Cozinha + Sala de Jantar

Abri a torneira e enchi um copo com água, bebendo-o de uma vez. Olhei para Alina. Não conseguia comer nada de nada neste momento.

Fiz apenas uma sandes para Drake e umas quantas para mim. Coloquei a sua no seu prato e meti-o na mesinha pequena da cozinha. Olhei para Drake, à espera que ele a fosse comer. - Demoras? - fiz uma careta.

- Não estou com apetite.
Respondi com um sorriso cínico a acompanhar.

- Problema teu, não meu. - revirei os olhos. Cheguei-me perto dele e empurrei-o até ele se sentar na cadeira. Sentei-me no seu colo e puxei-o o prato com a saudes. - Come.. nem precisas de comer tudo. Só metade..

O espaço entre mesa, ela e eu era bastante apertado. Mais uma vez, era completamente estranho vê-la grávida.
- Não quero, come tu.

Parti a sandes a metade, por metade e levei à sua boca, obrigando-o a comer. - Come bicho.. come oooooon.. - coloquei aquilo bem junto da sua boca e acenei com aquilo. - É só um bocadinho!

Só mesmo porque não estava interessado em que ela me chateasse o resto dia, dei uma dentada na sandes. À primeira foi estranho comer qualquer coisa mas depois até soube bem.
- Feliz?

Acenei com a cabeça e seguidamente sorri abertamente. - Agora acabas com este bocadinho e depois sim.. - fiz uma careta e puxei o meu prato para mim. Peguei na minha sandes e comecei a comê-la.

Acabei por comer o resto. Afinal o apetite sempre aparecera.
- O que é que o Jackson te disse? - Perguntei abruptamente. Ao que me parecia, tinha a certeza que ele não dissera nada sobre mim.

Suspirei. Não queria falar daquilo e ainda por cima, falar daquilo, logo com ele. - Nada de mais. - Encolhi os ombros. E ele que se contentasse com essa resposta.

Não acreditava que não tivesse sido nada de especial. Mas não perguntei nada, aquilo que eu queria saber já sabia.
Apenas por alguma curiosidade, subi a minha mão e pousei-a sobre a sua barriga.

Acabei de comer, muito rapidamente. Foi então, que o seu acto surpreendeu imenso. Dirigi o meu olhar para a sua mão e seguidamente para ele. Depois voltei a olhar para a sua mão. - Hum.. Tu.. tu gostas mesmo do meu filho?

Esperava que ela não se importasse com aquele meu gesto. Isso tornaria o momento ainda mais constrangedor do que já estava a ser - Acho que sim - Respondi e um sorriso suave apareceu no meu rosto assim que senti o bebé dar um pontapé mesmo no sitio onde eu tinha a mão. Agora eu tinha a certeza - aquele bebé, o meu filho/a, era o meu futuro. Por isso não podia deixar que Kim ou Jackson ou qualquer outro me levasse a baixo. Não ia deixer.

Encolhi os ombros e sorri abertamente. - Mas o meu filho não gosta de ti! - gozei e mostrei-lhe ao mesmo tempo que senti um leve pontapé. - Sabe bem? - referia-me ao facto da sua mão estar em cima da minha barriga.

- Verás - respondi divertido quando, contudo, havia algo em mim cheio de medo com a responsabilidade que aí viria. Afinal, eu crescera como um pai, como ia saber como ser bom a ser um? Ainda por cima eu era a pior pessoa para dar exemplo a alguém. Ao relembrar-me disso suspirei e baixei o olhar.
- É bom...é, bem, mágico.

- Pois sim.. - fiz uma careta e olhei em redor. Não sabia bem o porquê, mas sentia mesmo que Drake se importava verdadeiramente com o meu filho. Confiava nele.. - Pois é.. - concordei. - Eu já te disse isso, mas vou voltar a dizer: obrigado. Por tudo..

Afastei a minha mão da sua barriga, percebendo que já estava ali há tempo de mais. Todo aquele momento ajudara-me a sentir um bocadinho melhor.
- É meu dever, Alina. Não agradeças.

Cruzei os braços ao peito. Não, não era dever dele.. E quer Jackson disse que aquele filho não era dele, eu nunca iria acreditar nisso, até prova contrária. - Tu lá sabes..

- Podes sair de cima de mim? Estou a pensar em ir continuar o trabalho no quarto do bebé, o resto do material chega esta tarde -Pedi, não estando para dizer mais nada.

Olhei para si, depois para o chão e voltei a mirá-lo. Abanei a cabeça, num claro não. - Pera.. primeiro quero saber uma coisa. - cocei o couro cabeludo. - Bom, tu és lobo.. rafeiro.. o meu filho também deve ser rafeiro, logo.. achas que sei lá, podes fazer assim umas cenas aí de lobo marado, tipo telepatia e merdas assim.. para ver que sexo o bicho é? - e eu podia estar a ser muito estúpida, mas eu queria saber mesmo o sexo do bebé.

- Não trates o bebé por bicho, por favor - Já nem falava do nomes que ela me chamava a mim, agora isso era o menos - Não sei. Podemos tentar mais logo.

Revirei os olhos. - Não é bicho, desse bicho.. - ele não entendera nada. Meti a mão na testa e abanei a cabeça. - É bicho.. bom.. opa.. não interessa. - saltei de cima do seu colo. - Mais logo? Sim!!

- Muito bem, tento logo à noite - Se bem que me parecia pouco provável descobrir alguma coisa.

Sorri alegremente e fui lavar os pratos, muito rapidamente. Hoje não o iria ajudar com aquela pintura. A meu ver, acho que só atrapalhava. Caminhei até ao quarto e fui buscar um ou dois livros, daquele que ele tinha comprado.

Entrei na cozinha e abri o frigorífico à procura de algo para comer. Percebi que tinha de voltar a abastecer a cozinha nos próximos dias. Limitei-me a tirar uma cerveja, perdera a fome entretanto. Fiquei ali.