Ruas da Cidade

- Por favor, medo? Eu? - abri o grande portão que dava acesso ao jardim da frente da casa e puxei-lhe o braço. Fiquei ali parado à espera que ela me olhasse. - Então? Parece que afinal, é a menina que tem medo.

- Medo do quê? - bufei ao ele me puxar pelo braço. - Pensei que querias que me fosse embora. - retorqui.

- És novata além do mais és uma medricas. - provoquei. - Lá estás tu a dizer coisas que eu nunca disse, ou mencionei. Tu pensas? Tens a certeza?

- Pára de me chamar essas coisas. - empurrei-o afastando-o mais de mim. - Não disseste mas deste a entender. - resmunguei.

- Tola. - Ela que fizesse como quisesse. Afastei-me ainda mais de si e entrei em casa, acariciando como sempre, o pelo curto do meu jaguar. Fui até ao frigorifico tirar de lá um bife enorme de carne e atirei-o para cima do prato do animal. Lavei as mãos e fui-me sentar num sofá.

- Estúpido. - resmunguei e cruzei os braços completamente irritada. Encostei-me ao muro da casa e fiquei ali.

tenho de ir embora, devo voltar à noite

Pois aquilo não ia ficar assim. Se ela ia jantar mesmo com esse tal de Adam, então eu iria segui-la e controlar os seus passos. Se tudo o que se passava na minha cabeça era realmente verdade, então eu secalhar até nutria um sentimento estranho por Zoey.

Sentei-me no banco de uma das ruas onde voltei a pensar sobre Spencer. Porque raio eu vim para aqui?
Tirei o telemóvel do bolso e verifiquei que horas eram, então como já estava tarde fui até ao motel mudar de roupa para ir ter com o Adam.

Tanto andei que fui para às ruas da cidade de Strange. Secalhar tinha feito o correto em afastar-me de Zoey e desaparecer da sua vida. Mas porque é que o meu coração não dizia o mesmo? Sentia-me tão amargurado que até doia. Eu massacrava-me todos os minutos por lhe ter tocado. Se ao menos eu pudesse voltar atrás no tempo e fazer tudo como deve de ser.. Puder dizer o quanto a amava e deixar de ser um estúpido e um completo otário.
Naquele momento só dejesava que aquilo fosse tudo um sonho e que nada do que passara era realidade. Suspirei uma vez mais e acendi um charro.

Suspirei aborrecida. Mas afinal para onde é que ele estava ir? Estavamos há alguns minutos a andar e ainda não tínhamos parado em sítio nenhum.
Acabei por parar numa rua e fi-lo olhar-me nos olhos. - Para onde é que me estás a levar?

Para onde é que eu nos estava a levar? Não sabia. Simplesmente pusera-me a andar para longe do café, garantindo que o tio dela não nos estava a seguir.
- Para longe, creio eu. Tens alguma conta reserva?

Arregalei imenso os olhos, assim que ouvi a sua pergunta. Ter até tinha. Todo o dinheiro dos meus pais estava trancado numa conta qualquer, mas não lhe poderia tocar tão cedo. Só me restava o meu cartão de crédito. - Yeah, pode-se dizer que sim.. mas só a posso usar para emergências. - fiz um ar confuso. - Porquê?

- Então deverias usá-lo nos próximos tempos. Isto é, deduzindo que não vais voltar para casa.
Tirei a chave de casa do bolso - podes ficar em minha casa, se quiseres.

Comecei a gargalhar perdidamente. Ele estava a gozar certo? - Não me gozes ok? - não ia aceitar nada do que viesse dele. Aliás, eu nem sequer sabia o que estava ali a fazer. - Dizes bem, se quiser. E eu não quero, muito obrigado. - sorri cinicamente. - Agora senão te importas tenho que voltar a casa, porque não sei por alma de quem, estou aqui.

Voltei a guardas as chaves. Ela é que sabia. Olhei-a estupefacto.
- Vais voltar para casa, é assim? Vais apenas voltar para o controlo do teu tio e levares porrada sempre que ele quer que faças alguma coisa? - atirei, num tom já alto.

- É, é assim! - Cruzei os braços ao peito e preparei-me para lhe responder no mesmo tom que o dele. - E que me lembre, a culpa de eu ter apanhado porrada, foi tua e da tua mania estúpida de quereres ler o que não era teu! Se não tivesses sido tu, ele não me fazia nada!

- Não atires as culpas para cima de mim agora. O que aconteceu à pouco não teve nada a haver comigo e mesmo assim ele forçou-te na mesma - Ela era inacreditável. Simplesmente inacreditável - Mas tu é que sabes. Fica na tua, eu quero lá saber.

Abanei a cabeça, não concordando nada com aquilo. O meu tio tocava-me desde aquele dia, logo a culpa era sua, sim!
- Pois eu também não quero saber.. vai-te lá embora e deixa-me em paz!

- Que se lixe. Não vou desperdiçar nem mais um minuto contigo. Já percebi que não vale a pena. Se soubesse que ia ser assim teria desistido desde o inicio - Virei costas e comecei a andar para fora dali.

Ele ia-se embora, por isso não tinha direito nenhum, de dizer o que quer que fosse. Que desaparecesse, queria lá saber. Olhei-o irritada e ainda tive tempo de lhe gritar. - Eu não te pedi nada, não passas de um estúpido! - dei meia volta e fui para casa. Tinha que estar preparada para o pior.

Acabara de chegar à cidade. Dei algumas voltas, sentindo vários olhares pousados em mim.
Suspirei e sentei-me num dos bancos que ali haviam.

Estava a passar pelas ruas da cidade de Strange, quando vi Drake, todo sentadinho. Cerrei os punhos. Aquilo era tudo culpa dele. Dele e só dele. Caminhei até ele e olhei-o, furiosa. - És um estúpido! - ele lixara a minha relação com Jackson, logo, eu iria dar-lhe a moeda de troca. Saí dali murmurando palavras de desprezo.

Ela agora já me seguia? Não pude evitar e sorrir face à sua muito notável irritação.
- Já me disseste isso hoje, andas a tornar-te repetitiva.

Assim que recebi a resposta de Drake acabei de me vestir e fui ter com ele à cidade, como combinado. Quando cheguei, ainda consegui ver Alina a afastar-se ao longe. Pensei em perguntar-lhe o que se passava, mas havia assuntos mais importantes - Hey.. - cumprimentei-o, ainda de longe.

Esbocei um semi-sorriso assim que vi Jade. Levantei-me e cumprimentei-a com um beijo na cara.
- Hey... como estás? - Perguntei. Já fazia imenso tempo desde a última vez que estivéramos juntos.