Rio

- Isso para mim traduz-se em medo - Murmurei divertido e acabei com a distância que havia entre nós. Apesar de a a´gua lhe ficar pelos ombros a mim ficava pelo peito - Não é a mesma coisa, quase?

- Pois, mas a tua tradução não é correcta. - coloquei-me de bicos de pés de forma a tentar ficar da sua altura, o que fora uma tentativa altamente falhada, dado que o meu joelho não ajudava. - Deve ser, não sei.

Abanei a cabeça - Se não tens medo, então não podes ter medo de arriscar. Logo és corajosa. Mas uma pessoa pode ser corajosa e ter medo - Tremi, ao pensar que aquelas palavras se adequavam a mim.

Cruzei os braços ao peito e pensei um pouco nas suas palavras. - Pois, eu não sei.. secalhar, talvez.. - cocei o couro cabeludo. - Na volta até tens razão.

- Claro que tenho razão. Os lobisomens nunca se enganam. - Senti-me de imediato idiota por ter trazido o assunto à baila. Odiava dizer aquilo a alto e bom som.

Gargalhei em bom e alto som. - Oh meu Deus, nunca imginei que fosses dizer isso, mas ok. - respirei fundo. - Mas, vocês não têm sempre, sempre razão.

- Pois, eu também não.
Revirei os olho e voltei a pôr a minha expressão sarcástica no rosto.
- Hum, quase sempre. Eu tenho sempre a razão - Respondi convencido.

Voltei a rir-me das suas palavras, não aguentando muito mais. - Hum.. não és nada convencido. - fiz uma careta. - Vá, nem sempre..

- Não se trata de ser convencido. Antes de bem... - Decidi calar-me antes que começasse a falar de coisas que não queria trazer à tona. Ao invés disso mandei um splash de água a Alina.

- Hey!! - resmunguei e de seguida empurrei-o. - Não voltes a fazer isso, senão eu juro que te afogo.

Ri-me e voltei a mandar-lhe com água, para a provocar.
- Tenta só. Há de ser divertido.

Cerrei os dentes e voltei a empurrá-lo. - Quero ver se vais voltar a dizer isso, quando eu te afogar! - ri-me maliciosamente e atirei-lhe água.

Fiz um semi-sorriso e atirei-lhe com mais água desta vez. Voltei a nadar para o meio do rio.
- Então vem. Afoga-me se tens coragem.

- Isso não vale. Eu não te posso afogar num local onde não me sinto segura.. Assim quem vai desta para melhor, sou eu e não tu. - suspirei e nadei até ele, segurando-me firmemente ao seu corpo. - Se eu te afogar, faço-te de boia.

Assim que ela, praticamente, se pendurou em cima de mim tive de fazer mais força para nos manter a ambos à tona da água - Fazes-me de bóia? Hum, és muito simpática, és...

- Por acaso até sou mesmo. - sorri abertamente. - Depois arrastava-te até a uma casa de taradas e desesperadas e elas tratavam de ti. Vá lá, tens que admitir, sem ironias, que eu até sou uma simpática.

- E quem te disse que eu queria ir para uma casa de taradas? Hum, para mim isso não é nada simpático - Ri-me e apoiei as minhas mãos na sua cintura - Tu estás muito agarradinha a mim.

- É, pois estou.. mas se tiveres problemas com isso eu largo-te. - e fi-lo, mas acabei por voltar a agarrá-lo dado que não tinha pé. - Ham.. mas talvez o faça, quando.. ham.. quando não correr certos riscos.

Ri-me - Parece que não te consegues conter em agarrar-me - Gozei e mergulhei ficando debaixo de água alguns minutos.

- É né. Parece que tens super cola a mais no corpo. - revirei os olhos. - E depois és quentinho, portanto..

- Não diria super cola mas não és a primeira que tens dificuldades em afastar-se de mim.
Disse assim que emergi.

- Não é não conseguir ficar afastado de ti. Até parece que és algum Deus para as gajas se colarem todas. - fiz uma careta. - Simplesmente és uma boa boia viva!

- Ai não? Hum, ficarias surpreendida. Mas enfim, não me quero estar aqui a gabar...
Larguei-a por alguns momentos - Não sou nenhuma boia viva.

- Lamento informar, mas tu não tens muito com que te gabar. - mostrei-lhe a língua e afastei-me o possível até ter pé. - És sim! És a minha boia viva!

- Ah, mas onde tu tens as mãos, nestes meus abdominaiszinhos ... Acho que tens é medo de dizer que eu sou todo bom - Respondi, totalmente convicto. - Então já fugiste?