Cemitério

Parei no cemitério não sei porquê e daí ganhei coragem.
- Achas-me um monstro Jade? - Perguntei com receio da sua resposta.

Não consegui reagir quando Derek me levou para outro canto na floresta. Quando finalmente consegui falar, explodi em soluços, gaguejando - Estás parvo?! O que lhe fizeste? - dei-lhe um empurrão (sem resultado) e tentei correr em direcção ao sítio onde Drake tinha sido deitado, mas estava perdida. - Drake! - gritei ouvindo o meu eco imensas vezes juntando os passos de Derek atrás de mim. - És um monstro. - respondi-lhe baixinho sem me virar.

Não consegui reagir quando ouvi aquele '' tu és um monstro ''.
Deixei-a ir.

Vagueei pelas ruas até já ser de noite, quando dei por mim estava à entrada do cemitério. Entrei no mesmo e sentei-me no chão num sítio qualquer. Já se tinham passado três anos... três anos desde que perdera a minha irmã. Olhei para a campa mais próxima de mim e deixei escapar um longo suspiro, a minha irmã não estava neste cemitério... estava noutro numa outra cidade bem longe daqui onde eu jamais poderia voltar devido ao que me tornei...

Já se tinham passado dias, desde aquele dia em que Katie estive na minha casa. Entretanto fiz uma viagem à minha terra Natal. Assim que voltei a Strange, alimentei o meu jaguar e fui dar uma volta. Enquanto caminhava pela cidade, um cheiro já conhecido, despertou-me o interesse e entrei no cemitério. Toquei no ombro de Katie e desviei-me para o lado contrário. - Estás a pensar no mundo da lua?.

Levantei rapidamente o olhar quando senti tocarem-me no ombro, e suspirei quando vi que era Jake. - Estou... - disse num murmurei tentando que a minha voz não demonstrasse a fraqueza que por vezes se apoderava de mim.

Tive que olhar em redor para puder encolher os ombros. Era típico de um vampiro vaguear pelos cemitérios, mas não via Katie como esse tipo de vampiro. - Tens aqui algum familiar? - atrevi-me a perguntar.

- Não... - murmurei e ao mesmo tempo abanei a cabeça.- Tenho noutro cemitério, não sou de cá. - expliquei com um suspiro.

Não achava aquilo surpreendente. Já tinha conhecido tantos outros vampiros, que tinham famílias enterradas em cemitérios. - Não devias ficar presa ao passado. Seguir em frente. - toquei-lhe no ombro e apertei-o levemente.

Encolhi os ombros e elevei os joelhos de modo a poder pousar a cabeça sobre os mesmos. - É difícil... - murmurei, afinal ainda só se tinham passado três anos.

Sentei-me ao seu lado. Eu nunca tinha passado por uma experiência daquelas, e mesmo que tivesse passado, eu era um homem frio e esquecia-me facilmente do que não me interessava. - Acredita, mais cedo ou mais tarde só não passarão de recordações e nem sequer te vais lembrar ou se te lembrares, acho que não te vais importar. - eu realmente não sabia.

- Eu sei. - disse olhando de relance para ele. - Eu tento mas por vezes não consigo... e quando estou sozinha torna-se mais complicado. - retorqui. - Mas eu sei que um dia vai passar...

Estendi os braços para cima e espreguicei-me. Envolvi-a com eles e puxei-a para mim. Eu não sabia o que realmente estava a fazer, mas achava aquilo o mais correcto. - Tu é que sabes. - pisquei os olhos, repetidamente. - Eu cá acho que nunca passei por isso.

Fiz uma cara confusa quando ele me puxou para si e me envolveu com os seus braços, mas não sei porquê encostei-me a ele. - Ainda bem para ti... é horrível. - suspirei.

Fiz questão de fingir um suspiro. Já há muito que não o fazia. Eu realmente não sabia o que era aquilo que ela sentia, mas também não me importava muito. Nunca me interessei mesmo por sentir coisas reservadas a humanos ou a outros seres que não frios. - Deves ter razão. - uau, eu hoje estava mesmo um rapaz de poucas palavras.

- Sim. - encolhi os ombros e não consegui evitar um revirar de olhos. - Olha não precisas de estar aqui comigo por pena. Podes ir à tua vida. - disse afastando-me ligeiramente dele para o poder olhar melhor.

Acho que voltei a espreguiçar-me, pelo que notei que me reconfortei no chão e estiquei os braços. Olhei-a. - Bom, se vires bem, eu não sou um ser de ter pena. Acho que estou mais aqui por livre e espontânea vontade. Mas, se estás mal, muda-te.

Revirei os olhos, pois, ele nunca ia ter pena de ninguém.. nem sei porque me veio tal coisa à cabeça. - Está bem. - disse num tom talvez de resmungo.

Um sorriso de satisfação apareceu nos meus lábios. Tive todo o gosto de o acentuar. - Estou muito bem, estou. - gargalhei até não aguentar mais. - Vá anima-te miúda. Até parece que o mundo acaba agora. - podia ter suado meio insensivel, mas era verdade.

Olhei-o e fiz-lhe uma careta. - Espero que não vás começar a gozar comigo. - resmunguei devido ao que ele tinha dito. - Estou animada. - revirei os olhos.

Realmente tive vontade de lhe gozar, mas hoje ia sair da rotina. Já tinha vivido muito e acho que a vida me ensinara a não ser tão sério, mas também não ser assim tão gozão. Apenas sorri. - Que bom. Pois eu estou sempre animado. - sim, eu não tinha evitado, eu falar de mim.

- Por acaso... mas só mesmo por acaso já tinha reparado nisso. - disse e esbocei um pequeno sorriso cínico.

Desta vez, coloquei um sorriso amarelo nos lábios. - Só por acaso? Eu sei que sou um rapaz discreto.. - fiz noção de tossir de prepósito. - .. mas, well, deixa para lá mesmo.

- Hm hm. - revirei os olhos. A sério, não entendia porquê mas mesmo calado ele tinha o dom de me irritar.