Filadélfia

Eu não fazia a menor ideia de onde é que Jackson e a alcanteia onde ele se mantinha se localizava. Não sabia mesmo nada, mas devido a algumas pesquisas que fizera, lá encontrara o tal lugar. Apesar de a barriga ter apenas umas meras semanas, incrívelmente pareciam três! Assim que me aproximei daquela enorme casa, mirei logo algumas pessoas que treinavam entre si. Respirei fundo. Era agora ou nunca.. Passei pelo jardim da casa e seguidamente aproximei-me de uma pequena fogueira, que devido a ser dia, estava apagada. Haviam inumeros olhares inquesitores e outros até frios. Especialmente a de uma rapariga.. não parecia gostar de mim. Pensei em voltar atrás, fugir dali e esquecer de tudo, mas Jackson viu-me e um grande sorriso apareceu nos seus lábios. Abraçou-me o corpo e puxou-me para ele. - Desculpa.. - murmurei e fitei o chão. Ele nada disse. Abanou a cabeça e voltou a abraçar-me.
- Não faz mal, ainda bem que vieste.. eu vou cuidar dele, não te preocupes. - suspirei. Eu não queria que ele fizesse aquilo por obrigação.
- Vais cuidar de um filho que não é teu? - olhei para aquela rapariga que há pouco me fitava. Ela era estúpida, ou quê?
- Cala-te Lissa! - encolhi-me. Senti novamente os braços de Jackson em meu redor. Ele baixou-se e tocou com as suas mãos na minha barriga. Foi então que senti uma dor enorme e Jackson tratou logo de se afastar.
- Até o miúdo não te reconhece como pai! - a outra gritou. Agarrei-me à minha barriga. Só tive tempo de me acalmar e olhar para aquela briga que começara.
(...)
Acho que se não fosse um senhor mais velho, que certamente se desencadearia uma guerra e tanto. Fui puxada por Jackson para dentro da casa. Segui-o até ao seu quarto e mirei-o a tirar uma pequena caixinha da sua cómoda. A seu pedido, sentei-me na sua cama e fiquei a olhá-lo ainda sem perceber nada.
- Não ligues ao que Lissa diz. Não suporta ninguém. - arregalei imenso os olhos mal vi o anel. Lindo.. - Este anel era da minha mãe.. bom, já que vamos ter um filho, acho que nos devíamos casar.
- Ham.. eu.. - Antes que pudesse falar mais alguma coisa, fui interrompida.
- Eu sei da tua família, mas estou disposto a correr esse risco.. Casa-te comigo Alina. Pode ser quando tu quiseres, mas por favor, casa-te! - o que eu havia de dizer? Não lhe podia dizer não. Acenei com a cabeça e estendi-lhe a minha mão. Em segundos, senti o anel deslizar pelo meu dedo. Ainda o fiquei a mirar durante um tempo. Era lindo, simples, mais lindo.. Sorri ligeiramente e abracei-me ao meu corpo.
- Obrigado por tudo isto.. - contive as lágrimas.
Acabara por passar aquela noite sentada na fogueira, juntamente com todos os lobos daquela alcateia. A única que não parecia mesmo não gostar daquilo, era a rapariga. Eu não sabia porquê e nem queria acreditar no que ela dizia.
(...)
Os dias passaram rápido, uma semana se fez, desde que ali chegara. Despedi-me das pessoas e segui com Jackson até ao aeroporto. Aí despedi-me dele. Brevemente, como ele prometera, viria ter comigo a Strange. Só não sabia quando. Assim que o meu voo foi anunciado, beijei os seus lábios e caminhei até à zona de embarque. Uma vez lá dentro, foi só esperar até finalmente partir.

Estivéramos cerca de três horas em viagem. Durante essas três horas não fizera nenhuma paragem e raramente falara. Tentei não demonstrar que estava cansado, esgotado e até agora Alina também não reparara.
Assim que chegámos à cidade conduzi até à clínica onde tinha ela tinha marcação. Não era uma clínica com muita reputação nem má de todo, ou seja, era indicada para o caso. Estacionei o carro e esperei que ela saísse até entrarmos.

Eu não podia acreditar no que estava a ver. Eu reconhecia aquele sítio,
ou pelo menos, em parte, reconhecia. Olhei em redor. Olhei para Drake,
irritada e quase que me pus a ter ataques de histerismo, se ele não
tivesse a conduzir. Cruzei os braços ao peito e encostei a minha cabeça
ao vidro. Aquele sítio, só me fazia lembrar de coisas do passado, que eu
sinceramente queria esquecer.
Assim que ele parou o carro, saí rapidamente para lá para fora. Eu queria imenso ir fazer xixi e o estúpido, não parara nem uma vez! - Rafeiro.. - murmurei mais para mim, do que para ele. E não estava nem aí, se ele ouvia isso com a sua audição de cão, nem se não. Virei costas e entrei na clínica.

Segui atrás dela, pouco importado. Fui até ao balcão e confirmei a presença de Alina. Não tivemos de esperar fomos logo encaminhados para o consultório. Aí sim, ficamos os dois sozinhos dentro do consultório de ginecologia. Era tão estranho estar ali.
- Dizemos apenas que estás de cinco meses, que é o que aparentas, para não levantar suspeitas, está bem?
Minuto depois o médico entrou.

Revirei os olhos. Eu não lhe ia dizer nada, mesmo nada de nada, daquilo que Drake estava para ali a falar. Fechei a porta, melhor, tranquei-a e empurrei o lobito. Depois sentei-me e olhei para o homem com cara de quem não quer nada. - Isto tudo começa, quando o filho da puta, do irmão deste daqui.. - apontei para Drake. - ... me engravida! E.. só para que conste, sabe o que esses dois bois são? Lobisomens! - peguei o homem pelo colarinho e puxei a sua cara até à sua mesa. - Pois faça-me o raio da ecografia, sei lá, cona da mãe.. eu quero-me é despachar ok?! - o homem acenou com a cabeça, muito rapidamente. - Ham.. e não diga a ninguém, porque eu deixei de matar gente há algum tempo. - depois olhei para Drake, com um enorme sorriso. Encaminhei-me até à maca, que o médico me indicou e deitei-me nela.

Olhei para ela bastante chateado e o estúpido do médico ainda ficara amedrontado. Raios. Vi o médico encaminhar-se para Alina e dar-lhe indicações para puxar a camisola para cima. Depois disso espalhou algum creme azul por cima da sua barriga redonda e pôs a sonda sobre ela, movimentando-a.
- O feto não apresenta deformidades, têm um batimento cardíaco forte...muito forte... e têm um aspecto perfeito de seis meses - disse, analisando o monitor.
Seis meses? Isso queria dizer que o bebé estava a desenvolver-se ainda mais depressa do que eu pensara. Sendo assim só nos deviam restar umas três/qautro semanas até ele nascer.

Não deixei de ficar arrepiada assim que senti aquele líquido estranho, na minha barriga. Fiz uma careta, ao ver a imagem do pequeno naquela coisa de nome estranho. E, apesar de tudo, não pude deixar de ficar deliciada com aquela imagem. Mordi o lábio com força, assim que uma certa pergunta me passou pela cabeça. Olhei para o médico. - Hum.. então, então.. isso quer dizer que já dá para saber o sexo dele? - perguntei ansiosa.

O médico esforçou-se mais a olhar para o ecrã, depois de ouvir a sua pergunta.
- Parece-me uma rapariga...hum, não um rapaz. Esperem é... - Esforço-se ainda mais e movimentou a sonda, tentando encontrar uma posição melhor.

Eu estava ansiosa de mais para aguentar aquela sua indecisão. Olhei também para o ecrã e mordi o lábio. - Então? - voltei a perguntar. Às tantas estava tão farta, que tirei-lhe a sonda das mãos e movimentei-a eu, pela minha barriga. Sim, aquilo era divertido. - Deixe-se de coisas, e diga logo! - resmunguei. - Então?

Abanei a cabeça com a atitude de Alina. A rapariga não sabia mesmo o significado de calma e boas maneiras.
O médico olhou nervoso para o ecrã - A posição do bebé não deixa ver é inconclusivo desculpa - Olhou para mim por momentos - Se quiser ver o sexo ainda hoje então aconselho que vá dar um passeio volte daqui a meia-hora. Pode ser que o bebé mude de posição entretanto.
Antes que Alina começasse a resmungar, aproximei-me - É o que vamos fazer doutor - Ele acenou aliviado e saiu do gabinete.

Olhei para o médico, chocada. Como não? Olhei para Drake e empurrei-o, dando-me espaço pousar os pés ali e sair daquela sala. - Mas que merda.. - resmunguei, enquanto saia daquela clínica. Saí porta fora e comecei a andar por aquelas ruas. - Pois agora, já não quero saber nada! - voltei a resmungar.

Era preciso paciência para a aturar. Paguei a consulta rapidamente e saí atrás dela - Espera aí - Alcancei-a - Acho que estamos ainda com menos tempo, isto é, acho que o bebé vai nascer antes daquilo que previra - Acabei por dizer.

Olhei para Drake e ergui o sobrolhos. Mas ele agora ficava atento a quanto tempo faltava para o bichano nascer? - Hai sim? Então porquê? - revirei os olhos. Acho que não queria mesmo saber. - Bah.. está bem, está..

- Porque a gestação de um bebé lobo é de dois meses e se estivesses de acordo então o bebé deveria aparentar uma aparência de 5 meses enquanto que o teu aparenta ter 6! - Resmunguei e acompanhei o seu passo - Só te estou a tentar manter informada. Há muitas coisas sobre os lobisomens de que não tens conhecimentos.

Olhei para a minha barriga e fiz uma cara de aterrorizada. - What the fuck? - abanei a cabeça e continuei a andar. Aquilo era normal certo? Quer dizer.. - Isto é normal? Não faz com que o meu bebé tenho algo de mal, pois não?

Olhei para ela. Eu não tinha bem a certeza mas tinha uma teoria - o desenvolvimento era mais rápido quando se tratava do filho de um alpha, o que eu era ainda, uma vez que não renunciara o lugar para Jackson.
- Acho que não faz mal, está descansada.

Suspirei descansada e olhei para a frente, deviando-me de algumas pessoas enquanto caminhava. - Oh, então quero lá saber.. - Olhei para a minha barriga e voltei a olhar para a frente. Eu tinha fome, por isso, dirigi-me para o primeiro café que me apareceu à frente. Foi então, que quando ia a entrar, embati contra um casal, muito animado. Arregalei imenso os olhos e dei uns passos para trás. - Jackson.. - engoli em seco.

drama.. drama.. ohohoho

Decidi naquele momento que não valia a pena tentar fazer Alina compreender tudo o que se passava. Olhei em frente assim que ela parou. Só vi Jackson. Não pude evitar fazer um sorriso cínico.

A rapariguinha, que eu tanto odiava, tinha-se ido meter dentro da casa de banho daquele café. Queria tanto ir lá e dar cabo dela! Minutos depois, olhei para o meu lado e vi Drake. Será que ele a tinha visto? Esperava que não. Apesar de tudo, não o queria ver de rastos.
- Err.. Alina. - coçou o couro cabeludo. Eu não lhe disse nada. Apenas lhe dei um pontapé naquele seu ponto fraco. Depois sim, gritei:
- Estúpido! - E se não estivesse inumeros olhares focados em mim, eu certamente que lhe tinha dado a valer. Palavra de honra, que tinha! Olhei para ele irritada. Tinha tantas perguntas para lhe fazer. Como por exemplo, o porquê de me ter deixado, logo agora e principalmente, porque me iludira tanto.. Não compreendia toda aquela sua farsa.

Não me fui meter entre eles os dois. Não tinha nada a haver com aquilo se bem que estava curioso com toda aquela mentira que Jackson criara "eu amo-a, eu quero ficar com ela, eu assumo o bebé". Idiota de um raio.

Abanei a cabeça. Quanto mais ele se aproximava e mais se tentava explicar, mais eu o queria afastado de mim. Cerrei os punhos com força.
- Vamos falar Alina.. eu tenho muitas coisas para te explicar.
- Hai sim? Como por exemplo o quê? - sorri cinicamente. Jackson olhou para Drake e depois para mim. O pouco ar de normal, que ele tinha, deixara de ter assim que mirou novamente Drake.
- Como por exemplo, quem é o pai do teu filho.. O verdadeiro, claro. - e aí a minha cabeça ficou confusa. Ham? Não tive tempo de perguntar mais nada, ele pegou-me no braço e tirou-nos rapidamente de dentro daquele café.

Antes que Jackson dissesse mais alguma coisa, fui contra ele e empurrei-o contra a parede - Está caladinho - Ameacei e soltei-o. Mentalmente disse-lhe "Sabes quem é o mais forte de nós os dois, limita-te a falar sobre ti".

''Tu podes ser mais forte, mas não és tu, nem ninguém que me ameaça e obrigatoriamente, eu faço..'' respondeu-lhe da mesma maneira.
Corri até ambos e meti-me entre os dois. Mas eles agora andavam aos amaços no meio da rua? Abanei a cabeça e olhei para Jackson. - Então? - ele olhou-me e voltou a pegar-me pelo braço. Continuámos a andar. Mas ele ia falar, certo?

" Ainda sou o teu alpha, lobito. Não tenho medo de ti mas tu devias ter de mim" Atirei num tom bastante frio e olhei-o do mesmo modo.