Praia

Só me percebi que tinha sido violenta demais e saído totalmente de mim quando reparei que ele tinha uma lágrima no canto do olho e se virou começando a andar rapidamente na direcção contrária. Não resisti, correndo novamente para ele e aparecendo à frente dele do nada e limpando-lhe aquela suave lágrima. E agora? Era suposto fazer o quê? - Espera. - pedi fechando os olhos e tendo uma ideia - Vamos recomeçar tudo. Esta noite vai ter ao parque infantil, aos baloiços. Por favor. Como da última vez. Aparece. Imploro-te. - murmurei e olhei para ele dois segundos, dando-lhe um beijo no canto da boca, saindo a correr em direcção a minha casa.

Tinha ido para a praia e de caminho passei pelo bar e parecia famosa toda a gente me olhava de lado, estava assim tão mal?
Fui a um wc perto de uns arbustos e mirei-me ao espelho.
- Ok parece que fui atropelada por um bizonte - Disse para mim.

Depois daquele acontecimento eu tinha andado para um local qualquer, acabando mesmo por me embebedar e adormecer na praia. As imagens de Zoey e da noite anterior não me saiam da cabeça. Respirei fundo inumeras vezes e coloquei as mãos à frente dos olhos, tal era a dor de cabeça que tinha. Levantei-me da areia e caminhei por ali, até me dar de caras com aquela rapariga que tinha batido. Eu precisava de lhe pedir desculpas. Tinha feito merda e eu sabia-o. Aproximei-me dela e antes que ela pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, acabei por pronunciar: - Desculpa-me Zoey, desculpa-me.. - ajoalhei-me. - Por favor, perdoa-me!

Olhei para trás e era Spencer, não sabia o que fazer naquele momento.
- Não te assustes com a minha cara, mas porque vieste? vens me dar outro murro? - Perguntei com um pouco de medo.

Abanei a cabeça num claro não.
- Não, eu vim-te pedir perdão.. eu fui um estúpido ao tocar-te. Eu nunca devia ter-te trancado naquela casa de banho. Desculpa-me, desculpa-me.. eu juro que desapareço da tua vida!

- Não devias, então fixe, desaparece. - Disse simplesmente sem qualquer sentimento.

Baixei a cabeça e levantei-me. Eu ia desaparecer da sua vida, e ela queria isso e isso também era o melhor certo? Sim era. Suspirei e comecei a caminhar para fora dali, desaparencendo mesmom, minutos depois. Eu era um estúpido..

Tentei não lhe prestar atenção e vesti um fato de surf que cobria apenas as pernas. Como lobo nao tinha muito frio dentro de água. Comecei a aquecer.

Semicerrei os dentes e juntamente os punhos com força. Arrg.. ele estava a desprezar-me? A ignorar-me? Abanei a cabeça. Continuei a andar, sempre de mãos agarradas ao raio das calças e seguidamente coloquei-me à sua frente. - Não me ignores! - olhei-o. - Não sejas assim! - abanei as mãos. - Olha para mim!

Alina, Alina...sempre desesperada por alguns minutos de atenção. Não lhe liguei nenhuma e peguei na minha prancha, correndo até à agua.

Funguei e resmunguei qualquer coisa, que para ser sincera, nem eu mesma, tinha percebido. Sentei-me na areia e cruzei os braços ao peito. Pois eu não ia embora, eu ia chatia-lo e fazer com que ele falasse, nem que fosse um Ai..

Entrei dentro de água o mais animado quanto podia estar. Por alguns minutos ia poder estar sozinho, pôr a cabeça em ordem - e bem que precisava disso! Aproveitei algumas ondas boas e continuei dentro de água.

Enquanto ele andava lá na água, eu continuei sentada, naquela areia toda. Peguei num pedaço e comecei a fazer algumas construções, para passar o tempo.

Saí da água com um semi-sorriso nos lábios. Senti-me mais leve, mais descontraído... até voltar a ver Alina. Não me compreendia a mim próprio em relação a ela. Estava constantemente atraído àquela rapariga loira, por muito infantil e cabra que fosse.

Acabei por fazer um monte a que eu dava o nome de castelo. Se tivesse um balde, certamente que me iria divertir muito mais, mas.. estava orgulhosa do que tinha feito. Olhei para o mar e seguidamente olhei para Drake, que saia de lá. - Já vais falar comigo, ou vais continuar assim? - mostrei-lhe a língua.

- Depende. Ainda queres foder com o meu irmão e matar-te? - Perguntei, retribuindo o mesmo tom.

Revirei os olhos. Lá estava ele com aquela coisa do matar. Como se Jackson fosse mesmo capaz disso. Além do mais, eu era curiosa, que mal tinha? Se morresse, também não perdia nada. - Se eu disser que não, tu vais falar comigo? - trinquei a língua.

- Se disseres que não e estiveres a dizer verdade então talvez falarei contigo.
Respondi num tom torto.

Semicerrei os olhos. A bem e a mal, ele também não saberia se eu estava a dizer realmente a verdade ou não, o que de facto, já nem eu sabia. - Então.. hum.. não. - cruzei os braços ao peito.

- Não me parecei lá muito convincente.
Resmunguei, ainda sem a fitar.

Desviei a minha atenção de si e continuei a modelar uma forma estranha na areia. - Quero lá saber.. eu não tenho que ser convincente. Senão quiseres acreditar, problema teu.

- Problema teu, que queres que fale contigo.
Relembrei-a com um sorriso cínico na cara.

Coloquei um sorriso parecido com o seu. Que se lixasse.. - Secalhar já não quero mesmo que fales comigo. - peguei num bom pedaço de areia e espetei-lha em cima da cabeça. - Totó..

Revirei os olhos depois de ter sacudido a areia de cima de mim.
- Porquê que te comportas assim, como uma criancinha?

Aproximei-me dele e puxei-lhe as bochechas.
- Porque secalhar é porque eu sou isso.. uma criança..