamada e suspirei. Estava tudo tratado e se tudo viesse a acontecer, então era mau sinal de certa. Encostei-me à parede por momentos e resisti a fumar uma cigarro.

Apressei-me a sair daquele hospital e mais rápido andei, assim que me vi naquelas ruas da cidade. Contudo, não me podia esquecer que levava o bebé nos meus braços, logo, não podia andar muito depressa.

- Sabes, deviamos realmente fazer uso ao carrinho que comprámos - se bem que, quando Vane estava ao nosso colo, era praticamente impossível largá-la, era simplesmente uma sensação tão boa.

- Sabes, eu não faço uso, das coisas que são compradas.. hum.. com dinheiro de cães.. - revirei os olhos e virei-me para ele. - Espera, os cães ganham dinheiro? Shh.. ah não, só ladram. - voltei a virar costas para ele e a caminhar.

Ignorei a sua piada. Quando o fôramos comprar ela não se importara nada - Só para que conste, o dinheiro era do meu avô. É herança e ele não era lobo nenhum.

Eu não queria saber de onde é que viera o dinheiro. Tinha sido ele a pagar e isso bastava. - Pois então devias ter nascido como ele. - abanei a cabeça. - Mas não, quiseste ser logo um cão! Bah..

Tanta implicância para comigo. Se fosse um cão com genes do Jackson ela não se importava. Ela só se importava e abominava que fosse os MEUS genes - Podias ter logo dito tudo isto e poupado tempo com aqueles dias de compras. Parecias bem animada na altura, porque seria?

Afastei-me dele e atravessei a estrada. Assim que cheguei à outra parte do passeio, virei-me para ele e mostrei-lhe o dedo do meio. - Eu não quero saber o que estás para aí a dizer. Tu mentiste-me! Fizeste-me acreditar que o meu filho era do Jackson e és um monstro!

- Também pensava que o filho era do Jackson! Até aquele dia na praça...em que te toquei e senti a ligação. Não fazia sentido para mim e muito menos faria para ti, por isso decidi esperar até ter certeza! - respondi,farto de dizer o mesmo.

- Men-ti-ro-so.. - falei irritada, mas não o suficiente para acordar o bebé. - És um mentiroso! Se fosse por ti eu continuaria bem iludida e não dizias nada! Porco!

Ela não fazia ideia daquilo que eu querera fazer - Achas que teria tolerado que o registasses com o nome do Jackson, que o chamasses de seu filho? - Se ela alguma vez me conhecera realmente, sabia que era demasiado orgulhoso para isso.

- Quero lá saber se tu irias ou não tolerar! - ele merecia era que eu registasse o bebé mesmo com o nome do Jackson. Bem que se fodia..

Aquilo nunca ia entrar na sua cabeça teimosa e idiota - Caraças, nunca me conheceste realmente! - que estúpido que eu era por ter acreditado nisso, nem que fosse por uns míseros segundos.

Abanei a cabeça. E porque haveria eu de conhecê-lo verdadeiramente? Ele não passava de um estúpido, que se fosse fuder. - Quero lá saber! Não preciso de te conhecer, vai-te catar!

Pois, mas eu pensara que ela me conhecera há bastantes meses atrás e eu a ela. Estava bastante enganado, aparentemente. - Como queiras, já tens dezoito anos e tens o teu dinheiro, compra tu um carrinho com ele.

Revirei os olhos. E quem lhe dissera, que eu queria comprar um carrinho? - Sim, claro.. xauzinho. - rapidamente chamei um táxi e meti-me dele. Fui direitinha a casa.

Argh, que raiva! Ela nem me dera hipótese de me despedir de Vane, o meu próprio filho. Cerrei os punhos e voltei para casa.

Fizera uma hora desde que entrara e saíra do centro. Finalmente Vane estava registado e o meu nome fazia parte da sua identificação. Não fora fácil arranjar aquilo sem documento próprios, mas com alguma persuasão lá conseguira.
Segurei o cartão na mão. Vane Levis Graham. Não era o melhor segundo nome de sempre mas era igual ao meu e sinceramente não queria saber da opinião de Alina naquilo.
Suspirei e fui até casa, a minha casa.

tinha de ser LEVIS muhahha

Já tinha reparado que estava a ser seguida, desde que passara uma certa rua. Apressei o meu passo e olhei para o bebé, tanto tranquilisar o seu ar de choro. Beijei o topo da sua cabecinha. Não sabia o que eram, mas suspeitava que fossem tudo menos humanos. Precisava de chegar rapidamente à casa de Drake, pelo menos, para colocar lá o bebé. Foi então que estava tão distraída com os meus pensamentos que acabei num beco sem saída. Suspirei e virei-me para as duas criaturas que rosnavam para mim. Não é que tivesse medo, mas estar ali, com um bebé ao colo, não dava nada jeito para escapar. E ainda não me podia esquecer, que, estava muito fraca para usar os meus poderes. Tentei chamar Kev mentalmente, mas nada de amigo imaginário. Pude visualizar a cara de ambos os rapazes que estavam ali, assim que os raios fracos de sol, lhes embateram na cara. Não eram caçadores, eu tinha a certeza. Foi então que me tiraram o Vane dos braços. Tentei acalçá-lo mas fui logo agarrada por um dos individuos. Senti a minha face a arder e o pescoço a ficar ligeiramente dorido. Procurei o minha arma de prata, mas assim que o apunhalei, fui logo atirada contra a parede. Senti os meus ossos fraquejarem, por uns momentos. Cuspi qualquer coisa que não tinha bem a certeza do que era. Senti os seus pés pisarem o meu corpo e quando ouvi o choro de Vane, tentei levantar-me. Mas foi em vão.. acabei por perder todos os meus sentidos.

A sensação de mau agoiro não passara. Tentei procurar por Alina mas ela não estava em casa nem noutros sítios onde eu procurei. Começava a ficar irritado e nervoso com tudo o que se estava a passar. Tudo se intensificou assim que sensações se apoderaram do meu corpo – sensações que não eram minhas como o medo e a confusão. Demorei algum tempo a perceber que se tratava da ligação que tinha com Vane. Oh não. Gelei naquele momento. A minha fúria e medo passaram a outro nível que eu não sabia existir. Procurei pela cidade toda até me deparar com Alina. Aproximei-me rapidamente dela e observei o seu estado lastimoso. O Vane não está aqui. Onde é que ele está, caraças, onde está o meu filho?! Segurei a cabeça de Alina nos meus braços e tentei acordá-la mas ela estava mesmo em muito mau estado. Engoli a seco e peguei no seu corpo inerte. Tinha de a levar para o hospital e fazê-la acordar.

Não aguentei e tive de tirar um cigarro. Voltei ao sitio onde encontrara Alina e desta vez transformei-me, mesmo sabendo que era perigoso fazê-lo na cidade. Farejei todos os cheiros. Havia o e Alina e havia o de Vane. Depois outros dois desconhecidos. Foquei-me neles.

Tinha que admitir que comandar aquele carrinho com um só braço, não dava lá grande jeito, mas, lá me safara. Caminhei lentamente, sempre com cuidado e atenta a tudo o que poderia vir por aí. Depois fiz uma pausa e recomecei a andar. - Isto não dá jeito nenhum! - resmunguei.

- Pára por uns momentos, deixa-me fazê-lo - pedi, sabendo que o seu braço estaria provavelmente dormente.

Neguei com a minha cabeça e puxei o carrinho para o pé de mim. Não precisava da sua ajuda. Queria ser eu a fazer aquilo.. - Deixa estar..

- Está bem então - Mesmo assim mantive-me de olhos em toda a situação enquanto caminhávamos.