Parque Infantil

-Já é tarde. - corrigi. O encontro tinha sido planeado para a noite, de que esperava ele? Levantei-me e estendi-lhe a mão - Anda lá, vá.

- Para onde queres ir? - Perguntei.

Era uma boa pergunta. Ele era muito querido e blábláblá, mas eu ainda não estava pronta para não preciso de dizer o quê. E também não estava pronta para o admitir - Não sei. - disse secamente - Onde queres ir tu?

- Há um baile que começa hoje em Strange... Podíamos ir se quisesses mas tens que te arranjar primeiro e eu também. E no final encontrava-mo-nos à entrada que achas? - Sorri-lhe.

Por dentro, senti um grande peso a cair-me das costas, e outro a entrar. Já não saía de casa no Natal há séculos, e acho que nunca tinha ido a um baile destes. Só tinha visto em novelas e coisas assim. Mas não podia ser assim tão díficil. - Claro. - aceitei e comecei a afastar-me dele, com pressa, antes que o shopping fecha-se - Então quando estiveres a chegar manda-me uma mensagem, e eu vou lá ter - foi a última coisa que lhe disse, antes de começar a correr em direcção ao centro comercial.

Em toda a viagem da minha casa até ao parque, fui sempre com a cabeça encostada à janela, visualizando tudo e todos os que se mantinham lá fora. Tentei decorar o caminhei e apreciar a vista, mas não sabia se dera realmente, resultado. Não me lembrava daquele parque, assim como tudo o resto..

Tirei o carrinho de Vane da mala do carro e coloquei o pequeno nele. Já o imaginava dali a uns meses a brincar por ali - Está tudo bem? - perguntei a Alina, vendo o seu ar distante.

Saí do carro e olhei em redor e seguidamente olhei para Drake. Abanei a cabeça. - Sim.. - caminhei até ao parque e olhei novamente em redor. Nenhuma recordação.. nenhuma..

Sem pensar muito nisso, segurei na sua mão - Não te preocupes, as tuas memórias vão voltar. Tenho a certeza - e eu até tinha receio de quando essa altura chegasse.

Apertei a sua mão e olhei-o. - Tá bem.. - larguei a sua mão e entrei no parque. Eu não tinha muitas dúvidas sobre aquilo, mas tinha a certeza absoluta, que ia demorar. Sentei-me num dos baloiços.

Acabei por tirar Vane do carro e pô-lo ao meu colo. Estava uma tarde quente e seca, por isso tirei-lhe o casaco. Depois ditei o parque. Tinha poucas crianças.

Eu começava a compreender, que gostava de lugares calmos. Não trouxera nenhum livro, visto que fora tudo muito depressa, pelo que optei por ficar naquele baloiço, um pouco mais de tempo. Foi só quando me cansei, que acabei por me ir sentar num banco.

Ao fim de algum tempo fui juntar-me a Alina no banco - Aborrecida? - Perguntei. Também eu estava aborrecido, a tranquilidade deixava-me assim.

- Não muito.. - respondi-lhe. E enquanto isso, inclinei-me o suficiente, para tocar no narizinho do pequenote. Ele acabou por soltar um guincho e remexer-se.

Sorri ao ver a expressão do pequeno. O sorriso dele era delicioso e agora sim, sabia que o que era ser um pai babado.

Depois de mais algum tempo a brincar com o pequeno, encostei a minha cabeça ao ombro de Drake e fiquei a olhar para o bebé. Este continuava divertido a remexer-se e a babar as suas próprias mãos.

- Em relação a ele não há muitas memórias que tenha perdido. O Vane ainda só tem uma semana de idade, ainda estás bastante apta para viveres toda a experiência. - disse.

- Ainda bem.. - Pelo menos isso, pensei comigo mesma. Mas tudo o que se centrava agora, era em mim e em mais ninguém. - Secalhar não te vou odiar como tu disseste..

Não estava à espera que ela referisse aquilo - Odiavas-me antes por aquilo que eu fiz, apesar de nunca entenderes bem as minas razões. Porque haverá de ser diferente quando voltares a ti mesma?

Encolhi os ombros. Eu não me lembrava do que ele me fizera, logo, achava que não o iria odiar. - Mesmo que tenhas feito uma coisa muito má.. hum.. tu não me pareces mau. - voltei a encostar a minha cabeça ao seu ombro. - Não sei..

Agora eu não parecia mau? - Não sou mau, quer dizer, pelo menos nunca te quis magoar de propósito. Mas cedo vais reaprender que esta cidade não é que parece, que ninguém é o que parece. Acho que tu nunca me percebeste realmente.

Estava a ficar cada vez mais baralhada com toda aquela conversa. - E porque dizes isso? - fiz um ar confuso. - Não sei.. eu neste momento não te conheço.. não sei nada sobre ti a não ser que me tiraste a virgindade, temos um filho e que estás a ser simpático comigo..

Realmente eu devia era estar calado. havia muita, muita coisa que ela não sabia - Não é por mal, mas a Alina sem amnésia não me achava simpático. Será que, quando as tuas memória voltarem, vais-te lembrar que na verdade até sou? - tinha um pressentimento que não.

Aquela era uma boa questão, que eu sinceramente, não sabia responder. Mas queria que sim, que continuasse a achar que ele era simpático. - Não sei. Temos que esperar para ver. - disse.

Seria esperar muito ou pouco? Tinha quase a certeza em como não faltaria muito.
- Pois, parece que sim... - de repente Vane começou a gesticular divertidamente.