Floresta

- Não te parece um pouco egoísta? Afinal não estás apenas por tua conta, há outra vida em risco - relembrei e cruzei os braços ao peito. Porquê que eu ainda insistia? Mais valia deixá-la ali, a mercê de qualquer um - Porque parece-me que daqui, sozinha não vais sair. E o meu meio-irmãozinho não parece vir aí.

- Não te parece que te andas a meter onde não és chamado? - levantei-me e encostei-me à árvore. Ele que se fosse embora, que me deixasse em paz. - Vai lá ter com a tua Kim, vai, vai.. - sorri cinicamente. - Não vou sair daqui sozinha? Quem te garante isso? Eu vou sair daqui, quando me apetecer! Quer o teu irmão me venha buscar, quer não..

- Quem diz? É sangue do meu sangue, afinal de contas - Com aquilo eu não estava a afirmar nada em concreto. A minha expressão esmoreceu e tornou-se fria coma sua referência a Kim - Adeus mesmo, não vale a pena insistir - Virei costas e comecei a caminhar.

- Nunca se sabe, podes até ter sido adotado, de tão retardado seres! - se ele me vinha com aquelas merdas de tio, ou algo do género, pois bem podia ir apanhar num sítio que eu cá sei. - Adeus, adeus.. - revirei os olhos.

Teimosa de um raio. Afastei-me apenas o suficiente para que ela não me visse. Sentei-me num tronco e fiquei alerta.

Sentei-me novamente no chão e comecei a olhar em redor. É, eventualmente eu ia ficar ali até o sol nascer e pelo que dava para ver, ia demorar muito! Tirei mais uma sandes do cesto e comecei a comer. Uma vez aborrecida, comecei a caminhar de um lado para o outro.

Não aguentaria muito tempo assim. Estava esgotado e não comia há dois dias. Pensei ser mais forte do que isto. Pelos vistos não era. Levantei-me e caminhei dalí para fora, lentamente.

Mais algum tempo passou e acabei por adormecer num lugar qualquer. Quando o sol apareceu, levantei-me completamente dorida e fui buscar o meu cesto. Depois, com alguma dificuldade, saí dali.

Transformei-me imediatamente. que bom era estar novamente soba minha forma animal. Dava-me algum alivio e normalidade. Era um conforto, acima de tudo. Um conforto para tudo o que acontecera e para o que poderia vir a caminho. A sensação de que coisas muito más poderiam vir a acontecer não me largavam e isso preocupavam-me. Limitei-me a correr e a vaguear como lobo para ver se isso passava.Mais tarde fui-me embora, já na forma humana.

Apressei-me a chegar à floresta. Quando me senti suficientemente cansada e completamente perdida, sentei-me num tronco de uma àrvore, que estava caído algures pelo chão e encostei-me a uma outra.

Drake era um estúpido.. um estúpido e um mentiroso! Como é que ele me podia ter escondido que era o pai da criança que eu carregava?! Eu tinha o direito de saber não?! Pois ele era um estúpido mesmo!

A loba seguira a rapariga, não pelo simples facto de ter sido uma ordem do seu alfa mas também porque queria ver como a loira estava, agora que sabia que Jackson não era o pai do seu filho, como Lissa lhe dissera em tempos.
- A floresta esconde sempre grandes perigos, miúda. Ainda não aprendeste isso?

Só mesmo eu, para ter um azar do caraças, pensei para comigo mesma e revirei os olhos. Não lhe respondi, ela que se fosse também lixar. - Vai-te embora. - disse com mau humor.

- Não me parece que vá assim embora tão cedo - Lissa riu-se, encostando-se a um tronco de árvore - Eu bem te disse na Filadélfia. O Jackson não era o pai do teu bebé. Como foste tão tola ao ponto de acreditares nisso?

Aquela miúda estava-me a irritar imenso. Senti um pequeno movimento na minha barriga e mirei-a. Encolhi os ombros. Procurei no bolso do meu vestido os fones e coloquei-os nos ouvidos, ligando o meu ipod, seguidamente..

Lissa riu-se. Tinha o seu ponto de vista provado e chegava-lhe, por agora.
Deu meia volta e saiu do campo de vista da loira.

Pois ela que não se ficasse a rir tão cedo. Eu ainda me ia vingar, ia mesmo. Nem que o fizesse depois da bebé nascer. Quando a perdi de vista, levantei-me e comecei a caminhar até sair da floresta.

Jackson fora esperto em não vir. Por isso ao todo éramos seis lobos disposto num semi-circulo. Os outros dois ainda estavam de vigia em Alina.
Era bom estar transformado novamente, pensei. Já precisava daquilo a alguns dias. Assim que dei aquele encontro como terminado, saí a correr pela floresta.

Transformei-me de imediato assim que entrei na floresta. Estava fora de mim, furioso e irracional. Entrei floresta a dentro, correndo e atacando tudo o que me aparecia à frente.

Só não esperava que fosse Kim quem me aparecesse à frente. Estava muito pálida e com os olhos chorosos. Não voltei à minha forma humana - Drake, eu sei que neste momento tens todos os motivos para me odiares mas por favor, não descontes no Jackson - resfoleguei com raiva - Ele vai confrontar-te. Quer ser o alfa. Não o consigo demover por isso só me resta pedir-te que não o mates. Por favor Drake, não o faças - implorou ela, já a chorar.

Já esperava que Jackson fosse fazer tal coisa. Só não encontrara fora boa altura para o fazer. Rosnei e saí de perto de Kim. Neste momento tudo o que eu mais queria era matá-lo.

Dera tantas voltas, depois de ter saído com Vane ao colo, que acabara por entrar na floresta. Sentei-me no chão, encostada a uma árvore e reconfortei o bebé nos meus braços. Ainda era tão estranho vê-lo ali.. mais estranho ainda, eu ser mãe. Nunca pensara em ter filhos, aliás, apesar de gostar de crianças, nunca quisera mesmo filhos. Aquilo era definitivamente, o meu último sonho.

Eu olhava fixamente para o bebé e matutava com os meus próprios botões. Ele tinha nascido antes do tempo, era um bebé frágil e pequeno.. tinha medo que toda aquela droga injectada no meu corpo o tivesse prejudicado de alguma maneira. Peguei no meu telemóvel e marquei o número do hospital, marcando uma consulta para breve.. não era por nada, mas não queria que Vane tivesse algo de mal.

Passei a floresta como sempre fazia quando queria ir para casa. Era um atalho muito mais rápido. Qual não é o meu espanto ao ver ali Alina, com o bebé? Mas ela estava louca? Aquele era, provavelmente, o sitio mais perigoso onde se estar.

Desliguei o telemóvel, minutos depois de ter a consulta marcada. Olhei para o bebé e para todo o seu ânimo que ele tinha em remexer em algumas tiras do meu cabelo. Com o meu indicador, coloquei-o na sua mão e vi-o fechá-la com alguma força. Acabei por me rir até sentir a presença de alguém.