Quarto dos Phillips

Suspirei de alivio assim que senti o seu coração bater novamente - pregaste-me um susto dos diabos - disse mais aliviado, apesar do seu estado não ser nada bom. Voltei a passar a toalha molhada pelo sue rosto.

Olhei para ele, mas nada disse. Limitei-me a desviar o meu olhar para o bebé. Era estranho, mas ao mesmo tempo, maravilhoso ter tido um filho.. Ainda meio que a queixar-me, sentei-me devagar na cama. - Dá-mo.. - pedi.

Retirei o escudo e segurei o pequena Vane nos braços, passando-o para ela com muito cuidado - Ele é lindo, meu deus - eu era pai. caramba eu era pai.

Tomei-o nos meus braços e mirei melhor aquele bebé que era meu filho. Engoli em seco. Ele parecia tão saudável, tão calmo e tão perfeito.. Não podia deixar de sentir um grande medo, pelo facto de lhe quererem fazer mal. - É.. - a minha voz vacilou por uns momentos. Toquei na sua mãozinha e acariciei-a.

Agora Vane estava com uma expressão serena, de olhos fechados. Fechei os olhos por fim e respirei fundo. Por agora, nem que fosse por um hora, estava tudo bem.

Encostei a minha cabeça à cama e suspirei. Não queria largar o bebé, por nada deste mundo, mas sentia-me cansada e precisava de dormir, nem que fosse só e só um bocadinho. - Hum.. Drake..

- Sim, Alina? - Perguntei, desviando o meu olhar ao encontro do seu por momentos. Ela agora estava pálida mas a sua temperatura diminuíra.

- Hum.. será que podias pegar nele? - fiz um ar pensativo. Poderia estar a abusar mas não aguentava mais estar naquela cama, com todas aquelas toalhas.. - E arrumar.. hum.. isto..

Recebi o pequeno Vane de volta nos meus braços e fitei-a tranquilamente - Não te preocupes com nada, eu trato de tudo.

Acenei com a cabeça e tentei ao menos sorrir. Então eu agora era mãe.. hum.. que sensação refrescante! Apesar de tudo, consegui rir-me com o meu pensamento. - Obrigado..

Afastei-me da cama com o pequeno nos braços - Queres que te traga alguma coisa? - perguntei.

- Não, nada obrigado. - abanei a cabeça e com os pés, desviei algumas toalhas que me incomodavam. Apesar de tudo, continuei com uma de baixo de mim. Deitei-me na cama e fechei os olhos.

Ia deixá-la a sós, a descansar. Entretanto tinha de me livrar dos corpos, da desarrumação e... bom, os meus pensamentos perderam-se assim que olhei para Vane sossegadinho nos meus braços. Já estava todo limpinho, ficava ainda mais bonito. Fechei a porta e saí do quarto.

Durante toda a gravidez nunca dormira totalmente bem, como eu gostaria ter dormido. E todos os stresses, sentimos de ódio, confusão na minha cabeça, pior me deixavam. Naquela noite nada disse acontecera. Dormira bem. Descansara como há muito não fazia. Sentia-me relaxada e verdadeiramente recarregada. Pelo menos, estava com melhor cara, acho.. Levantei-me com cuidado na cama e caminhei para fora daquele quarto.

Eu viera o caminho todo para casa, a resmungar comigo mesma. Drake não esperava pela demora! Subi até ao andar de cima e tranquei-me no quarto do meu tio. Seguidamente peguei no projecto do elixir de prata, que o meu tio estava a trabalhar e comecei a trabalhar nele. Ele que dissesse adeus à sua alcateiazinha de merda!

Assim que acabei de fazer o elixir, apressei-me a sair daquele quarto e peguei nas minhas velhas armas. Sim, fazia um tempão que eu não pegava nelas. Ainda antes de sair de casa, comi qualquer e bebi um copo de água. Depois fui-me embora.

As malas com tudo o que ia precisar, certamente, já estavam no quarto dos meus pais. Assim que acabei com os garrafões de gasolina, desci até lá abaixo e acendi um isqueiro. Corri rapidamente até ao quarto dos meus pais e fechei a porta do mesmo, deitando-me na cama, abraçada às duas malas de viagem. Fechei os olhos e meti-me de baixo dos lençóis.

Eu bem que ouvia as madeiras da casa a queimarem. As coisas a estalarem e tudo a partir. Senti o cheiro do fumo e tossi, quando o mesmo começo a sair de baixo da porta. Encolhi-me um pouco mais e fui rapidamente abrir a janela do quarto.

Remexi-me na cama e revirei os olhos. Mas será que ainda ia demorar, até aquela casa, pegar fogo por completo e começar a desmoronar?! Sim, parecia que sim. Saí da cama e aproximei-me da porta, mas mal o fiz, senti um enorme forno na fechadura que me levou a retirar a mão, muito rapidamente. Afastei-me quando a porta começou a ser consumida pelas chamas e voltei rapidamente para dentro da cama. Em breve aquela cama também estaria inundada com o fogo, mas era aquilo mesmo que eu queria.

Senti todos os lençóis pegarem fogo e com eles, a minha pele também. Tive que semi cerrar os olhos, fazer um esforço enorme para não começar a gritar. Ouvi as sirenas dos bombeiros a chegarem. Gritos de vizinhos e alaridos dos animais que permaneciam lá fora. Isso fez-me pensar no meu gato Steven e no seu paradeiro. Mas agora já não interessava.

Os bombeiros acabaram por arrombar retirar o pouco que ainda havia da porta e apagar o fogo. Infelizmente, ou felizmente, sei lá eu, depois de algumas horas, o fogo extinguiu-se. Foi levada dali para fora, sempre com as minhas malas agarradas ao corpo. Ficara queimada nas costas, mas nada que eu não aguentasse. Aquilo era o motivo suficiente para desaparecer de Strange por um bom tempo.