Ruas da Cidade

-Claro, como se eu te fosse roubar o pai da criança. - suspirei e apontei para a barriga dela. - Vá lá Alina, também sou chanfrada, também preciso de uma amiga. - implorei. Tinha de admitir que não estava à espera de uma gravidez ficar tão bem a uma psicopata. Até parecia... amorosa.

- Roubar? What?! - fiz um ar de confusa. Não tinha percebido nem um pouco do que ela estava para ali dizer, mas também não fiz esforço algum para tentar perceber. - Quero lá saber se és uma carênciada.. estou-me pouco lixando. - disse já a levantar-me do chão. Afastei-me um pouco da parede de forma a puder-me segurar melhor.

Percebi que ela estava com dificuldades e corri até ela para a ajudar a caminhar - Oh por amor de deus, pára de fingir que és uma cabra. Toda a gente já sabe que o és, agora diz-me porque raio é que tens de me odiar tão profundamente?! - resmunguei.

Estava a começar a ficar extremamente farta, de toda aquela sua aproximação. É que já me estava a passar! - E tu pára de tentar ser simpática e boa ''amiga'' quando a única coisa que consegues ser é uma falhada! - Cerrei os punhos e empurrei-a brutamente para longe de mim. - Deixa-me em paz!

Até certo ponto ela estava correcta. Eu estava só ali a fazer-me de heroina, de pessoa fixe que salva tudo no final. E por muito que tentasse, seria sempre uma falhada. - Sou tão falhada como tu, que acabaste de perder toda a gente que tinhas e nem és capaz de admitir que precisas de alguém! - acusei, afastada dela.

Revirei os olhos. Pois claro, mas eu, apesar de falhada, nunca chegaria ao seu lugar. Eu, pelo menos, ainda tinha alguém.. Acariciei a minha barriga. - Eu não preciso de ninguém! - gritei. - E se queres que te diga, ao menos eu ainda tenho alguém.. já tu.. até o teu querido Derek te deixou não foi? Pobre coitada..

Pior só poderia ter sido se ela tivesse falado da Ruby. - Para tua informação, quem lhe atirou um copo à cabeça fui eu. - defendi-me sem menor das preocupações - Lá porque não precisas de ninguém não quer dizer que não possas ter uma amiga. - porque é que eu ainda tentava? ela tinha-me esfaqueado!

Respirei fundo. Sim, eu tinha que me acalmar. - Além de falhada és burra?! Juro-te que aqui a loira afinal não sou eu! - por amor de Deus! Quem no seu perfeito juízo, teria dado uma tampa a um loiro lindo como aqueles?! Ninguém! Aquela Jade era ainda mais atrofiada que eu! - Mas eu não quero amiga nenhuma..

-E arrependo-me disso. - admiti baixinho. Não devia, mas arrependia-me mesmo. Se soubesse que estava assim tão apaixonada, nunca o teria feito. Mas... o que é que ela tinha a ver com isso? - Alina, sabes que vais precisar de ajuda para tomar conta desse bebé. Minha ou do Drake, mas vais.

Tapei os meus ouvidos com ambas as mãos e abanei-a com força. - Eu não quero ouvir, eu não quero ouvir, eu não quero ouvir.. - murmurei repetidas vezes. - Eu não preciso de ajuda de ninguém entendes?! E muito menos, de vocês os dois!

-Loira burra psicopata! Quantas pessoas já perdeste? Quantas achas que vais recuperar? Tu esfaqueaste-me por causa de dois sms e eu estou aqui a pedir-te para seres minha amiga! Anda lá, eu preciso de ti e tu de mim... - era a última vez que tentava. Se ela recusasse, eu ía-me embora. - Eu também já perdi a minha família.

Gargalhei cinicamente e revirei os olhos. O facto de ela ter tocado no assunto da família, já me tinha dado pequenos calafrios na espinhas. - Eu não preciso de recuperar nem nada do género! - aproximei-me dela. Eu juro que a matava ali mesmo. E pelas minhas próprias mãos.

-Ok então. Eu tentei. - disse baixinho e preparei-me para ir embora, até que me lembrei de uma coisa. Cruzei os braços - Oh, deixa-me só acrescentar. A gravidez até te fica muito bem, mas ficava melhor se não fosse essa maquilhagem borrada das lágrimas e esse ar de puta que metes.

Coloquei um grande sorriso nos lábios. Só ela é que se queixava mesmo.. - A inveja fica-te tremendamente mal, Jade.. - ri-me e avancei para cima dela. Coloquei as minhas mãos no seu pescoço e apertei-lho.

Bem, pelo menos tinha tentado. E sabia que esta era uma das três hipóteses que poderiam acontecer depois da conversa. Era algo que estava à espera. - Força, faz lá de assassina totalmente chanfrada dos cornos. Diverte-te, uma vez na vida. - dito isto, fechei os olhos e preparei-me para ficar sem ar.

Eu iria fazer mesmo aquilo, se não tivesse ficado extremamente enjoada. Já estavamos as duas caídas no chão, eu em cima dela, quando coloquei a minha mão à frente da boca. Tentei conter o enjoo, mas foi-me impossível.. Acabei por vomitar em cima dela. Afastei-me um pouco da sua pessoa. - Merda.. - murmurei.

Bah. Bah. Bah. Nojo. Nojo. Nojo. Sim, porque, em vez de sentir a ultima dor, uma dor bastante mais fácil do que as outras, só senti o cheiro nojento do vómito dela. - Se alguma vez te arrependeres, manda-me uma mensagem. - disse por último e comecei a caminhar para casa. - Ou se ainda me quiseres matar, corre agora para aqui e força! - gritei ainda, de costas para ela.

Revirei os olhos e tentei-me levantar. Mal o consegui, respirei fundo e comecei a caminhar no sentido oposto ao dela. Que rapariga mais otária e chata que já tinha conhecido, pensei comigo mesma. Muito rapidamente, saí dali.

- Se quiseres ir para o escritório, podes ir ou para outro lado - encolhi os ombros - eu so te pedi para vires comigo para ver se arejavas e ficavas melhor - sorri - e acho que ate ficaste, ao menos ja te ris - pisquei.lhe o olho

Abanei a cabeça e cruzei os braços ao peito. - Eu estava mesmo a pensar em voltar para o escritório, tenho que acabar uns trabalhos.. - cocei o couro cabeludo.

- Eu até adivinho o que tu estas a pensar - ri.me - podes ir quando quiseres, eu fico bem ou precisas de mim no escritorio ? e que como me mandaste embora e eu fiquei com uns ficheiros ainda por arquivar, queres que acabe aquilo ? - perguntei

Olhei-a sem qualquer tipo de malicia. - Eu? Eu não estou a pensar em nada.. - ri-me. - Oh, não.. podes ir embora se te apetecer..

- De certeza Spence ? E que por mim é na boa voltar - olhei para ele - Como tua secretária pessoal estou disponivel quando precisares - sorri - Se não quiseres, ai só tens de dizer mas depois sempre me podes ligar

- Oh, é na boa.. - Por uns segundos, umas imagens maliciosas passaram pela minha mente. Olhei-a. - Não digas as coisas dessa maneira, não a um patrão como eu.. - ri-me. Eu não tinha dito mesmo aquilo, ou tinha?! Cada vez mais, me enterrava.

Comecei.me a rir - Eu sou a tua secretária pessoal disponivel para o que precisares - murmurei sensualmente, mordendo o labio, aproximando.me dele. - e para quando precisares - passei um dedo pelo seu peito e voltei a rir.me - eu prometo que nao repito isto - pisquei.lhe o olho