Café

Tal como eu dissera, definitivamente ele não era como eu que nem outro café tinha aceitado. Comprei o café e deixei soltar algumas gargalhadas com o empregado enquanto o rapaz não me via. Quando voltei à mesa, pousei o meu café e o meu descafeinado em cima desta, declarando: - Aí tens, mais uma vez desculpa o acidente.

Agradeci pelo novo café - Sou o Drake, e desculpa se fiquei um bocadinho irritado à pouco - Acabei por dizer - Sei que foi um acidente mas tenho mau temperamento. Como te chamas?

Finalmente consegui sorrir e achar o rapaz amavelmente simpático - Chamo-me Jade. - e já repeti isto 4 vezes hoje, acrescentei mentalmente depois de me ter apresentado - E não há problema.

Sorri simpaticamente - Prazer em conhecer-te Jade .
Acabei por bebericar o novo café, saboreando-o - Não és adepta de coisas fortes? - Perguntei, indicando o seu descafeinado.

- Igualmente. - suspirei, bebendo com ele um golo do meu descafeinado - Depende do dia, mas hoje já bebi um café.. - informei-o cruzando as pernas por baixo da mesa e olhei para a janela - E além disso está a ficar tarde, se beber muito mais não durmo nada esta noite.

O meu café acabou num ápice, e não consegui evitar em lamber levemente o lábio e apreciar o resto da cafeína.
- Tens razão quanto a isso. - Lembrei-me em como os meus genes pouco absorviam da cafeína, Podia beber pelo menos cinco cafés sem que afectado. Mas ela era humana... Não. Fitei-a melhor. O odor dela não era humano, não completamente e isso deixou-me intrigado. Obviamente, não lhe perguntei nada quanto a isso.

Havia algo nele que não fazia sentido, algo me dizia que não era uma pessoa 'normal', assim como aqueles que tinha visto esta tarde. Mas como eu já tinha endoidecido o suficiente, não perguntei. - Vives cá há muito tempo?

Estava um pouco distraído a pensar no que ela poderia ser. Foi então que "acordei", ao ouvir a sua pergunta - Não, mudei-me para cá recentemente e tu?

Tive de esperar um pouco pela sua resposta, mas lá a consegui. - Ah, não, eu vivo cá desde sempre. - respondi-lhe e olhei em redor - Então, bem vindo, parece-me. - e fiz mais um sorriso amável.

Sorri ainda mais.
- Obrigado pelas boas vindas, então. - Agradeci. Pensei numa forma de a questionar, da forma mais subtil, é claro - Já que vives aqui desde sempre diz-me uma coisa... Strange não é conhecida como uma cidade normal, porquê que dizem isso? - Perguntei, com ar de quem não sabia nada.

Fiquei um pouco apreensiva com o que lhe haveria de dizer. Não queria retomar partido que descobrissem que eu era das mais poderosas da cidade, assim como havia sequer 'criaturas mais poderosas' nela. - Oh, não sei. Sempre ouvi essas histórias, e a verdade é que sempre houve acontecimentos estranhos aqui mas... nunca vi nada sobrenatural... - menti e mordi o lábio. Bolas, pensei. Eu era terrível a mentir.

Quase que podia acreditar nas suas palavras e pensar que ela não sabia de nada, até que mordeu o lábio. E para além disso eu podia ouvir o bater do seu coração e ela estava, claramente, a mentir - Tens a certeza? Acho que ambos sabemos que Strange é realmente diferente, e que, o que não falta por aqui, é seres sobrenaturais - Decidi arriscar. Se ela pensasse que era louco, bem, então não seria a primeira.

Estava totalmente confusa com o que lhe haveria de dizer e percebi que ele não tinha acreditado nem um pouco nas minhas palavras. Foi aí que me ocorreu um pensamento - e ele? seria ele humano? - Não.. quer dizer não sei. Talvez.. - disse mais seriamente, apesar de ainda não ter seriedade suficiente para enganar alguém, apesar de ter poderes para isso. - Mas afinal, porque é que te agarras tanto a essa história?

Não queria, de maneira nenhuma, pô-la confusa. Só dei conta que estava outra vez a ficar com uma expressão séria minutos mais tarde. Suavizei imediatamente, afinal de contas eu só queria saber o que ela era.
- Sinceramente não sei. Tu não és humana e eu não que és. Estou curioso, é só - Respondi calmamente, tentando não a assustar com a minha tentativa de dizer que ela não era humana.

Suspirei de alivio ao saber que ele só estava a querer descobrir a minha espécie, apesar de a minha espinha ainda se arrepiar ao pensar de que espécie ele era. - E qual é o teu interesse em saber isso? - perguntei com os lábios a tremer, até me aperceber que ele já tinha dito que estava só curioso. - Sou uma anja. - apressei-me a dizer sem pensar, até me aperceber que o tinha feito. Bolas Jade, és burra que nem uma porta., comentei para dentro e mordi novamente o lábio.

Encolhi os ombros, questionando-me com a mesma pergunta. Que interesse tinha eu?
- Estou somente curioso, porque nunca estive na presença de alguém como tu - Depois ela respondeu-me e podia jurar que o meu queixo cairia até ao chão, se pudesse. - Uma anja? Eu... Hum, nunca pensara que existissem mesmo, só ouvia rumores e ... - Cocei o pescoço um pouco atrapalhado com a situação.

Soltei uma gargalhada e fiz um sorriso atrapalhado - Bem, parece que existem. - confirmei acenando com a cabeça, aliviada por ele não me vir a fazer mal nenhum - Que criatura és tu, afinal? - perguntei. Retiravam-se as hipóteses de anjo, anjo negro e fada.

Foi aí que entrei no café á pressa nem reparei quem lá estava dentro.
Pedi uma água gelada. - Uma água fresca com um cheirinho se faz favor. - Fiz então o meu pedido.

Uma anja... Ela é uma anja. Sentia-me impressionado. Até que ela me perguntou o que era eu.
- Sou um... lobisomem - Respondi, já preparado para que ela reagisse mal, sentindo nojo ou mesmo medo de alguém como eu. Era normalmente assim que certas pessoas reagiam.

Se eu fosse uma criatura normal, teria fugido dali a sete pés. Mas como anjo, tinha aprendido a nunca ter nojo de alguém, excepto dos anjos negros. Ia-lhe responder quando vi uma pessoa que não me era desconhecida a entrar e, apesar de não ter visto bem na noite anterior, reconheci que era Derek. - Hey! - chamei-o.

O meus sentidos alertaram-se assim que ela chamou Derek. E ao olhar em redor soube de imediato que ele estava ali, a meros passos de distância.
Não pude deixar de me sentir preparado caso ele me atacasse. O que era difícil dado que tinha também de controlar a minha raiva que fervilhava ardentemente por ele me ter tentado matar (e quase o conseguir).

Ia a sair do café até que ouço uma voz feminina a chamar por mim, lá vi quem era.
- Oi Jade, certo? Desculpa pela a outra noite não podia esperar foi uma urgência - Disse reparando que ao seu lado estava o rafeiro idiota.
Comigo trazia umas pastilhas de mentol.
- Queres uma? - Perguntei para Jade.

Abanei a cabeça, recusando o convite - Não obrigada. Senta-te aqui. - sugeri, puxando uma cadeira para ao pé de mim e de Drake. - Este é o Drake. - apresentei e olhei para ele, apercebendo-me que o olhar dele estava ... diferente. - Hey, Drake, passa-se alguma coisa? - perguntei inocentemente.


(eu vou sair, volto mais logo, se for mt preciso postem sem mim...)

Tinha ido até à floresta à procura de Derek, mas a única coisa que acabara por encontrar era um pequeno lagarto. Ia a passar pelo café quando o vi e comecei a correr feita louca. - Derek, Derek, olha o que eu... - e tropecei numa pedra e caí. Levantei-me chatiada e apanhei o lagarto. - Bah.. olha o que eu apanhei!!

Não podia deixar de estar irritado. Olhei para Jade e tentei suavizar a minha expressão, mas ficou sem efeito - Não se passa nada, Jade - Respondi e levantei-me. Despedi-me dela, dizendo que tinha de me ir embora pois tinha alguém à espera, e acabei por lhe dar o meu número. Depois disso saí só que lá estava Alina. Acabei por encolher os ombros e continuar a andar, já que ainda tinha de ir a casa.