Ruas da Cidade

Olhei-o e fiz cara de má. - Já sei disso, não precisas de estar sempre a dizer. - resmunguei.

Aproximei-me dela com um ar traquina e envolvi os meus braços ao seu corpo, puxando-a contra mim. - Mas eu adoro dizer-te isso. Gosto que saibas que não és mais do que uma novata.

Revirei os olhos quando me envolveu com o seus braços. - Eu sei, e sei que adoravas que eu fique irritada...

Puxei-a mais para mim e beijei a sua testa. Coloquei um sorriso malicioso na cara. - Ora aí está, eu adoro ver-te irritada.

Afastei a cara quando ele me deu um beijo na testa e fiz-lhe uma careta. - Vês? Até já sei muitas coisas.

Gargalhei tão alto que tomei a atenção de algumas pessoas que ali passavam. - Já devias saber também que essas tuas caretas fazem-te horrível.

- Ai não fazem não. - esbocei um sorriso cinico. - Sou bonita de qualquer maneira.

Além de feia, és uma convencida de primeira. - sorri de satisfação e tirei uma pastilha do bolso. - Ego e auto-estima é o que não te falta!

- Não sou convencida, sou realista que é diferente. - retorqui. - Era um milagre se tu dissesses que sou bonita, mas não precisas de dizer, porque eu sei que é o que pensas. - sorri.

Afastei-me logo dela e fiz um balão enorme com a minha pastilha. - Era um milagre que eu dissesse que eras bonita ou era milagre se eu mentisse e dissesse que eras bonita? - aí coloquei o meu melhor sorriso. - Realista sem noção..

- Deixa de ser estúpido. - resmunguei amuada e revirei os olhos. - Hm hm deixa lá. Não me interessa o que achas. - encolhi os ombros.

Voltei a fazer um balão, desta vez ainda maior. Eu sabia que ela não era feia, não de todo. Não era a rapariga mais linda com quem eu alguma vez tinha comunicado, mas Katie tinha a sua beleza e surpreendentemente, eu gostava. - Eu não sou estúpido, já agora, também não me interessa o que tu achas. És feia.

- Ainda bem que não te interessa. - olhei para ele encolhendo os ombros. - Porque és terrivelmente feioso.

Cuspi a pastilha para o chão e mordi o lábio. Coloquei as mãos nos bolsos. - Não vás por aí, porque se formos ver, tu ganhas-me dez a zero, de tão feia seres!

- Se fosse a ti não dizia isso com tanta certeza. - dei-lhe um pequeno empurrão.

- Ó digo pois! Queres apostar como sou irresistivel? - peguei nela pelo braço e fi-la embater contra o meu corpo. Rossei os meus lábios aos seus. - Eu posso ser muito convincente.

- Não. - mordi-lhe o lábio e virei a cara. - Tens a certeza que queres beijar uma pessoa feia? - provoquei.

Larguei-a, fazendo com que caísse no chão. Continuei a andar normalmente e coloquei as mãos atrás da cabeça. - Eu nunca falei em beijos.

Levantei-me quando ele fez co que caisse no chão e rosnei-lhe irritda. - Mas querias. - resmuguei.

Abri imenso os olhos e cuspi-lhe as mais simples palavras. - Eu apenas rocei os meus lábios nos teus, coisa normal. Mas nunca te disse que queria. - virei-me para ela. - Secalhar eras tu que querias.

- Não, não queria nem quero. - resmunguei olhando-o. - Não quero nada que tenha a ver contigo idiota.

Continuei a andar e quanto mais caminhava, mais me dava conta que era irresistivel. - Vê se te controlas, porque qualquer dia não há ninguém que aguente com esse amor todo que tens por mim. - mirei-a divertido.

Continuei a andar sempre ligeiramente atrás dele enquanto ia esboçando sorrisos cinicos. - Ui sim, é tanto e tanto amor que só me apetece saltar-te para cima. - ironizei.

Pus de parte o seu tom de ironia e voltei a virar-me para ela. - Vês, vês. Amas-me tanto que foste incapaz de me deixar ir para casa sozinho.

- Podias ter medo de ir sozinho. - revirei os olhos. - Mas não te preocupes que vou-me já embora. - resmunguei virando-lhe costas.