Ruas da Cidade

Aquilo era boa pergunta, mas não me parecia que fosse no mau sentido. - Eu.. ham.. eu acho que não sei bem. - cocei o couro cabeludo. - Só me sinto esquisita. Acho que não estava a espera disto.

Suspirei e depois olhei em redor, para a rua, para as pessoas - Nenhum de nós estava à espera que isto acontecesse.

- Mas é diferente.. tu sabes quem és, não te esqueceste de nada, mesmo que tenhas memórias pouco lembradas.. - suspirei. - Sinto-me esquisita por não me lembrar dele e porque não é todos os dias que se sabe que se tem um filho..

- Eu sei disso... não faço a mínima ideia de como é receberes esta noticia assim, desta forma - suspirei e fitei-a - vais lembrar-te. Vais lembrar-te de tudo - e era essa parte que me assustava especialmente.

Eu não acreditava muito nas suas palavras. Continuava com a mesma ideia de não me vir a lembrar de nada. E isso, deixava-me completamente em baixo. - Está bem.. - olhei para o céu.

- Sempre podes falar com o médico. De certeza que há métodos de a tua memória vir mais depressa - Acabei por dizer, na tentativa de a tranquilizar.

Voltei a pousar o meu olhar em si. Ora aí estava uma coisa que eu podia muito bem precisar de não me esquecer. Perguntar ao médico.. certamente que ele me iria ajudar, não?! - Está bem..

Olhei para o telemóvel, para as hora. Felizmente não me sentira tentado transformar-me nas últimas noites - Bom, ligara para o médico. Quando quiseres ir, eu levo-te. Hás de ter o meu número no teu telemovel.

- Pode ser amanhã - ergui o sobrolho e procurei aquele objecto pelos bolsos do vestido. Olhei para ele e liguei-o. - Sim.. tenho.. - fiz um esforço para acertar no seu nome. Não que eu não soubesse, simplesmente não tinha bem a certeza.. - Drake..

- Claro, sim... - os meus dias, agora sem alcateia, resumiam-se a tomar conta do Vane, nada mais.

- Está bem.. - acenei com a minha cabeça e pus-me a balançar com os pés. Reparara em alguns olhares estranhos, que às vezes, algumas pessoas deitavam, mas não me importei. Um dia eu iria descobrir o verdadeiro porquê..

Entretanto Vane adormecera novamente. Tinha um ar tão angelical quando o fazia. Deitei-o no carrinho e tapei-o bem com a manta - Acho que é melhor ir andando.

Estava-me a tornar repetitiva e eu sabia isso, mas não tinha mais nada para responder, que não aquilo. - Está bem.. - disse enquanto olhava para o bebé. Ele era uma delicia.

Está bem. Está bem. Está bem. Nunca a vira tão apática e, de certa forma, fazia-me confusão -Então vamos - disse, encaminhando-me para o carro.

Ao principio não me apercebi lá muito do que ele falava, só então, depois de muito pensar, levantei-me do banco e segui atrás dele. - Está.. - torci o lábio.. Não ia voltar a repetir o ''está bem''..

Segui com o carrinho desta vez. Em poucos minutos chegámos ao carro e aí pûs Jay na cadeirinha.

Abri a porta do carro e sentei-me no banco. Como à pouco fizera, encostei a minha cabeça à porta do veículo e olhei lá para fora.

ahaahahahahahahah andas a trocar os bebés..

Minutos mais tarde estávamos todos prontos para sair. Segui até à sua casa e aí parei.

bahhh, o meu raciocínio está todo misturado

Depois de sair dali, fui em direção à saída oposta da outra. Eu precisava de me lembrar daquela cidade, pelo que devia fazê-lo sozinha. Já sabia o que Drake fizera e tudo mais, mas apesar de achar que isso era suficiente para ficar de um ódio de morte, eu ainda tinha curiosidade em lembrar-me daquele sítio. Acabei por entrar na primeira rua que encontrei.

Eu continuava a passear por aquelas ruas, sempre a tentar lembrar-me de cada uma. Aquilo estava-se a tornar totalmente um fail, visto que nada resultava. Suspirei e caminhei mais uma vez, até entrar num local público.

Caminhei pelas ruas todas da cidade, até finalmente encontrar um posto de gasolina. Comprei tudo o que precisava e depois chamei um táxi. Minutos depois, cheguei rapidamente a casa.

Faziam semanas, desde que acontecera aquilo com Jade. Nunca lhe respondi à sua mensagem, nem fazia questão em lhe responder. Mal saí do café, pus-me a caminhar pelas ruas da cidade. Ia tão distraído que acabei por embater num corpo qualquer.

Semanas sozinha, semanas abandonada. Sim, fixe, não as passara em casa, era uma evolução. Derek também me passava menos pela cabeça, mas a verdade é que passava. Ainda não acreditava que ele me tinha feito aquilo. Como? Como fora ele capaz? Talvez o meu psiquiatra tivesse razão. Talvez as pessoas fossem mesmo todas egoístas. Sim, até porque nem Drake fora capaz de falar comigo nas ultimas semanas. O mais provável era andar a fazer de cão para a loira psicopata da Alina, como de costume. Entre os meus pensamentos nem reparei que estava prestes a embater em alguém, e quando o fiz, foi tarde de mais. Levantei a minha cabeça e não consegui deixar de soltar um guincho - Derek! - gritei de espanto, e senti um arrepio a correr-me pela espinha. Em seguida, dei-lhe um estalo dos grandes.

Aquilo fora tudo tão de repente, que só me apercebi do seu estalo, quando me acalmei e me dei conta que era Jade que estava ali à frente. A minha face com certeza, que estava vermelha.. Toquei naquele sítio e fiz um ar queixoso.. - Podias ter sido menos violenta..

- Menos Violenta?! - repeti para ele, como se fosse um estúpido - Menos violenta?! - voltei a repetir, desta vez mais alto, e as pessoas começaram a olhar. Eu devia ser tudo mas violenta!